Prólogo

171 13 6
                                    

A intenção não era um confronto a espada, quando chegamos ao vilarejo.

Meu rosto era uma mistura de sangue com suor, caindo em minha boca. O gosto salgado e de ferro ao mesmo tempo, embrulhava meu estômago. Depois de tantas batalhas, ainda não havia me acostumado com a parte suja, diferente da minha sede em eliminar rebeldes e pagãos.

O chefe daquele povo não estava ali, mas o irmão, um homem grande e forte lutava bravamente comigo. Apesar de ele ter o dobro da minha idade, esbanjava energia e coragem.

Por um breve momento observei a minha volta e sorri sabendo que aquilo ia acabar logo. Muitos corpos jaziam no chão, esguichando sangue, clamando pela morte rápida.

Mas aquele guerreiro que lutava comigo, era muito forte e mesmo sabendo do seu destino, continuava firme.

Voltei toda a minha atenção para aquele ruivo de barba longa. Sorri ironicamente.

− Desista pagão! Reconheça sua derrota! – gritei.

Ele também sorriu de volta e cuspiu a minha frente.

− Que os deuses te amaldiçoem e você pereça no inferno!

Dito isso avançou em minha direção acertando meu rosto com a ponta da sua espada.

Meu próprio sangue se misturando ao dos rebeldes, me enfureceu.

Enterrei minha espada em sua barriga. O grandalhão caiu ajoelhado a minha frente, segurando a lâmina com suas mãos, engasgando com o sangue que saia de sua garganta.

Segui seu olhar perdido. Lá estavam três crianças e uma delas uma menininha ruiva, com olhos arregalados. Um menino a puxou e saíram correndo. Não os segui e não permiti que ninguém os seguisse. Eram apenas crianças e logo morreriam de fome ou seriam presas fáceis para os animais selvagens.

Autorizei que os soldados pegassem despojos, pois lutaram com bravura.

Lavei meu rosto em uma tina, encontrada dentro de uma das cabanas, antes de atearmos fogo em tudo.

Enviei um mensageiro relatando nossa vitória ao Imperador. Não era à toa que eu era o braço direito e o melhor soldado que o Imperador e o Papa dispunham.

  Todo o dia me alimentava com a raiva que crescia dentro de mim.  

   Homens, mulheres e crianças temiam o "Guerreiro do Papa" - como eu era chamado.    

 

A Luz e o Herdeiro (Completa)Where stories live. Discover now