Capítulo 21 - Armadilhas

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Deixar Ailyn com uma de minhas espadas­ não foi uma decisão fácil, mas confiava nela e essa era a única opção.

Precisava de todos os homens comigo e sabia que o Cardeal não manejava a espada, o máximo que ele poderia fazer era ajoelhar e orar.

Onde estaria Drusus? Aquele soldado nunca me inspirou confiança. Esse era um assunto que resolveria, mais tarde. Precisávamos encontrar Lear e o corpo de Chad.

Reagan ainda estava hostil e resistia em obedecer aos meus comandos, deixando Meilyr impaciente.

− Filho, agora não é hora para isso. Seu primo está em perigo: ou você obedece ao Capitão, ou volta para o vilarejo.

− Sim, senhor. – concordou com olhar desafiador em minha direção.

Já tive soldados rebeldes aos longos dos anos, mas Reagan além de ser teimoso era irmão de Ailyn.

Seguimos mata adentro: alguns a cavalo, outros a pé. Todos munidos de espadas, lanças, arco e flecha. Havia ali jovens que nunca estiveram frente a frente com um inimigo, devido aos olhares de medo.

Aproximei-me de Meilyr e ele lançou-me um olhar complacente.

− A única batalha que presenciaram foi aquela em que você estava no comando, Capitão, enquanto eram apenas crianças.

A maioria ali, não passava dos seus vinte e poucos anos. Não ousei dizer uma palavra.

Não sabia o que nos esperava. Desta vez, os inimigos eram desconhecidos e poderíamos ser surpreendidos. Aqueles homens se infiltraram no vilarejo - através da passagem - que apenas Chad, Ailyn, Lesly e eu conhecíamos. Morgana também, que nos flagrou entrando por ela, mas agora ela estava morta.

Algo estava errado. Os inimigos estavam mais próximos do que imaginávamos. Os soldados e eu estávamos atentos a qualquer movimento, enquanto os homens de Meilyr - se distraíam analisando o tamanho de suas lanças entre eles. Verdadeiras crianças. Comecei a me arrepender de tê-los trazido.

Deixamos o vilarejo sob os cuidados de Ailyn e as mulheres. O Cardeal não poderia ajudá-las, se precisassem lutar. "Deus, proteja Ailyn, por favor". Fiz uma pequena prece.

Havia um longo tempo que não falava com o Criador. Apesar de professar minha devoção à Igreja Católica Romana, estava longe de ser um verdadeiro cristão. Culpava a Deus por permitir que minha mãe sofresse nas mãos de papai.

Mas naquela situação, com Ailyn em perigo, me vi clamando a Deus que a protegesse.

Nenhuma mulher, até agora, tinha bagunçado tanto minha vida como Ailyn. Se algo de ruim acontecer a ela, não me perdoaria.

Meilyr cavalgava ao meu lado, determinado. Ailyn se parecia muito com ele, no temperamento forte e na teimosia. Mas uma coisa admirava nos dois: a franqueza.

Cavalgávamos por um longo tempo já e nenhum sinal de Lear, ou dos inimigos.

− Conheço bem estas matas, cada canto... eles não poderiam ir tão longe... – Meilyr estava confuso.

Olhei para o céu iluminado pelas estrelas e a lua era cheia. Os homens a pé carregavam tochas acesas pelo fogo. Tudo estava quieto demais. Artorius me olhou, torcendo o canto de sua boca, adivinhando meus pensamentos.

Desembainhei minha espada, Artorius e os soldados fizeram o mesmo.

− O que foi, Capitão? – indagou Meilyr.

A Luz e o Herdeiro (Completa)Where stories live. Discover now