Capítulo 3 - Por Roma

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Fui nomeado Capitão da Guarda Romana pelo Imperador, para liderar uma tropa de 300 soldados espalhados ao norte da Itália, a fim de civilizar as tribos selvagens.

Alguns meses atrás chegou até a mim uma mensagem do acampamento que abrigava apenas vinte soldados. Esses estavam rebeldes, desanimados e solicitavam a minha presença, pois ao tentar contato com o chefe daquela tribo, ficavam em desvantagem, sendo motivo de chacota nas mãos daqueles brutos.

Por isso estou aqui. Não conhecia esta região ainda e queria ver pessoalmente o motivo de tanto alvoroço e a dificuldade em acatar as minhas ordens.

Após alguns dias de viagem, acompanhado do mensageiro que me guiou até ali, cheguei ao acampamento e fui recepcionado por homens desmotivados.

− Capitão Kizar, neste acampamento somos apenas vinte homens, não estamos dando conta da tribo destes gauleses horríveis. Faz-nos vestir aquelas roupas de mulher e nos obrigam a dançar diante de todos. Eles são fortes, muito bem armados e não pensam duas vezes em cortar nossas cabeças.

O soldado que narrava toda a desgraça, não era muito alto: possuía uma estatura mediana, forte, pele morena e olhos escuros. Era um dos melhores soldados, designado a comandar aquela pequena tropa.

− Calma, soldado Artorius. – não contive o riso, imaginando-os naquela situação. − Não deve ser tão difícil assim dominar aqueles selvagens. Vamos rever toda a tática de persuasão.

Os dias na guerra me ensinaram a usar a inteligência para vencer uma batalha.

− Está certo, Capitão. Às suas ordens.

Reunindo-os ao meu redor, saudei-os e disse:

− Muito bem, soldados, ouçam-me. O Imperador e o Papa desejam que este povo seja civilizado e catequizado, por bem ou por mal. Estamos autorizados a eliminar qualquer um que se oponha à Igreja. Vocês são alguns dos meus soldados mais valiosos, temíveis e valentes. Podemos não ser tão altos e fortes como eles, mas somos mais inteligentes e audaciosos!

Enquanto falava, observava cada rosto em minha direção, atentos às minhas palavras. Continuei.

− Temos também outro problema, além dos gauleses. Saxões têm nos afrontado e eles precisam se render a Roma ou morrer! Não daremos outra opção! Quero todos vocês comigo! Cada um será recompensado com terras que o próprio Imperador concederá. – Com esta motivação, olhos brilharam, e então bradei...

− Por Roma!

− Por Roma! Gritaram todos, erguendo suas espadas.

Desde pequeno fui criado num sistema religioso rigoroso, crendo em Deus, no Papa e nos Santos da Igreja Católica Romana. Ingressei na Guarda Romana e jurei lutar por Roma até o fim. Participei de muitos confrontos, e hoje carrego em meu rosto uma cicatriz do lado direito, feito pela espada de um Gaulês.

Há muitos anos, os gauleses são nosso alvo. Povo pagão! Druidas, que a meu ver, tinham de ser eliminados. Mas - como cumpro ordens - não realizarei meu desejo, por hora, a não ser que as circunstâncias sejam diferentes. Todos que são contra Deus e ao Papa devem morrer!

Este era meu pensamento até meus olhos presenciarem aquela beleza de criatura no alto do monte. Pensar nela fez meu corpo vibrar e estremecer. Como ela pôde fazer isso comigo? Por certo, foi um feitiço! Ela é uma bruxa e seu destino é a fogueira! A imagem dela, queimando em minha mente, não me agradou.

A Luz e o Herdeiro (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora