Capítulo 15 - Confissões

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Todos estavam embriagados e ocupados com a morte de Morgana, em seu próprio veneno. Arto encarregou-se de sepultá-la, longe dali, papai apenas lhe cedeu cavalo e alguns homens para ajudá-lo.

Ninguém nos viu ou nos seguiu. Apenas Artorius, que preparou o cavalo para nós a pedido de Kizar.

− Você tem sido meu amigo, Artorius, obrigado pela ajuda. – declarou pousando sua mão no ombro do soldado.

− É uma honra, senhor... agora vão, antes que sintam a falta de vocês.

Sorri para Artorius ao passar por ele, e num sussurro disse: obrigada! Ele sorriu em troca.

Queria esquecer aquela noite, em que quase fui morta. Montei logo atrás de Kizar em seu cavalo, abraçando-o sua cintura e partimos.

A noite estava mais fria, ao respirarmos saía fumaça de nossas bocas. Segurei-me nele com toda força, pois Kizar guiava seu cavalo a galopes, como se fugíssemos de inimigos. O que era uma verdade.

Chegamos à cabana em pouco tempo e Kizar não perdendo tempo, acendeu a lareira fazendo com que o ambiente ficasse aquecido. Joguei-me sob o tapete fixando meus olhos no fogo queimando a madeira.

Minha vida estava um caos e me sentia perdida. Kizar sentou-se ao meu lado, com seu dedo indicador tirou alguns fios de cabelo em meu rosto. O encarei e com a outra mão ele segurou meu rosto.

− Venha cá, está tremendo!

Sem resistir repousei minha cabeça em seu peito e ele me abraçou. Estar ali com ele me trazia paz, uma paz que não consegui sentir nos últimos dias.

− Obrigada Kizar! Mais uma vez você salvou minha vida! – minha voz quase não saiu, pois vinha controlando o choro há muito tempo.

Ele ergueu minha cabeça para olhá-lo.

− Eu entendo, porque salvo sua vida... – olhei para ele sem entender. Percebendo isso ele sorri e explica. – Porque, você me salva também, de mim mesmo.

Soltou-me e segurando minhas mãos continuou:

− Nunca me permiti amar a ninguém. Tive sim, várias mulheres em minha vida. - confessou e eu baixei os olhos, sentindo ciúmes. Novamente ele ergue minha cabeça para olhá-lo. − Ailyn, tenho muitos anos a mais que você - vi e vivi muita coisa. Fui treinado da forma mais dura que possa imaginar - tanto pelo meu pai - quanto pelo exército romano.

Eu ouvia tudo com muita atenção, e percebi uma tristeza em seus olhos. Quis dizer algo, mas ele não deixou.

− Apenas ouça-me. – tocou meus lábios com seu dedo. – Estou cansado de traições, conspirações e guerras. Assim como seu pai, eu também almejo a paz, mas não sou ingênuo, Ailyn. A guerra sempre vai existir. Sempre vai ter alguém querendo acabar com tudo. Se Arto não tivesse tido a coragem de nos contar o plano de Morgana, você agora estaria morta e eu a perderia para sempre.

Pisquei várias vezes, assimilando tudo o que ele me dizia, meu coração batia forte.

− Eu não sei explicar, Ailyn... mas você me faz querer viver. Você está despertando algo em mim, que não existia. Eu confesso... pela primeira vez nesta minha vida de batalhas e morte, em nome de Roma, que eu tenho medo. Pela primeira vez, eu me sinto encurralado e não estou conseguindo lidar com isso.

Aquela confissão me deixou extremamente feliz. Ele me amava, só não sabia disso ainda. Passei minhas mãos pelos seus cabelos negros e encaracolados.

A Luz e o Herdeiro (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora