Capítulo XV - Elara (a verdadeira)

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Controlando as minhas duas irmãs ao mesmo tempo, me faz lembrar de nossas brigas de crianças bobas. Fui a última a nascer, mas sou a mais poderosa, modéstia parte. Talvez, parte de meu poder seja a inteligência. Eliea e Mackenzie nunca foram tão boas com palavras. São boas em agir, prontas para o ataque. Não se preocupavam em planejar. Queriam ver sangue. Sangue. Sangue. Sangue. Vermelho e prateado.

Lembro-me do dia de minha morte fajuta. A verdade foi que Eliea não me matou, ela não quis me matar. Sempre foi Mackenzie. Ela obrigou Eliea a me assassinar. Por ciúmes. Sabia que seria eu a escolhida para assumir os bens Merandus. Eliea e eu éramos próximas, inseparáveis. Estávamos na grande casa, jogando xadrez. Eliea tremia. E eu, desconfiava. Antes de Mackenzie adentrar na sala, Eliea me deu uma almofada para pôr no centro do peito. Na frente do coração. Não compreendi no momento, mas foi só Mackenzie chegar, e recebi uma lâmina afiada na almofada, de Eliea. Sem entender, encenei uma morte. A almofada jorrava sangue. E segurei ao máximo minha respiração.

- Muito bem, Eliea. - Lembro-me de Mackenzie sussurrando. - Fez o correto.

- Fiz o que você queria. Agora, não pode contar ao papai. Isso significaria minha morte.

- Eu sei. E por isso, você não deve contar o que eu aprontei também. - Mackenzie sussurrava. - Ambas morreriam.

Mackenzie logo saiu. E Eliea foi obrigada a segui-la, mas não sem antes me lançar um olhar alerta. Um aviso. Os sentinelas de Mackenzie logo retiraram meu suposto cadáver. Artes cênicas foi uma habilidade de necessário aperfeiçoamento. Seja lá o que Eliea havia aprontado, resultaria em seu óbito. Mas Mackenzie também aprontou, e se aproveitou disso para chantagear Eliea. Nunca realmente amada.

*****

Suas mentes são como picos de cordilheiras. Umas pensam mais longe que as outras, por isso, maior altitude. E outras chamam mais atenção, principalmente a de Maven. Reviro os pensamentos de meu sobrinho. Só encontro Mareena aqui, Mareena acolá. Mareena. Mareena. Mareena. Mas o menino pensa longe. Agora rei, não por muito tempo. Sei que seu irmão ainda respira. E seu pai também. Vasculho seus pensamentos, novamente. Mas não consigo adentrar fundo. Não consigo chegar até às informações que quero, que preciso. Obra de Eliea, para protegê-lo das garras de Mackenzie. Ninguém sabia que meu coração ainda pulsava. Ninguém esperava. Mas preciso acabar com isso. Espero que Eliea me perdoe mais tarde.

- Elara! Você... - Eliea sussurra, só para mim ouvir. Controlo todos, mas permito que vejam o que acontece, e também se se interem entre si.

- Me perdoe, mas tem de ser feito. Era meu reino, meu marido. - Elas sabem de quem falo. E viro-me para Maven. - Meu filho. - Agora, meus olhos marejam, embaçando a visão. - Vocês me tiraram, tudo! Tudo o que me pertencia. Tudo o que lutei para conquistar.

Mackenzie lança uma risada sombria.

- Você quer dizer... Tudo o que você matou para conquistar. - Zomba. Tremo de raiva. Ela sabe que nunca matei alguém, sem ser nas trincheiras. Mas, mesmo na frente de todos que sabem a verdade, ela ainda encena. Ainda mente. Mas não por muito tempo.

Gesticulo preguiçosamente. Mackenzie cai, ajoelhada. Pelo que sei, ela não possui família em Prairie, além do seu "marido". Owen Crawford. Homem tolo. De fácil persuasão. Vasculho a mente de Mackenzie. Ela matou a antiga rainha, assim como fez com Coriane. Minha amiga. Com sangue nos olhos, gesticulo novamente, dessa vez, determinada.

Príncipe EsquecidoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant