Capítulo XXVIII - Maven

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Mare abre os olhos, devagar e solene. Já estamos perto o bastante do casarão para ver os criados andarem apressados pelos jardins.

Ao entrar, meu pai nos recebe. Surpreendentemente.

- Filho... - Ele diz, feliz em me ver. Estou lotado de curativos, e seus olhos demoram a encarar cada um deles. - O que... Onde você esteve? - Questiona. Em um momento, penso que ele irá brigar comigo por ter sumido. Mas ele demonstra que não, com um abraço apertado.

- Eu...

- Nós estávamos na ponte quando uma bomba atingiu a estrutura. - Mare se revela. - Ela começou desmoronar. Muitas pessoas foram simplesmente empurradas para o rio, deslizando. Outras chegaram a pular, com medo dos destroços as atingirem. Já eu e Maven caímos mesmo. Destroços nos atingiram na cabeça, e perdemos a consciência. - Lamenta, lembrando do triste fato.

- Depois acordamos em uma cabana, no meio do mato. Dois curandeiros nos ajudaram. Ficamos sem a memória do aconteceu. Depois, Mare... - Digo. Ela abaixa a cabeça, sabendo o que irei falar. - Mare é prateada agora. Trocaram seu sangue.

- Como? - Cal diz, se revelando. Ele parece perplexo. Nem o reparei.

- Havia algumas seringas com sangue vermelho, cheias. Já outras com um pouco de sangue prateado, como se tivessem sido injetados. Não sabemos o porquê de terem feito isso com ela. Mas sei que, do nada, Mare ficou com raiva. Queria matar todos ao seu redor. E agora, ela parece... Mais forte. Além de ser sanguenova, uma vermelha mais forte que os prateados, teve uma dose muito grande de sangue prateado injetado em suas veias e artérias. - Explico.

Os olhos de Mare estão fixos no chão, mas pensam longe. Ela ainda está magoada com isso, já que perdeu seu último laço com seu povo. Com muita dor na voz, Mare diz, quase aos sussuros:

- Então fui a procura de um dos curandeiros. Eu sentia um ódio inexplicável, o qual nunca havia sentido antes. Senti meu orgulho ferido. Então eu fiquei... Sedenta. - Sibila, lembrando, cuidadosamente, do decorrer dos fatos. - Após termos descoberto o que não era para descobrir, Bran tentou nos matar. Fomos feridos. Então, tentamos fugir. Mas uma espécie de legião passou a nos perseguir. Conseguimos despitá-los, e fomos a Palafitas.

- Lakeland? - Cal questiona, a ninguém em particular senão ele, e talvez eu. Mas quem responde é meu pai.

- Duvido muito, filho. Acho que temos mais um peão no jogo. - Tiberias Vi, em toda sua sabedoria, afirma. - Prairie.

- Mas já vencemos a dona disso tudo. Mackenzie Merandus. Ela está morta. - Cal suspira.

- Essa devia ser apenas uma das cabeças. Com certeza tem mais. - Digo. E sei que tenho razão. Mackenzie pode ser a rainha de Prairie, mas a esse ponto, deve ser apenas um peão. Nunca se sabe quão grande pode ser uma organização de rebeldes. - Mas agora, eles estão mais revoltados devido a morte de um deles, e talvez mais motivados a continuar com esse atentados paupérrimos. Temos que nos organizar para detê-los. Antes que eles se espalhem por tudo como uma doença visceral.

- Irei providenciar segurança em dobro nos vilarejos. Maior treinamento aos recém-recrutas, com mais intensidade e duração, os preparando para solicitações dos ataques. Mais vigilância nos postos de grandes cidades e cidadelas, incluindo Archeon e Summerton. - Cal diz, matutando consigo mesmo.

- Isso. Perfeito. - Meu pai sibila, orgulhoso. - Talvez esse seja o momento certo para transformar alguns planos em medidas.

Devolvo o olhar instigante de meu pai. Dias atrás, estávamos sentados, de madrugada, pensando em táticas para a melhora da guerra, para que possamos ficar pelo menos um passo a frente de Lakeland, já que há anos estamos combatendo fogo com fogo, talvez minhas ideias matraqueadas e geniais possamos acabar com isso de vez.

Príncipe EsquecidoWhere stories live. Discover now