Prefácio

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Meu nome é Anna, Anna Marie.

Eu sou uma mutante e descobri quando tinha 16 anos. É difícil para uma adolescente descobrir que não pode ter contato físico com as pessoas. Minha infância foi um pouco turbulenta, minha mãe morreu quando eu tinha 7 anos, e a vi morrer bem na minha frente e quem matou ela? Bom... Prefiro não falar sobre isso, mesmo depois de tanto tempo é difícil pra mim.

Depois que ela morreu, eu fiquei sem meus pais, então tive que ir morar com uma tia minha, Carrie era o nome dela, mas bem, ela era um pouco rígida demais, eu odiava ter que morar com ela, todas as noites eu abria a janela e ficava vendo a vista daquela cidade, imaginando que um dia estaria feliz em algum lugar bem longe dali, mas o pior de tudo mesmo, era que eu ficava revendo a cena trágica da morte da minha mãe, eu sabia que não tinha culpa nenhuma naquilo, mas sempre quando eu lembrava, um peso de culpa vinha sobre mim, me sentia um lixo por não ter feito nada naquela noite. Você deve estar pensando como criança de 7 anos tinha tantos sentimentos, pois é, eu também me perguntava todos os dias, achava que por eu ser una criança, deveria me preocupar menos com isso, brincar com as outras crianças do bairro, talvez fazer amizades. Mas sempre, desde pequena, fui reservada, odiava ter que socializar quando as visitas da minha tia chegava na casa dela, tinha que fazer posse de boa moça, "Mas que criança quieta", eles falavam e minha tia sem hesitar já respondia "Bicho do mato, as mais quietinhas sempre dão mais trabalho, etc." essas coisas bem idiotas de se falar sobre uma criança. Eu odiava viver lá, eu odiava tudo lá.

Eu morei com ela aproximadamente um ano, no meu aniversário, ao invés de presentes, ela me deu uma surra por não ter limpado o porão enquanto ela tinha ido no comercio, aquela foi a gota d'água pra mim, eu decidi fugir dali naquela noite mesmo. Era difícil, pois, uma criança de 8 anos fugindo assim, sem mesmo ter lugar para ir, mas eu achei que era o certo a se fazer, tudo o que eu mais queria era sair logo dali, quem sabe, eu sozinha não podia viver melhor do que com aquela mulher. Eu arrumei todas minhas coisas em uma mala grande, era difícil de carregar por eu ser tão pequena mas eu conseguia com algum esforço, logo quando minha tinha foi dormir, desci os dois andares de escada sem fazer o mínimo de barulho possível, mas quando cheguei na porta ela essa a trancada e eu não conseguia achar as chaves de jeito nenhum, pensei em desistir da fuga dali quando lembrei que, sempre quando ia dormir, minha tia guardava as chaves com ela para caso, bom, de uma fuga como aquela. Subi novamente as escadas, pelo menos agora estava sem malas então dava para ir tranquila, quando cheguei no quarto dela, abri a porta vagarosamente, e comecei a andar nas pontas dos pés para ela não acordar, cheguei bem perto na cama dela, onde havia uma pequena cômoda com três gavetas e bem em cima era notável a chave da porta, peguei com muito cuidado, eu suava e minhas mãos estavam trêmulas o que foi péssimo porque quando peguei a chave eu a deixei cair fazendo um barulho no chão, isso fez minha tia acordar.

-Anna! - ela virava para mim- Sua menina idiota, me devolva agora essa merda de chave!

-Não- gritei, peguei a chave que estava no chão e sai correndo dali óbvio que ela veio atrás de mim, eu era pequena, mas rápida, consegui chegar à porta e tive dificuldade para destranca-la por causa das mãos trêmulas.

-Se você sair por essa porta, juro por Deus que nem mesmo Ele irá fazer que eu a ponha de volta nessa casa- Ela estava atrás de mim, sua cara de sono era ridícula, soltei uma sorrisinho, peguei minha mala que havia deixado lá embaixo, abri a porta e sai dali sem mesmo olhar para trás, então não sabia se ela estava vindo atrás de mim ou coisa do tipo. Aliás, eu só queria estar bem longe dali.

Eu andei a noite toda, estava exausta, e a mala parecia que estava ficando cada vez mais pesada, então parei para descansar um pouco em uma praça.

-Bom dia, criança- ouvi alguém falar.

-Bom dia- respondi de volta.

-O que uma menina tão linda e pequena está fazendo sozinha tão cedo pela manhã? - Eu realmente fiquei com um pouco de medo de conversar com estranhos, mas eu respondi mesmo assim para a moça.

-Eu estou...hm.... apenas descansando um pouco.

-Descansando? Por que?

-Bem... Desculpa tenho que ir. - Eu não tinha lugar para ir, mas achei que mesmo assim, eu falando aquilo para ela, talvez me deixasse em paz.

-Você não tem lugar para ir, não é mesmo?- Eu não sabia o que responder, parecia que aquela mulher sabia de tudo pelo que eu passei, então apenas assenti com a cabeça.- Quando eu tinha sua idade, eu passe pela mesma coisa, eu era um pouco diferente das demais pessoas, tive que fugir de casa logo pequena também, mas encontrei ajuda de um outro menino, que assim como eu, era diferente dos outros também.- Ela pegou no meu queixo para olha-la, ela não se parecia muito diferente, era loira e bonita - Se quiser, posso te ajudar com isso, eu e minha amiga moramos naquela casa- apontou para uma casa de dois andares, que estava perto da praça onde nos encontrávamos- Se quiser ajuda é só ir ali.- Eu me senti confortável com ela, parecia que era uma boa pessoa, ela se levantou dali e foi caminhado rumo a casa que havia me mostrado, mas antes virou pra mim- Adorei seu cabelo- deu um sorriso e saiu dali.

Eu ajeitei minha mecha de cabelos brancos que eu tinha bem na frente, eu havia nascido com aquilo, eu gostava. Depois de um tempo pensando se deveria realmente confiar naquela mulher, resolvi que deveria tentar. Bati a porta da casa e uma mulher abriu.

-Que bom que você decidiu vir até aqui, vamos fazer apresentações devidas. qual seu nome?

-Anna, Anna Marie- respondi

-Um lindo nome Anna, aquela sentada na cadeira- Apontou para uma mulher de cabelos curtos e de óculos escuros no rosto- Se chama Sina, e eu, você pode me chamar de Raven.

Foi naquele momento que eu conheci uma das mutantes mais conhecidas que existia, foi bem naquele momento que eu conhecia a Mística.

The Rogue's Touch / CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora