Capítulo 9: Perda

319 26 3
                                    

Aquela noite foi uma das piores de toda a minha vida, ou melhor reformulando, aquele dia foi um dos piores da minha vida. Eu tinha matado um homem, e Deus sabe o que aconteceu com o outro, eu deixei um inconsciente quando na verdade talvez ele fosse me ajudar, e ainda a única pessoa que eu podia chamar de família estava morta. O que eu iria fazer naquele momento? Nem mesmo eu sabia, só queria que tudo aquilo fosse um sonho, como eu iria viver depois daquilo que me aconteceu? Dali em diante tudo seria por minha conta, eu teria que aprender a ser mais independente mas naquele momento não queria pensar em nada daquilo, eu estava de luto.

Ja era de madrugada quando minha casa foi fechada pela policia da cidade, as faixas amarelas e pretas escrito "policia de Bayville", o som das sirenes, as luzes, pessoas se juntando em volta para ver o que havia acontecido, tudo aquilo era uma bagunça na minha mente. Depois daquela tarde quando eu pude ver o assassinato de minha mãe novamente bem a minha frente, tudo o que estava acontecendo me fazia lembrar, a única diferença era que com minha mãe eu sabia que a matou e, dessa vez não, não havia uma  única pista de quem poderia ter a matado.

-Sentimos muito pela sua perda, ainda nova na cidade e acontece isso, mal podemos saber pelo que você esta passando- disse um policial se aproximando de mim,ele põe a mão em meu ombro e me contraio- Eu sou o oficial Casey, John Casey, eu ficarei com você por enquanto- ele se abaixa um pouco para olhar meu rosto que estava baixo ainda chorando- Nesse momento precisamos que você seja forte,  iremos te levar com a gente para delegacia, vamos fazer algumas perguntas, e temos que levar o corpo de sua mãe para perícia avaliar. Podemos contar com você?- assenti erguendo a cabeça que estava baixa.

Ele me leva ate um dos carros que fechava a rua, naquele momento percebi que em torno de todo aquele lugar se aglomerava a vizinhança, não só a vizinhança mas olhando para o lado vejo que Kitty e Jean também estavam ali, os efeito dos poderes de Xavier ja haviam passado, mas mesmo assim escuto em minha mente a voz de Jean.

Vai ficar tudo bem, Anna. Ainda não desistimos de você, o que aconteceu hoje foi um acidente, não queremos que você fique com medo de nós, o professor esta internado ainda mas ele ficará bem.

Entro dentro de um dos carros, e o policial da partida, olho pela janela do carro e vejo que ela continuam la, paradas, me olhando. A delegacia não era muito longe de onde eu morava, ficava mais ao centro da cidade um pouco depois da escola onde eu havia começado a estudar. Saio do carro e sigo o policial que me guia até o atendimento da delegacia.

-Espera só um momento aqui, ja venho te chamar para o interrogatório.- ele entra em um corredor. Fico observando o lugar e sento em uma cadeira que estava ali, depois de um tempo uma policial entra e da um sorriso, aproximando de mim.

-Você deve ser Anna Marie- ela estende a mão pra cumprimentar mas recuo ainda estando sem minhas luvas- Meu nome é policial Roberts, mas pode me chamar de Carol- ela continua estendendo a mão mas desiste ao perceber que eu não iria toca-la- Ok, ja estamos prontos para o interrogatório, você pode vir conosco? - ela segue pelo mesmo corredor que o outro policial tinha entrado, me guia ate uma sala onde o John Casey estava sentado.

-Sente-se, Anna, só queremos fazer algumas perguntas- ele coloca ambas as mãos em cima da mesa, eu me sento- Nós sentimos muito pela sua perda, mas nós devemos fazer isso de acordo com as regras- ele pede para a outra policial sair da sala, mas claro que havia gente nos observando do outro lado do espelho que tinha na sala.

-Bom, podemos começar?- faço que sim com a cabeça- Primeiramente você pode nos dizer qual seu grau de parentesco  com a mulher?

-Ela estava mais para uma mãe adotiva, cuida... cuidava de mim de desde meus oito anos- ele se ajeita na cadeira.

-Qual foi a ultima vez que você esteve em contato com ela?

-Antes de eu ir para escola, aproximadamente as 7:00 horas da manhã.

-E depois de sair da escola?

-Eu sai com uma amiga...

-E você passou toda a tarde fora?

-Praticamente sim- como iria falar pra ele que na verdade fiquei fora porque tinha matado um cara, deixado outros dois em coma, paralisei telepaticamente uma dezena de jovens mutantes? Exatamente, não tinha como.

-E você chegou em sua casa às 20:00 horas?

-Sim, eu...

-Posso saber o nome da sua amiga?- Não queria expor Kitty desse jeito, ainda mais depois da mensagem que Jean me enviou enquanto estava entrando no carro, mas se eu falasse o nome de alguém eles iriam procurar a pessoa e teriam que confirmar a minha resposta, eu sei que Kitty não iria mentir, aliás de um certa forma eu passei a tarde com ela, mas meu medo era que eles achassem o instituto e descobrissem os mutantes,  eu não sabia bem o que responder, então fiquei em silêncio.

-Anna, nós precisamos nos certificar de que você não será a culpada pelo assassinato- continuamos em silêncio- Bom, se você preferir ficar em silêncio, mas não podemos deixar claro que você será uma suspeita do caso- ele se levanta da cadeira e vai em direção a porta, não podia deixar que suspeitassem de mim pelo crime, nunca eu iria fazer uma coisa daquelas , então sem pensar direito respondi. Ele se vira voltando-se a mim, e senta de novo e recomeça a fazer perguntas. Ficamos a noite toda ali naquela sala, ele perguntando, eu respondendo o que podia.

De manhã eu ainda estava na delegacia, o policial que havia me interrogado se aproximava seguido por uma mulher de social, eu me levanto ja deduzindo que ele iria falar comigo.

-Anna, esta é a Sra. Brunksfield, ele é a diretora de um orfanato da cidade, veio conversar com você a respeito de algumas coisa, ok?- eu ja sabia do que se tratava, estava bem obvio alias, assenti com a cabeça, a mulher se sentou em um banco que estava ali.

-Bom, Anna, sinto muito pela sua perda, mas ainda como você é menor de idade, e com todas as circunstâncias, você devera vir conosco para o orfanato, a não ser que você tenha algum parente que pode te abrigar e cuidar, você tem?- ela inclinou a cabeça tentando olhar pro meu rosto que estava baixo, nego com a cabeça- Essa tarde você voltara para sua casa, assim que estiver pronta me ligue- ela me entrega um cartão.

ORFANATO DE BAYVILLE
Diretora: Brunksfield
Para órfãos e necessitados!

Atras tinha números de telefone para contato. Eu peguei cartão que era branco com letra prateadas, ela se levantou e seguiu o policial ate a saída, depois de alguns segundos vejo o policial voltando.

-Esta pronta, Anna? Irei te levar até sua casa para que você possa pegar suas coisas, ok?

Ele me levou de volta para casa, arrumei uma mala com coisas essenciais para que eu pudesse viver no orfanato. Eu já sabia que não iria ser adotada por alguém, ainda mais com minha idade, e talvez eu nem queria mesmo, com tudo que aconteceu o melhor seria que eu vivesse sozinha por longo tempo. Depois de tudo arrumado para eu sair, coloco minhas luvas para proteção e saio da casa, o policial me esperava do lado de fora da residência, ele pega minha mala e coloca no porta-malas do carro, entramos  e ele nos leva ate o orfanato.

Era um sobrado muito grande, um pouco menor que o instituto Xavier, saímos do carro e vamos para a entrada do lugar onde haviam duas mulheres que me esperavam, uma eu ja conhecia, sra. Brunksfield, a outra era uma garota jovem que quando me viu soltou um sorriso bem largo e veio em minha direção pegando minhas malas.

-Eu levo isso para você - disse ela ainda sorrindo.

-Mary, leve Anna para seu quarto e mostre a casa para ela- ela me leva para dentro do orfanato, enquanto o policial e a diretora conversavam do lado de fora.

-Você vai adorar aqui- Mary fala se dirigindo a mim- Nos dividimos o quarto... Na verdade dividimos a cama, mas vou adorar dividir com você.

Embora eu tenha ficado apreensiva, eu fiquei feliz por encontrar com Mary, pressentia que seria algo bom. Mal sabia eu, que aqueles dias seriam um dos melhores da minha vida.

The Rogue's Touch / CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora