Capítulo 17: Controle

219 15 4
                                    

Quando se é criança e está sozinha, no escuro, a impressão de que a qualquer momento alguma coisa de mal ira acontecer, algum ser sairia de trás das cortinas com uma faca na mão pronto para ceifar a sua vida, percorre por sua mente em um turbilhão de pensamentos amedrontados com o medo do escuro e do abandono. Quando você se sente assim há uma probabilidade para explicar o motivo de vcs pensar desse jeito: você está assistindo muitos filmes.

Enquanto eu andava pelas ruas de Bayville em plena noite, no escuro, esse pensamento surgiu em minha mente, de que a qualquer momento alguém iria pular detrás de um dos velhos carros estacionados à beira da calçada das ruas do bairro, ou que alguém sairia detrás de uma das árvores que fincavam suas raízes no solo pedregoso. A única luz que se podia ver era de um poste de eletricidade com uma lâmpada amarelada e fraca, e de uma caixa de luz que saiam faíscas saltitantes pela a porta semiaberta. Era tarde e não havia mais ninguém pelas ruas, nem mesmo  uma única pessoa que chegava de uma festa, trabalho ou boate. Um vento frio que percorria pelas ruas fez os pelos do meu corpo se eriçarem, mesmo eu estando com a calça jeans preta, o casaco marrom , e as luvas meu corpo podia sentir o frio que aquela madrugada produzia.

Eu podia ouvir vozes em minha cabeça no silêncio do ambiente, pensamentos, ideias. Eu já os ouvia a longo tempo atrás, mas naquele lugar, naquele mísero lugar que o silêncio reinava eu pude prestar com clara atenção, os pensamentos de cada pessoa que eu já havia tocado, era como se todas elas tivessem aprisionadas  dentro de mim, cada sentimento, cada pensamento e ideia. Eu pude ver claramente o que Magneto planejava comigo, eu pude sentir. Mas por que eu não havia notado isso antes? Eu o havia tocado há um dia atrás aproximadamente, e só naquele momento eu pude sentir a raiva que Erick sentia dentro de si, as percas que ele teve, com o que ele teve de lidar, os motivos para que Magneto sentisse o ódio de tudo. Os nomes Pietro, Wanda e Lorna surgiram dentro de minha cabeça.

Eu não estava muito longe da escola quando um grupo de adolescentes babacas andavam bagunçados pela rua, bêbados e drogados que falavam coisas alto e sem sentido, eu já os havia visto na escola, eram os jogadores de futebol americano que andavam com Jean Grey quando a conheci, pensei até mesmo que ela estaria entre eles, mas a procurei e não achei, estavam apenas cinco garotos, três garotas e eu naquela rua deserta. Depois de tudo que eu tinha passado não me via como uma adolescente normal, pra mim eu já tinha passado do normal a muito tempo, eu nunca me igualaria aqueles jovens.

-Que merda, Jhon. Tudo isso é sua culpa!- gritava uma garota de cabelo escuros para um outro, ela estava com a roupa suja de vomito, provavelmente ele havia vomitado nela, nojo.

-Ei, Ei, ora se não é a orfãzinha- disse um dos caras bêbados se dirigindo à mim, todos se viraram em minha direção e começaram a rir.

-Não vai falar nada, orfãzinha?- perguntou um outro, aquelas pessoas estavam tão bêbadas que se eu falasse pudim elas já começariam a rir.

-Vão para casa - respondi ficando com raiva, e como sempre, eles riram.

-Que isso gatinha, a gente nunca mais te viu por aqui, só estamos querendo saber como você está- eles riram.

-Estou bem, obrigada- eles riram, reviro os olhos- Não tenho tempo para suas gracinhas, preciso ir.

-Espere um pouco- disse John me agarrando pelo braço.

Por um segundo minha mente desligou, a escuridão possuiu minha mente e quando me dei por si, eu segurava o garoto pelo braço por trás de sua costa, eles se inclinava para frente enquanto eu o segurava por trás, ele pedia para que eu não fizesse nada com ele, e os pedidos de misericórdia, um pequeno sorriso pude sentir se formar em meus lábios, meu desejo era que eu não estivesse de luvas, porém era melhor que eu estava.

-Nunca mais me toque de novo babaca, aliás, nunca mais toque em ninguém- os amigos dele riram, olho para eles fazendo-os calar imediatamente.

Me virei e segui rumo pela rua escura.

-Você é uma aberração- gritou um deles.

Apenas levantei meu dedo para eles que continuavam rindo sem motivo. Estava passando pela frente da escola, havia uma sala com uma luz acessa, podia ver pela janela que havia duas pessoas conversando ali, apenas fiquei observando de longe e pensando por quais motivos alguém estaria naquela hora tão tarde tendo uma reunião na escola. Uma mulher que estava dentro da sala se virou de frente para a janela, provavelmente percebeu que estava sendo vista dali e saiu rapidamente apagando as luzes.

Continuei andando pela rua, pensando se realmente tentar contato com Jean e Kitty era o certo a se fazer, ainda mais depois de eu ter matado Charles Xavier, mas eu precisava de respostas além das que Gambit havia me contado, e também ele já havia feito parte dessa tal de irmandade, o que comprovaria que ele não estaria ainda trabalhando com eles. Um vento começou a percorrer a rua vazia fazendo mechas brancas de meu cabelo voarem sobre meus olhos mesmo estando de capuz, minhas mãos que eram cobertas pelas luvas, ficavam geladas, o ambiente esfriou de tal forma que com um respirar pela boca, uma fumaça gélida saiu dela. Olho em volto mas não vejo ninguém, O motivo da rua ter se esfriado daquele jeito era um mistério. Começo a olhar para os lados desconfiada de que estava sendo seguida por alguém, começo a andar cada vez mais rápido até entrar no bosque que dava para o instituto.

As árvores projetavam sombras amedrontadoras pelo chão, a lua que brilhava por entre os galhos secos de algumas árvores preenchiam o local com brilho prateado, percebo uma luz vindo de uma clareira perto de onde estava, me escondo atra de uma árvore. Eu podia ouvir risadas e gritos abafados de adolescentes. Me aproximo ainda atrás das árvores para ver o que era que estava acontecendo.

-Vamos, cara. Você consegue, vai!- pude ouvir de um garoto que estava do lado de um outro. Estavam de costas para mim então eu não podia ver o que eles faziam, mas podia ver que eles se divertiam.

Um deles se virou para minha direção, fui obrigada a me enfiar atrás de uma árvore para não me verem. o garoto tinha cabelos castanhos e provavelmente tinha a minha idade ou um ano a menos, eu o conhecia de algum lugar. Fiquei espiando por detrás das árvores para ver o que os garotos faziam. O ar frio tomou o lugar novamente, um névoa congelante tomou o lugar. Olho novamente para os jovens ali e reparo no solo, o que antes era uma grama baixa e rala e verde, tomou forma dura como pedra, escorregadia é brilhante. Gelo. Eu sabia quem eles eram.

Os garotos voltaram a ficar rindo sozinhos, eu devia tomar coragem para falar com eles, e faria logo. Me viro e saio do meio das árvores, eles estavam de costas para mim, eu pisava com cuidado tentando não escorregar no gelo no chão.

-Seu "professor" deixa vocês ficarem essas horas por aqui- digo cruzando os braços.

Eles se assustaram e se viraram para mim, uma garota de cabelos curtos e jaqueta amarela, que tinha em suas mãos um brilho estranho, pulou para trás perdendo o controle e lançando em minha direção uma rachada de cores brilhantes, eu me desviei rapidamente escorregando no gelo liso, senti meu corpo caindo em câmera lenta enquanto o brilho passava por mim em alta velocidade, o gelo começou a derreter rapidamente mas acabei batendo a cabeça com força no chão e pude sentir tudo girar em minha volta, a última coisa que eu me lembro de ter visto é uma das árvores em chamas e um cheiro de queimado vindo dela, depois apenas uma escuridão profunda e minha consciência se perdendo aos poucos naquele buraco negro.

The Rogue's Touch / CONCLUÍDADonde viven las historias. Descúbrelo ahora