Capitulo dois - O desejo

341 22 67
                                    



'...Damn baby
You frustrate me
I know you're mine all mine all mine
But you look so good it hurts sometimes...'

Your body is a wonderland
- John Mayer -

O telefone tocava em algum lugar ali e eu não sabia aonde ele estava, só para variar. Eu não conseguia abrir os meus olhos, a dor de cabeça estava me matando e eu não estava conseguindo nem pensar. Tentei tatear a cama à procura dele, e eu estava nua. Rapidamente, abri os meus olhos e deixei a preguiça de lado, em pânico. O que eu havia feito ali? Olhei para o quarto com espelho por todo canto e me assustei. Eu estava num motel. Respirei fundo algumas vezes e sequer lembrei da terapia. Aquilo era apenas porque eu não estava conseguindo respirar. Procurei pelas minhas roupas pela cama e não as encontrei, escutando ao fundo um barulho de chuveiro. Constatei que tinha alguém ali, o que me fez balançar a cabeça negativamente. Ele estava ali.


— Bom dia, linda — Falou, abrindo, naquele exato momento, a porta de vidro do banheiro um tanto transparente, me fazendo cobrir todo o meu corpo com o lençol — Não tem nada aí que eu já não tenha apreciado — Deu uma piscadela para mim, fazendo-me prender a respiração. De toalha ele parecia ser ainda mais bonito.

— Eu... — Comecei nervosa, mordendo o lábio inferior — Como eu... Nós... — Pigarreei ao ouvir uma sonora gargalhada, ele estava debochando — Eu... Não sei como eu...

— Nós transamos, Laís — Falou sério, como se estivesse conversando sobre o tempo lá fora — Você era virgem? — Perguntou, olhando-me estranho.

— Não! — Exclamei séria — Claro que não! Eu tenho 24 anos, não 15 — Reclamei bufand, levantando-me da cama e quase trombando com ele. Distanciei-me rapidamente, sorrindo levemente envergonhada. Eu devo admitir, afinal, aquela não era uma circunstância normal para mim — Minhas roupas... — Sussurrei para mim mesma, como um mantra. Quase que fiz pedido a São Longuinho, à procura de pelo menos a minha calcinha — Cadê as roupinhas, cadê, cadê? — Tentei me abaixar para olhar embaixo da cama, nervosa por saber que ele estava presenciando toda aquela cena humilhante. As garotas que ele ficava não deveriam ter vergonha de sair andando pelada para lá e para cá. Não é como se eu fosse acostumada a fazer sexo casual. Eu nunca fui. Sempre fui uma garota altamente envergonhada em relação a essas coisas, apesar de adorar um sexo selvagem.


— Aqui — Ele me entregou toda a minha roupa, fazendo-me erguer uma sobrancelha. Eu não tinha achado em lugar algum daquele quarto, não entendi como ele estava com elas em mãos — Estavam no carro.

— Que carro? — Perguntei alarmada. Eu fiquei nua no carro dele? Não esperei nem entrar no quarto? O que eu tinha feito? — Como assim? Eu... — Passei as mãos pelos cabelos enquanto tentava desengonçadamente caminhar segurando o lençol sob o meu corpo e as roupas na outra mão, indo até o banheiro.
— Bom, digamos que nós estávamos um pouco... Fora de controle — Sorriu de lado, dando-me a liberdade de me entregar aos flashes da noite passada. Como numa avalanche de pensamentos, tudo veio à tona — Você é uma mulher e tanto, Laís — Ele falou com uma voz um pouco perto demais do banheiro, fazendo-me morder o lábio inferior, sabendo o que significava aquilo.
— Não consigo me lembrar — Falei, fazendo careta. Sorte minha que aquele vidro embaçado não o deixaria ver o quanto o meu rosto me denunciava.

— Não? — Ele perguntou e eu pude imaginar a cena: Ele estaria parado naquele quarto, com as mãos na cintura, ainda envolto pela toalha que mais mostrava do que escondia. Ele deveria estar com um sorriso preso no rosto, aquele sorriso capaz de enlouquecer qualquer garota e isso me inclui.
— Não — Respondi firmemente, enquanto vestia minha calcinha — Misturei vários tipos de bebida, dá nisso — Dei de ombros; eu estava interpretando. Nunca quis ser atriz, mas a minha mãe gostava de pensar que eu havia nascido com aquele dom. Abri o zíper do vestido e fui subindo-o pelo meu corpo, fechando-o logo em seguida. Dei uma olhada rápida no espelho, apenas para constar o quanto eu estava feia ali — Você pode chamar um táxi para mim? — Falei, abrindo a porta e o fitando, dando um sorriso fraco. Ele apenas deu um passo à frente, me fitando nos olhos, me deixando nervosa mais uma vez ali — O que foi? — Perguntei sem me deixar abalar pelo corpo sedutor dele tão pertinho de mim.
— Isso tudo é medo de se apaixonar, é? — Perguntou, dando um sorrisinho meio debochado.
— É o quê? — Exclamei indignada. Quem ele pensava que era para falar aquilo? — Você se acha demais, não é, Eduardo?
— Eu não me acho, Laís — Ele respirou fundo, fazendo com que os meus olhos fixassem o seu físico, seu corpo, sua barriga definida — Você que fica aí agindo como uma maluca — Falou, tirando a toalha, fazendo-me arregalar os olhos e abrir e fechar a boca diversas vezes. Ele devia ser acostumado demais a fazer aquilo, pois agia como se estivesse conversando com uma pessoa qualquer, como se eu fosse a esposa dele, acostumada a vê-lo pelado.
— Você... Você... — Tentei falar alguma coisa, mas as palavras não saiam e o meu olhar estava fixo num ponto, o seu corpo. Se eu já o achava atraente antes de ter ido para cama com ele, eu não poderia nunca dizer a sensação de vê-lo nu na minha frente. Ele balançou a cabeça negativamente e se virou, de costas para mim, me fazendo suspirar pelos seus ombros largos, pelo seu corpo todo vermelho e arranhado. Ergui a sobrancelha e tentei focalizar o que estava na minha frente — Suas costas... — Comecei receosa. Não sabia o que eu havia feito, já que os flashes não me lembravam aquele tipo de coisa.
— Foi você — Respondeu simplesmente, enquanto vestia a cueca rapidamente — Você não consegue lembrar de absolutamente nada?

Prorrogação Where stories live. Discover now