Capítulo oito - O susto

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Seus beijos eram doce.

O típico beijo pro qual qualquer garota se entregaria, e a dança que a língua dele fazia dentro da minha boca deixava todo o meu corpo responder no ímpeto.

Benditos hormônios que me faziam ficar como uma garotinha idiota.

Estávamos juntos há exatos 2 meses.

Dois meses onde eu não conheci ninguém além dele, onde eu não vi ninguém além dele.

Minhas amigas reclamavam, diziam que eu havia mudado; que estava diferente.

Não poderia dizer o motivo, não iria expor. No fundo, uma pitada de vergonha estava presente sempre que eu pensava em falar pra qualquer uma delas que eu estava transando com o Eduardo, e não apenas transando, estava tendo um caso com ele.

Transar esporadicamente com um cara é diferente de ser amante dele.

Ele chegava na minha casa, cansado de uma viagem, com os olhos mortos por ter perdido o jogo. Muitas vezes a minha raiva era enorme, principalmente quando ele havia feito porcaria na partida, mas apenas vendo o olhar dele, o rosto, eu não conseguia dizer não.

Eu o amava! Como o amava. 


Nesse momento estou sentada na cama, por entre os seus braços enquanto assistimos a um jogo de onde ele, titular absoluto, havia sido dispensado para ficar com a família.

Sua esposa achava que ele estava no jogo, dando a maior força para os seus companheiros.

Seus colegas achavam que ele estava com ela também, nem mesmo o Thiago sabia sobre nós.

Nem mesmo minha sombra sabia do que tínhamos e eu queria gritar para o mundo, queria explodir com tanto sentimento dentro de mim.

Eu o amava.


— Eduardo, nós estamos juntos a dois meses... — Deixei a frase no ar, sentindo um dos seus beijos maravilhosos no meu ombro nu, enquanto ele me imprensava mais ao seu corpo. 

— Continue... — Escutei sua voz e mordi o lábio inferior, queria perguntar se ficaríamos juntos, se ele me amava também, queria saber se assim como a minha vida, a dele estava diferente. 

— O que eu represento na sua vida? — Tudo saiu assim, sem que eu conseguisse acordar, sem que eu conseguisse me dar conta. 

Suas mãos tocaram os meus ombros e me viraram em sua direção. Seus olhos fixaram no meu rosto e eu me limitei em fitar a janela, ao lado da minha cama, envergonhada demais para continuar encarando os olhos dele. Sua mão tocou o meu queixo e senti o meu corpo tremer. A resposta estava demorando demais para surgir e como toda garota insegura, meu coração já estava saltitando.

Não era novidade para mim, a certeza de que sentia tudo a mais por ele, a confirmação de que apenas um beijo não era suficiente para que o meu corpo estivesse completo ao lado dele. Eu queria mais, queria ser dele, queria ter o coração dele em minhas mãos, assim como ele tinha o meu. Apesar de nunca ter dito um sonoro 'Eu te amo', sentia aquilo desde o dia em que seus olhos procuraram pelos meus num jogo qualquer, o sorriso dele se alargou no instante em que o meu corpo esteve presente no campo de visão dele, e um gol foi prometido a mim, nesse mesmo dia. 

Eu era mesmo uma tola apaixonada. Não sabia o porquê as pessoas se apaixonavam por outras dessa maneira, sabendo que não estava correto, sabendo que não daria em nada. Era fácil se envolver, se deixar levar, mas partir para um patamar maior era complicado. O sorriso dele era o culpado, quando sorria para mim, não parecia um sorriso feito ao lado de um fã, ao lado de uma pessoa que ele sequer conhecia, era para mim, seus olhos sorriam para mim, seu corpo me abraçava, se aconchegava ao meu de modo que eu nunca julguei ser o certo, ser o que eu queria, o que precisava. 

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