Capitulo seis - A Rendição

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               O caminho para casa foi rápido, quase que certeiro. Não conseguia pensar em nada além dos olhos dele ao me fitar sério e me dizer que não iríamos nos ver e, por mais que ele não tenha dito aquilo com todas as letras, eu sabia bem o que significava.

Homens.

Eles sabem a maneira correta de dar um fora sem que pareça que eles estão mesmo dando; eles sabem exatamente como agir diante de garotas fracas e inconsequentes assim como eu e, aquele ali, com toda experiência que o seu currículo cheio de encontros amorosos tinha, sabia perfeitamente como me deixar mais hipnotizada do que a primeira vez em que eu o vi.

Ele era a nova contratação do Náutico e todas as minhas amigas estavam em êxtase, enfim, elas teriam um homem bonito o bastante para saborear e por mais que ele prestasse, a sociedade o corromperia. A Sociedade de Futebol. Eles viviam num mundo onde festas e mulheres bonitas eram o que mais fascinava, alguns deixavam mulher e filho por qualquer coisa que aparecesse pela frente, bastando ter peitos e pernas grossas. Eu não gostava disso, nunca tinha me interessado por jogador nenhum e naquele momento eu me pegava pensando e desejando um dos jogadores mais safados que conheci. Não era comum esse tipo de envolvimento para eles, muito menos para ele. Eu sabia bem que ele transava com as garotas e depois cada um vai para a sua casa, assim como ele havia me falado diversas vezes naquele curto espaço de tempo que eu havia perdido o juízo.

Perder o juízo é a frase correta para me definir naquele momento insano, em que eu passei de todos os limites ao sair em busca de um cara qualquer que sequer havia se interessado por mim. Qualquer homem acha correto se envolver por mulher qualquer e jogador de futebol não consegue resistir a um rabo de saia que for. A diferença, que martelava na minha cabeça o tempo todo, eram as frases que ele havia me falado naquele encontro por acaso que eu havia intencionado.

Havia passado dos limites, sabia admitir aquela verdade para mim mesma e acredite, eu sei bem o que é passar por aquele tipo de situação. O olhar desesperado que ele lançou ao me ver, o pânico estampado nas feições másculas dele me deixava um pouco perturbada. Eduardo não contava com a minha presença viva ali, muito menos esperava que eu fosse surpreendê-lo mais uma vez.

Eu não era como a maioria das garotas de vinte e poucos anos, tinha amadurecido bastante para tão pouca idade e isso se dava pela busca incansável que eu tinha por liderança. Era fácil para mim, ter estabilidade financeira e cuidar do meu próprio nariz, não precisava ir atrás de qualquer homem que fosse para me sustentar e isso era o bastante para que eu me sentisse bem o suficiente para continuar feliz e saltitante, mas não naquele momento.

Naquele momento, em particular, eu só conseguia pensar no quanto as coisas pareciam ser difíceis, não era fácil de maneira nenhuma se envolver com um cara comprometido, mas eu havia passado por cima disso por ele, eu queria mesmo voltar a ir para cama com ele, queria e era fácil admitir aquele tipo de coisa para o meu corpo em chamas ao se deparar com o dele e era bem mais fácil admitir quando tudo era mais real do que eu queria.

Tudo bem, eu não queria pensar no fato dele parecer sentir alguma coisa por mim, seria ridículo demais ter que pensar nisso a todo o tempo e tentar a todo custo segurar o desespero que eu sentia para dar meia voltar e correr atrás dele, eu não iria.

Ele estava certo demais que conseguiria ser forte diante ao desejo que aflorava o seu corpo, então que ele se deixasse levar, que ele sentisse falta e corresse atrás, eu não iria, não iria tentar.

Todo homem que se sente ultrajado age da seguinte forma:

Quanto mais você corre atrás, mais ele se faz de difícil e esnobe, quanto mais você se faz de difícil, mais ele vem atrás de você.

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