Capítulo 18 - Inteiro

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Quando perdi a minha virgindade, entrei em pânico quando vi a quantidade de sangue no lençol, eu chorei e reclamei com o meu ex-namorado, disse que aquilo estava errado e que eu tinha me arrependido. Ele tinha sido o cara mais fofo, o quarto estava repleto de pétalas de rosas, tudo maravilhosamente arrumado, velas tinham sido espalhadas, o único problema tinha sido o fato de ter sido no quarto dos meus pais.

É, foi lá.

Meu desespero tinha sido porque eu havia sangrado muito e em nada adiantaria lavar. Resultado? Corri ao shopping com ele antes que os meus pais voltassem da casa de campo e coloquei outra colcha. Minha mãe não caiu nessa e logo afirmou que eu deveria ter feito na minha cama de solteiro, mas não combinava; certo? Era a minha primeira vez.

Depois desse episódio, minha mãe criou o costume de sair falando para os familiares que eu era controladora. Não sabia lidar com coisas que aconteciam por acaso e talvez por esse motivo, eu estivesse tão perdida.

Minhas mãos tremiam ao segurar a porta e meus olhos estavam paralisados. O que tinha acontecido? O que estava acontecendo?

Por mais que eu tivesse agido por impulso durante toda a minha vida, sempre lidei com rejeições e estive preparada para um não, sempre seria mais fácil viver assim do que apenas acreditar que tudo aconteceria como eu queria, já que quando eu costumava almejar algo desse jeito, nunca era do jeito que eu queria, então eu parei, relativamente, ao menos.

Ainda tenho sonhos com fatos que eu quero que aconteça, com pessoas que circulam a minha vida, ainda tenho essa brincadeira de realidade versus ficção que me deixa um pouco melhor quando o dia parece ser chato e em todas as brincadeiras que fiz, imaginações que tive, nunca, jamais, teria uma cena desse jeito.

Nunca, bem a minha frente, um par de olhos vermelhos e um rosto molhado por lágrimas apareceria. Não dele ao menos.

Eduardo Bittencourt estava parado a minha frente, a camisa sob o corpo, os olhos perdidos no meu rosto. Ele parecia tão desconexo quanto eu e qual seria a reação que seria apropriada? Qual seria o certo a fazer? Quando todos os músculos do meu corpo me puxavam para que eu o abraçasse apertado?

Ele tinha chorado. Acreditem quando eu falo, ele não é desses. Em todos os campeonatos, em todas as comemorações, ele teve motivos o suficiente para deixar que aquelas lágrimas rolassem, mas não.
Não tinha acontecido e eu estava assustada.

Desesperada, talvez.

Mas nenhum significado exato. Os olhos dele pediam algum tipo de ajuda ou o que quer que fosse, mas eu não sabia o que fazer. Minhas mãos tremiam e eu segurava a porta com tanta força que talvez, pudesse quebrar caso eu tivesse mais força e ela fosse mais frágil, não era mentira.
Uma alucinação. Pisquei meus olhos várias vezes e ele não mudou sua expressão cansada ou desesperada.

Era tamanha agonia que eu não sabia.

Sabe aquela sensação de estar completamente desfocada diante de algo? Eu estava mais do que perdida, mais do que sã diante do certo e o errado.

Pensar na mulher dele e em qualquer coisa? Acreditem, minha mente não iria trabalhar para aquele lado, já que o meu corpo tinha um formigamento fora do comum para me pendurar no pescoço dele e não soltar nunca mais, ou quando ele resolvesse que estava na hora de me jogar de lado.

Reuni toda a coragem que havia surgido diante do meu corpo e suspirei, ainda sem dar passagem para que ele entrasse — Aconteceu alguma coisa? — Questionei e ele deixou que todo o ar dos seus pulmões saísse rapidamente. Uma dorzinha aguda se instalou no meu peito e eu sofri diante da sua agonia, mas nada disse. Apenas o encarei, enquanto esperava avidamente o que ele parecia estar pronto para me dizer.

Prorrogação Where stories live. Discover now