Capítulo 11 - Se importar

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As luzes intercalavam e uma rave estava bem próxima.
Um zumbido ecoava nos meus tímpanos e depois de uns 10 minutos dei-me conta de que era apenas Dominó — Jessie J.
Por um momento pareceu ser uma rave.
A luz era branca, mas ficava piscando como se estivéssemos numa boate e não existia boate aberta em plena segunda feira.
Quem, em plena segunda feira, vai a um pub encher a cara de cachaça?
Cachaça, não. Fico com ressaca.

'Vodka ou água de coco, pra mim tanto faz'*

Sorri ridiculamente.
Nada de tanto faz, existia uma enorme diferença de uma para a outra, se eu estivesse bebido apenas água de coco, não estaria um pouco embriagada.
Só um pouquinho.
Aquele ditado certeiro de que a bebida entra e a verdade sai, é maravilhosamente perfeito.
Nesse exato momento, me pego sorrindo para tudo o que a Marcella fala, mesmo que não entenda uma palavra.
A ideia de vir para um pub perto de casa tinha sido dela porque o ex-namorado havia feito qualquer coisa que eu sequer tinha entendido ao telefone.
Depois de um dia em que nada havia dado certo, tinha de ter muita vodka, sem água de coco, para ser mais exata.
Diferentemente dos dias anteriores, esse dia em especial havia sido uma merda, 4 visitas e nenhum 'vamos pensar'. Os clientes simplesmente estavam fechando os cofrinhos e guardando o dinheiro para o que quer que fosse.


Meus olhos encheram de lágrimas. Eram as 4 visitas da semana, todas num mesmo dia, negativas. Vida de corretora não era fácil, ou era na maioria do tempo.
O problema era o mercado imobiliário que estava parado a ponto da alta sociedade estar também economizando.
As grandes metrópoles tinham esse grande problema e eu que pagava no final das contas.
Por muitas vezes pensei em desistir. Começar uma faculdade ou ir atrás de outro tipo de empreendimento, tinha muitas economias guardadas, mas não duraria para sempre. Se as coisas começassem a cair drasticamente e por um tempo indeterminado, eu teria que sofrer as consequências.


Voltar para a casa dos meus pais era algo fora de cogitação.
Não sou muito de ficar grudada na família, mas ambos tinham um espacinho especial no meu coração. Eles em sua casa, eu na minha.
Desde muito nova trabalhei para isso, independência; e não tinha nada melhor do que ter um lugar para chamar de meu.
4º copo de vodka. A mente já começa a transportar para lugares nos quais a bebida teria que aniquilar, porque pessoas bêbadas têm a mania de gostar de lembrar do que não se deve?

Eu, por exemplo, estou parecendo uma louca com saudades do filho da puta chamado Eduardo Bittencourt.
Parece mentira, não é? Não faz nem 7 dias em que nos esbarramos no Náutico e eu já estou com saudades.
Pensei que amantes tinham um dia na semana para ficar com o carinha, mas no meio disso tudo tem o Náutico.
Tem o Náutico no meio do caminho.
Ele teve de viajar para jogar fora, claro que ganhou e nem passou por aqui, indo logo para mais outro jogo.
Se eu fiquei feliz? Lógico. Ver o sorriso dele na televisão era algo que eu realmente gostava de ter pertinho de mim e uma parte da bebida de hoje se dava a isso.
Ele tinha voltado hoje à tarde e não me ligou, lógico que eu sabia que não seria assim, mas o que custava?!


Meu lado depressivo por causa da bebida estava aflorando, a minha mente que se fodesse. Eu não queria saber do que as meninas estão conversando e rindo.
Ele não tinha saudades de mim? Custava ir para a minha casa ou me ligar, em vez de ir para os braços da esposinha devota?
Irritei-me quando lembrei o sabor do beijo dele. Por que mulher era daquela maneira e tinha que ficar lembrando-se do carinha imbecil o tempo todo?
Dizem que a bebida entra e a verdade sai, e que se fosse para sair, que saísse rápido: Eu estava apaixonada por ele.
Não poderia externar aquilo, gritar para as meninas, já que provavelmente eu teria algum tipo de assassinato brutal e doentio, mas ainda sim, eu estava. Sabe quando todas as borboletas fogem do seu estômago o tempo todo e você não sabe lidar com aquele tipo de coisa? Estou bem assim. Algo como ele aparecer na minha frente e o meu coração bater descompensado e apaixonado. As estrelinhas e os fogos de artifício ficavam sempre presente e quando ele caminhava com aquele sorriso lindo até a minha direção, eu simplesmente não conseguia dizer não.

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