Capítulo Cinco - O Controle

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            Oito horas da noite e eu ainda tentava fazer cooper para afastar pensamentos da minha mente e perder algumas gordurinhas adquiridas em dias repletos de doces, dos quais eu não conseguia me separar. Meu corpo pedia por uma cama e era exatamente assim que eu conseguia dormir bem todas as noites. Era fácil chegar em casa, tomar uma ducha rápida e dormir logo em seguida, com o corpo cansado e a mente mais cansada ainda, nada conseguia atrapalhar o meu sono de beleza. Mais duas semanas haviam passado e fazendo um resumo rápido dessa semana, eu poderia dizer que quando uma parte da sua vida vai bem, a outra despenca drasticamente, e eu poderia dizer que em termos profissionais, eu não poderia reclamar do que vinha acontecendo.

Foram quatro negócios fechados e levando em consideração o nível dos imóveis, eu poderia dizer que eu estava bem assessorada pelos próximos meses, o que era imensamente prazeroso.

Trabalhar com vendas, em negócio próprio era algo que eu realmente gostava de fazer. Era fácil demais para mim fazer o meu próprio horário, trabalhar em casa e ter o tipo de vida que eu sempre quis. Claro que para chegar até onde eu cheguei, foram anos e anos trabalhando numa corretora simples e pequena que com os contatos certos, me fez sair daquilo ali. Não que eu esteja reclamando, claro, eu até gostava, mas para uma garota que sequer se resolve diante da faculdade em que cursar, eu realmente precisava de algo para me ocupar e algo que desse dinheiro, já que apesar da ocupação dos meus pais e do dinheiro deles eu sempre quis a minha independência. Aos dezoito anos, eu comecei a trabalhar, diferentemente de algumas garotas, que saindo da escola vão direto para a vida na faculdade cheia de festinhas e pegação. Eu não queria nada daquilo, talvez por saber que, no fundo, se eu não trabalhasse, não conseguiria me formar e ter o meu próprio dinheiro e isso sempre foi a minha realidade, já que eu não queria nada com nada. Estudar sempre foi um problema para mim, nunca gostei de fazê-lo e sou do tipo de pessoa que me arranjo do jeito que dá, diferentemente dos demais que adoram a simples ideia de constituir um futuro, me dava nos nervos.

E depois de passar por lugares completamente diferentes, como lojas de sapatos, corretoras e escritórios de advocacia, aqui estou eu, fazendo cooper com o meu tênis caro, escutando uma música boba no meu ipod.

Um pouco cansada, resolvi sentar num banquinho que tinha ali e retirando um pompom meio infantil dos meus cabelos, eu os organizei num rabo de cavalo que estava bastante desorganizado anteriormente, peguei o ipod em mãos e coloquei uma música mais calma, relaxando o meu corpo enquanto eu deitava minha cabeça naquele banco e fechava os olhos, sem me deixar abater pelo número enorme de pessoas que corriam e se exercitavam por ali. Não demorou dois minutos para que a minha cabeça voasse para um lugar que eu fazia de tudo para esquecer. Sou uma tola, eu sei, mas determinadas coisas eram muito difíceis de esquecer, tais como a pele dele em contato com a minha, fazendo o meu coração disparar, ou o beijo dele.

O beijo dele.

Poderia dizer que havia sido diferente de tudo o que eu havia vivido durante todos os meus anos de vida e aquilo sim era uma revelação e tanto. Como boa garota no auge da puberdade eu já tinha até competido com as minhas amigas para saber quem ficaria com mais caras numa noite e vá por mim, eu não sou tão santa, nem um pouco santa em termos de beijo. Eu tinha experiência o suficiente para distinguir o que excitava num beijo, num ficar. Eu sabia muito sobre esse tipo de coisa e ele, de maneira geral, era o qual eu nunca havia me preparado.

Eu sempre soube que existia um beijo em que a química era perfeita e eu tinha pensado que isso havia acontecido no auge dos meus 16 anos, quando eu havia tido um rolo com um garoto que tinha o melhor beijo do mundo, apenas o beijo, já que aquilo não passou da primeira noite e ele sequer se interessou em me ver uma segunda vez. Coincidência, não? Não. Na época o garoto queria passar no vestibular de medicina e aquilo era a única coisa que nos separava, tão diferente de mim e do Eduardo.

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