Capítulo nove - O ciúme

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Quase todas as vezes em que uma garota se encontra na cama com um homem e abre os olhos, é fácil sentir os pesados braços dele sobre si.

Algumas conseguem suspirar ao sentir o coração em disparada, outras se sentem desesperadas por terem achado que haviam bebido demais na noite anterior.

Já passei pelas duas situações.

Com o mesmo homem.

Nesse instante, seus olhos estão fechados e sua respiração está um tanto pesada. Ele está dormindo.

Calmamente e docemente. Quem vê essa cena não imagina de maneira alguma que o cara que dorme abraçado ao meu corpo nu é um cara que trai a esposa e mais importante do que isso, é um jogador de futebol.

Alguns flashes passam pela minha mente ao tentar tirar seus braços de cima do meu corpo, sem sucesso. O máximo que aconteceu foi apenas um reclamar dele, ao se remexer e me encaixar firmemente ao seu corpo, proporcionando um arrepio leve.

Sistema nervoso dos infernos.

Garota burra, burra, burra.

Por que eu sou burra?

Bem, eu transei com ele incansavelmente durante toda a noite, não conversamos sobre o que eu havia acabado de falar, muito menos tivemos algum lance mais romântico. Meu corpo estava dolorido e o dele estava todo arranhado.

A química que nos unia era forte, eu só não sabia dizer se era forte o suficiente para que eu aceitasse seus termos. Por mais que fosse nítido para mim que era quase como um desafio pessoal, ainda me sentia um pouco desconfortável.

Um pouco não, bastante.

"Amante."

A palavra ficava ecoando na minha mente a cada segundo em que eu pensava nele. Levando em consideração que nas poucas horas em que preguei os olhos, não cochilei mais do que cinco minutos, fazia bastante tempo em que eu não fazia nada a mais além de pensar nele.

Numa breve síntese sobre o sonho de mais cedo, a única frase que pinica os meus pensamentos a cada minuto é um 'WTF?', já que não parecia que muita coisa havia mudado desde a última vez em que acordei. Terá sido um presságio de algo que está prestes a acontecer? Se for presságio mesmo, tenho o poder de mudar o meu futuro, caso não queira que coisas como aquelas aconteçam e acreditem, não quero ter que chorar por ele.

Claro que eu gosto dele, isso é fato. Até acho que sinto coisas demais, mas tudo depende da maneira em que tudo seguirá a partir de agora.

Fechei meus olhos e tudo veio à minha mente, os olhos dele falavam bem mais do que queria entender e no fundo, era fácil deduzir o quanto as coisas correriam por entre as ruas de algo novo e inusitado. As pessoas não saberiam o que tínhamos, mas e eu? Poderia ter coisa com outros caras? Teria? Ser amante de um cara significa bem mais do que um simples casinho besta de final de festa. É algo programado, é algo maior, sei lá.

Algumas vezes já ouvi amigas conversando sobre o assunto e por mais que eu fosse a que mais repudiava esse tipo de comportamento, havia passado por cima de tudo por um simples cara, uma simples transa.

Valia mesmo a pena?

Ele valia a pena?

Por mais que quisesse gritar um sonoro sim para tudo, não poderia fechar os olhos diante disso. Era a minha realidade, a que escolhi para mim.

Deveria arcar com as consequências do meu ato.

Ter o corpo dele contra o meu era algo que valia a pena, mas e quando ele fosse embora? Quando mandasse um beijo para esposa ao fazer um gol? O que eu faria? Iria chorar? Desesperar? Ser amante era isso, não era? Assumir os erros e calar a minha boca diante de coisas desse tipo.

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