Capítulo 17 - Excesso

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                                              Mais um capítulo da minha vida indo para os ares.


Uma semana na casa da minha mãe afirmam que eu preciso muito mais de terapeuta do que qualquer outra coisa, as lágrimas que eu deixo que escorressem pelo meu rosto, o drama que tudo tinha se tornado.

A culpa tinha sido minha, completamente minha. Era inútil afirmar que as folhas caindo das arvores não mudam o percurso, elas caem dos galhos quando já estão secas e vão até o chão, as vezes, caem em cima de carro, ou na cabeça de alguém, mas são fatos isolados.

A vida é assim, ela é cheia de fatos isolados e mulheres como eu tem a mania de achar que esses acontecimentos são cotidianos. No dia-a-dia a folha cai no chão, não na cabeça de alguém.

Na vida real homens perfeitos não existem e quando existem eles são casados cujo esposa tem câncer.

Eu poderia ser uma filha da puta e gritar um viva, me apegar no Eduardo e afirmar que estava ao seu lado. O momento perfeito para conseguir o garanhão seria esse, ele estava mal e a garota puritana faria o que? Seria linda.

Mas não.

Eu não seria essa garota e por pensamentos assim que me encontro com uma mala de roupa saindo do meu estacionamento em busca de mais uma semana na casa da minha mãe.

Lá estava indo para mais uma semana em que apenas o chocolate seria meu melhor amigo. Assisti uns 200 desenhos da Disney e todas as princesas com seus príncipes maravilhosos, seria legal pensar que o meu não estivesse com uma mulher com câncer e que provavelmente ela será o amor da vida dele e que ele nunca a esquecera, porque ruim mesmo é ter essa certeza.
A de que nunca daremos certo.

Ele me ligou, incansavelmente nesses dias, me mandou email e não sei mais o que, desliguei o celular depois das lágrimas e dos soluços que a minha mãe escutou e quando ela disse que eu precisava parar, garotas lindas como eu não choravam por garoto nenhum. Eu era linda, não era? Pelo menos ela achava.

Tirando o fato do que a cada segundo que se passava eu me achava mais e mais insana por desejar, com cada músculo do meu corpo, saber se ele estava bem eu até que conseguia sorrir.
As palhaçadas do meu pai eram as melhores, a atenção que a Bruna estava me dando, tudo estava maravilhoso.

Então, quem seria eu para reclamar?

Não havia nada nessa vida que me fizesse me sentir mal, mesmo que eu chorasse o tempo todo, eu tinha que esquecer ele a distância estava me ajudando.

— Laís — Escutei o meu nome sendo chamado baixinho e paralisei com as mãos na porta do carro. 

Meu coração acelerou e eu fechei meus olhos, não podia ser verdade. Homens são mesmo engraçados, se eu soubesse que desaparecendo da vida dele, ele iria atrás de mim eu teria feito um esforço a mais tempo, mas não. A burra da Laís correu atrás dele e ele esnobou sem pena. Não virei meu rosto, imediatamente pelo menos. Metaforicamente falando, meu coração parecia estar em erupção e de todas as vezes que pensei nele vindo atrás de mim e afirmando que me amava, aquela foi a que mais me deixou perdida.

Quando desejamos muito alguém, tudo fica impregnado na mente de modo em que não conseguimos esquecer dos momentos mais intensos, nos agarramos a eles e por nada conseguimos desapegar. Lembro-me quando criança, as histórias que escutava atrás da porta. A mamãe sempre afirmava que amava o papai e não conseguia ficar longe dele, mesmo que as adversidades fossem fortes o bastante para que ela passasse por cima e eu não dava o menor valor. Sempre pensava que as viagens do papai eram legais e me faziam felizes porque ele sempre trazia presente, mas quando ele viajava e a estava brigado com a mamãe, ela ficava como eu estou nesse momento.

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