[02] Damn lupus genetics

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—Eu estou lhe dizendo com todas as letras! — estava convicto de sua opinião e não mudaria isso. —O General Kim teve a ousadia de colocar um ômega para comandar o exército! Vamos perder a guerra!

—Acalme-se, meu filho — pediu com educação, mas estava à um fio de perder a paciência. —Seokjin sabe bem o que faz... se ele tem a certeza de que este ômega conseguirá comandar um exército inteiro é porque ele conseguirá.

—Como pode estar tão calmo quanto à isso? Ômegas são inúteis! Servem apenas para procriar! E não mandar em alfas — alterou a voz, levando o senhor a se botar de pé e encarar o próprio filho nos olhos, com um olhar selvagem de um verdadeiro predador.

Namjoon se quer teve tempo de se defender, o tapa já havia acertado sua face com tamanha força, que sua cabeça tombou para o lado e o estalo ecoou por todo o cômodo.

—Sua mãe era uma ômega — rosnou entredentes. —Jamais ouse intitular outro ômega desta maneira, você não faz ideia do quão especiais essas criaturas são!

—E por que eles estão abaixo de todos na pirâmide social?

—Porque o nosso governo é uma desgraça. Onde apenas os fortes são respeitados, quando deveria ser completamente o contrário — respondeu com certeza na voz. —Agora saía!

(🥀)

—Atenção! Sentido! — ordenou alto o suficiente para todos escutarem. Seus olhos varreram por todos os soldados até parar em um deles. Com passos pesados, se aproximou do rapaz loiro até estar frente à ele. —Acho que não fui bem claro... — o novato arregalou os olhos e se pôs de pé ao terminar de amarrar o cadarço de seu coturno. —Sentido cadete! — rapidamente entrou na posição exigida. —Qual o seu nome?

—K-ĸim Taehyung, senhor — respondeu engolindo a seco e se xingou mentalmente por gaguejar.

—Um dos Kim's, uh? — cruzou os braços frente ao peito. —Você por acaso não acha que receberá algum tipo de privilégio apenas por ser um Kim, certo?

—Não, senhor!

—Ótimo — sorriu satisfeito. —Duzentas flexões, agora! — ordenou, usando um tom de voz completamente diferente.

Se fosse um alfa, qualquer um identificaria aquilo como a tão famigerada "voz de alfa". Porém, como não era, apelidou a tal habilidade de vox — voz em latim.

—Sim, senhor! — o loiro se abaixou, iniciando as flexões.

—Não estou te ouvindo contar! — posicionou a mão atrás da orelha como se fingisse tentar escutar.

—Um! Dois! Três....

—O que vocês estão fazendo parados? — Jimin questionou olhando para o restante dos soldados. —Vão, apressem-se e acompanham-no!

Os alfas se entreolharam e deram de ombros obedecendo a ordem dada. Enquanto isso, Park observava tudo atentamente. Queria de certa forma, que algum deles falhasse em algo. Gostava de dar ordens, e das severas.

Não era difícil encontrar alguns novatos com dificuldades apesar de serem alfas. Essa era a questão, alfas são fortes por natureza e isso acabava transformando-os em preguiçosos e sedentários.

Jimin fez questão de se aproximar de cada um deles e gritar em seus ouvidos para fazerem direito. Aquele cargo, com certeza, era o mais perfeito para ele. Essa era uma das principais características de um ômega lúpus.

Poder e dominância.

A única vez que um ômega lúpus falha nesses princípios é no cio. Mas até lá, Jimin ainda tinha dois meses e provavelmente usaria o inibidor.

—Ei, você! — cutucou o novato que falhava em fazer as flexões. —Você é um alfa, uh? — viu o rapaz assentir. —Então me diga, por que não consegue fazer uma simples flexão? — ele abriu a boca para responder, mas Jimin falou antes dele. —Faça direto antes que eu te arrebenta na porrada.

Se afastou, ouvindo o alfa bufar irritado. Sorrindo, ele percebeu que a contagem havia finalmente chegado a duzentos e os soldados se botavam de pé com os músculos rígidos.

—Terminaram? — levantou as sombrancelhas. —Que bom — parecey pensativo por um segundo. —Corram ao redor do pátio! Pra ontem!

—Até quando, senhor?

—Até eu dizer chega.

Os híbridos começaram a se mover e correr ao redor do pátio. Park observou tudo sorridente, ainda mais quando alguns deles começaram a tirar a camiseta por conta do calor.

—Deus, que vista... — Jin apareceu de repente, fazendo o comandante dar um sobressalto de susto.

—Caralho — levou a mão ao peito respirando fundo. —Eu sou cardíaco, faz isso não.

—Desculpa — pediu rindo.

Ficaram em silêncio por um momento, apenas observando aquele monte de caras correndo suados com o torso a mostra. Até que Jimin resolveu perguntar.

—O que você faz aqui?

Ignoranteee — cantarolou. —O Tenente Jung chegou de viagem.

—E?

—Ele quer te ver.

—Pra que?

—Aish! — virou-se para o acastanhado, com o olhar transmitindo sua irritação. —Você é o comandante agora, ele quer parabenizá-lo!

—Ora, peça a ele para que venha aqui — deu de ombros, bocejando. —Não tenho tempo para distrações. Como você mesmo disse: sou o comandante agora, ou seja, mais responsabilidade.

—Como você é chato — rolou os olhos.

—A questão não é essa, seu cretino — desvencilhou a atenção dos soldados por um momento e voltou-a para Seokjin. —Quantas vezes vou ter que enfiar nessa sua cabeça oca que eu sou um ômega?

—Lúpus — corrigiu.

—Foda-se! Isso não tira o fato de eu ser um ômega — explicou, tentando fazer o amigo entender pela milésima vez a sua atual situação. —Enquanto você, como alfa, se errar uma vez não acontece nada. Comigo, como ômega, é considerado quase um crime que terei de pagar com a vida! Eu estou feliz como comandante e sabia das consequências, portanto, preciso ser cauteloso.

—Desculpa, você tem razão — abaixou a cabeça.

Que ironia, deveria ser o contrário na visão de algumas pessoas.

—Diga a Hoseok que irei visitá-lo à noite, preciso acertar algumas coisas com ele mesmo — suspirou. —Agora levanta essa cabeça seu bastardo, vá trabalhar e ser útil.

Ele sorriu. —É por isso que eu te amo — apertou as bochechas avantajadas do menor e se retirou do local.

Jimin riu, bobo. Seokjin sempre será seu velho e insubstituível amigo, mesmo sendo um idiota as vezes.

Agora, ele esperaria seus homens terminarem a corrida, mas se deu conta que eles não parariam até segunda ordem. Se bateu mentalmente e fez os soldados quase se jogarem no chão quando:

—Já chega! — gritou. —Caramba, vocês são mesmo obedientes — sorriu orgulhoso. —Irei dispensá-los mais cedo por isso, podem se retirar.

Suspiros e murmúrios rondaram a região até sobrar apenas o acastanhado alí. O sol ainda brilhava firme e forte no céu, não oscilava em nenhum momento.

O sol era um maldito mimado.

Deglutiu seco, com calor e sede. O máximo de esforço que fez no treino foi gritar no ouvido de alguns novatos, e isso foi o suficiente para que secasse-lhe a garganta.

Levantou o braço, para ver se iria precisar de outro banho e tossiu algumas vezes, desesperado, ao aproximar o nariz da axila e sentir que seu cheiro não estava nada agradável.

—Maldito gene lúpus e seus odores cítricos.

War of ruined · jikook [ABO]Where stories live. Discover now