🌹[03] Converse 🌹

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"As pessoas que não sabem amar a si mesmo buscam constantemente a aprovação alheia e sofrem quando são rejeitadas. Para quebrar essa dinâmica, devemos admitir que não podemos satisfazer a todos.

-Friedrich Nietzsche"

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Naquela manhã tudo parecia diferente.

Jeon sempre acordava cedo antes mesmo de o sol estar totalmente erguido no céu pois gostava de admirá-lo e tentar fugir de alguma forma da sua realidade.

Porém não daquela vez.

Não quando ela estava o sufocando daquela forma, não quando ela estava transbordando e pedindo por clemência para ser notada pelo menos um pouco. O moreno nunca deu ouvidos a ela.  Ele nunca quis dar o mínimo de atenção para si mesmo, nunca notou o quanto sua vida estava vazia e o quanto esse vácuo era extenso em seu peito.

Nesse instante mesmo queria fugir de novo e se trancar em si mesmo, queria apenas mais um tempo antes da bomba que era suas emoções chegar a um ponto de extrapolar. O seu limite estava sendo ultrapassado e estava se sentindo esgotado, deprimido e sem a mínima vontade de colocar seus pés para fora da cama.

Todavia mesmo com seu peito doendo e com o desgaste o tomando conta ele iria novamente entrar de volta em seu casulo. Não queria se dar o direito de ser libertado, de sentir o vento fresco e a sensação de liberdade o consumir. Não achava justo depositar seus problemas em cima dos outros e depois achar que tudo vai ficar bem, que falar sobre o que pensa e jogar o peso dos seus problemas nos outras vai lhe trazer algum alívio. Não vai. Não poderia jogar seus aborrecimentos nos outros e sair livre e cantarolando por aí, era injusto. Ele que tinha que lidar com isso.

Não agora, não naquele momento. Ele não tinha forças para tal ato.

Naquele dia em questão ele acordou muito tarde. O sol já iluminava cada canto do seu quarto e a escuridão era engolida pelo brilho que aquela manhã trazia. Não dava tempo de se arrumar para ir para o colégio e se encontrar com seus amigos – e mesmo se desse ele iria ignorar e ficar em casa. Não queria encarar ninguém naquele momento. Queria aproveitar para ficar sozinho e não fazer absolutamente nada, queria desligar a sua mente e ficar em seu quarto encarando o teto sem pensar em nada.

Todavia até mesmo suspirando sua mente trabalhava para afligi-lo de algum modo. Sua mente sempre reproduzia as imagens do que aconteceu na noite passada, era como se seu corpo tivesse sido esmagado e toda a exaustão do mundo fosse depositada em seu peito.

Por um momento fechou os olhos, respirou fundo e tentou reproduzir para todo o seu corpo que aquilo não se passava de um sonho. Sonho não. Pesadelo.

Queria pensar que acabou de acordar, que tudo não se passou de uma alucinação. Uma peça pregada por sua mente que induziu Jungkook a pensar tanta bobagem.

Por poucos segundo até acreditou. Acreditou que aquilo era só uma brincadeira de mau gosto do seu cérebro e que não disso era real.

Precisava acreditar nisso.

Mas não durou muito tempo.

Não quando seu pescoço começou a latejar de dor; não quando ergueu seu corpo minimamente e encarou o travesseiro branco manchando com sangue de seus machucados, não quando levou o dedo médio e o indicador para seu pescoço e sentiu a textura áspera dos pequenos machucados se formando e do ardor fora do comum que sentiu quando tocou neles.

Não podia mais fugir. Era tudo real.

O peso que em seu corpo instalou também era real, seus músculos doendo também eram reais e a exaustão também era real.

Always ↬ jikookWhere stories live. Discover now