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Point Of View: Lalisa Manoban


— Você é uma das piores pessoas que já conheci! Eu te detesto! Seja qual for seus motivos eu não tinha nada a ver com as suas merdas!

Eu não sei. Sinto que estou em solo sagrado, então desde já eu peço desculpas, Deus. A minha visão está clara, mas parece que tenho poeira nos olhos. Estou com tanta raiva que minha mão direita tremulou. Sinto que posso vomitar a qualquer momento se continuar olhando para ela, pois não existem motivos plausíveis para justificar o que foi feito.

— Hum... — Jennie parou por um momento olhando o nada.

Procurava se manter atrás das costas de Cheng como se a mesma fosse um muro, e a cada passo que eu dava Cheng parecia erguer um pouco mais o braço para a direita em direção a Jennie, afim de protege-la de mim. Não será possível, apenas eu tenho a capacidade de raciocinar por aqui? EU sou a vítima na situação, qual o seu problema, Cheng?

Até que Jennie umedeceu os lábios e voltou a olhar para mim e revirou os olhos:

— Foi só uma brincadeira. As pessoas precisam aprender a não levar as coisas tão a sério.

— TÁ DE BRINCADEIRA!? — Exclamei, fazendo as duas arregalarem os olhos.

Eu respirei fundo, tentando controlar a minha fúria, mas minha garganta estava tão seca. Droga eu preciso de água. Meu estômago se reprimiu. Vomito. Não, não, não!

— Você... está bem? — Eu estava com as mãos na barriga quando minha cabeça baixa só me possibilitava ver os pés de Cheng, se afastando de Jennie e se aproximando de mim, cautelosos, ficando no meio termo entre Jennie e eu.

Minha barriga roncou. Eu não como há quatro malditos dias, inferno. O meu estômago dói tanto que obriga minhas costas a permanecerem curvadas.

Ergui a cabeça direto para Jennie. Depois de tudo isso, nem simples desculpas ela é capaz de dar.

— Eu vou te bater. — O meu estado de letargia não contribuía para isso acontecer, meu pensamento era agressivo, mas minha motivação para isso era zero. Ainda mais quando parecia que minhas entranhas estavam sendo torcidas. Mas mesmo assim elas se assustaram.

Então eu avancei com a maior força que eu conseguia produzir no momento em direção a Cheng, que tinha um braço estendido em minha direção enquanto deixava Jennie segurar em sua roupa às suas costas, fazendo-a em uma barreira contra mim e flexionando os joelhos na espera de um possível ataque meu.

Mas eu pisei para o lado bem na sua frente e desviei do corpo das duas. Corri para fora do quarto até o banheiro e descarreguei tudo o que tinha no estômago, que constituía somente em um mar de líquido amargo e viscoso.

Minha garganta ardia. Percebi minha visão turva escurecer enquanto eu expulsava todo o conteúdo gástrico pela boca. Estiquei o braço para alcançar a descarga e fiquei de pé com as pernas vibrando. Tentei ficar ereta, mas algo nas minhas costelas impediu ao reproduzir uma dor fina excruciante, puxando minha coluna para baixo.

Me vi pelo espelho, fitando meu rosto avermelhado e minha respiração afobada.

— Desculpa. — Sibilou Jennie. Se aproximou ficando a uma pia de distância. Passei o braço do moletom pelo rosto e respirei fundo antes de olhar para ela. Jennie deslocou os olhos para outro lugar, incapaz de me encarar.

— Uau... — Arfei.

Eu me sentia tão mal que não sabia se estava prestes a gritar ou chorar, mas sabia que seja lá qual fosse a opção correta, não o faria porque até manter os olhos abertos agora estava sendo exaustivo. E tudo o que ela tem a dizer é "desculpa". Óbvio, é o que dizem em situações como essa, mas é uma palavra muito usada, portanto, banalizada, ou seja, não é o suficiente e não me tranquiliza.

betting everything [Game Over]Onde histórias criam vida. Descubra agora