twenty eigth

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Point Of View: Lalisa Manoban

Em um lugar apedrejado eu me encontrava confusa e perdida. Sentia frio, mas o lugar era visualmente florestal, flores brotavam invadindo as pedras da parede e cipós se arrastavam até o chão de terra. Era claro, a luz conseguia penetrar o interior pelas brechas. Parecia um iglu gigante, só que feito de pedras, se erguendo infinitamente. Nada tinha ao redor e eu não conseguia enxergar nenhuma saída.

Era um sonho e eu sabia disso.

Perambulo à procura de uma saída e o que encontro é uma grande fisgada no pé. Sentindo a dor irritante, me abaixo e vejo o que acontece; de um grande espelho quebrado no solo, um caco de vidro perdido tinha me ferido, deixaria um corte relativamente médio. Eu o seguro com a ponta dos dedos e me preparo para tirá-lo. Meus olhos passam rapidamente pelas de mais partes do espelho antes de eu prender a respiração e puxar de uma vez.

Em seguida eu não sei o que me assusta mais, se é o meu machucado que magicamente cicatriza assim que eu retiro o vidro ou se foi a imagem de meus olhos refletidos no espelho. Parecia que tinha respingado tinta verde na íris dos meus olhos. Em parte, estavam castanhos escuros e em outras se transluziam para o verde. Meu corpo pula para trás com o susto e minhas costas colidem com um grande mar de uma quente penugem negra e macia. Meu corpo paralisa.

Não tenho coragem de erguer a cabeça, em meu campo de visão apenas vejo duas patas gigantes cada qual em um lado do meu corpo. É um monstro.

Mesmo estando em um sonho eu temo que algo ruim aconteça, mas mesmo assim engulo em seco, lentamente levanto a cabeça e ao chegar no topo enxergo uma enorme cabeça felina com olhos anormalmente verdes. Rapidamente eu me afasto, pulando alguns passos apenas para ficar numa distância consideravelmente segura.

Um gato gigantesco. Seu rabo longo fazia ondas pelo ar, se espiralando. Me encarava com aqueles olhos grandes, o rabo se elevando curiosamente. Ele piscou e suas pupilas se tornaram verticais. Eu estava amedrontada. Até que o vi tombar a cabeça para o lado, suas orelhas se acentuaram e ele desviou o olhar do meu, escaneando o lugar cuidadosamente, parecia estar procurando alguma coisa. Ele mia e começa a caminhar em direção a parede com tanta confiança que pensei que fosse atravessá-la. Me perguntei o que ele pretendia fazer.

Até que as pedras se tornam translúcidas ao seu toque, como uma espécie de portal, e ele atravessa.

— Espera. — Eu grito. O gato para, vira a cabeça grande para me olhar uma última vez antes de ir embora.

Ao vê-lo ir, me sinto compelida a segui-lo. O gato corre, eu estou logo atrás, estranhamente na mesma velocidade correndo em um ambiente escuro no qual parece se esticar e nunca ter fim. Criasse uma ventania açoitando-se contra meu rosto por tempo indeterminado até que o gato dá um salto para fora do caminho reto que seguíamos e desaparece no meio do breu.

Então eu paro, e não estou ofegante. Uma única luz surge num círculo onde eu estou exatamente no centro, o que sobra é apenas uma escuridão sufocante.

Ora, ora. Escuto uma voz feminina familiar, me viro em sua direção, parecia vir do teto. Um corpo cai de lá de cima bem na minha frente, como se tivesse sido cuspido pelas sombras, a pessoa se levanta lentamente e assim que tem as pernas esticadas eu contemplo a figura de Jennie.

Jennie.

Pode achar que me conhece, mas não. Diz ela, cruzando os braços e erguendo o rosto de modo desafiador.

betting everything [Game Over]Where stories live. Discover now