fourteen

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Point Of View: Jennie Kim

Eu fechei os olhos e quando abri já estava do lado de fora do portão. De alguma forma a densidade do ar — ali de um lado que não fosse o orfanato em si — parecia ser bem mais leve do que lá dentro. Mas eu não tive muito tempo para pensar nisso porque ainda conseguia ver todos os seguranças correndo em nossa direção, todo o campo estava rapidamente sendo preenchido por alunas, freiras, seguranças, até os funcionários da limpeza. Conseguia ouvi-los gritar para abrir o portão novamente, mas Woobin tinha sido muito claro com a decisão de trancá-lo minutos atrás. Estava muito longe, eu não conseguia interpretar a expressão no rosto de ninguém.

Um aperto na minha cintura, no qual ainda não tinha me dado conta, afrouxou. Então eu sentei e encarei a multidão, observando todos se aproximarem quase como se estivessem em câmera lenta. Ainda era surreal demais para simplesmente aceitar que tinha acontecido.

Mas um calor em forma de mãos humanas me segurou pelos ombros e me sacudiu.

— Jennie, acorda! Eles estão vindo atrás da gente, vão abrir o portão novamente. — Lisa abaixo de mim se remexeu e então começou a se pôr de pé, me tirando de seu colo e dando apoio para eu levantar.

De imediato, segurei nas grades, não fui capaz nem de mentalizar palavrões para descontar a raiva, porque minha cabeça só pensava no fato de eu ter deixado Cheng para trás. Se for para ficar longe dela, eu prefiro mil vezes permanecer aqui.

— Jennie...

— ME SOLTA, LISA. — Não consegui conter o grito ao sentir sua mão em meu ombro esquerdo. — Você é maluca!

— Tem razão. Agora vamos logo. — Lisa voltou a me tocar, no braço dessa vez, sem tirar a atenção do terreno movimentado do orfanato a cada segundo se aproximando ainda mais, ameaçando nos puxar de volta para dentro. Mais uma vez afastei sua mão de mim. Lisa me encarou preocupada.

— Eu vi como agiu quando soube que teria uma arma no jogo, você ficou feliz, você tem problemas!! — A acusei.

— Era encenação! — Justificou rapidamente.

— Impossível! O seu rosto, a sua voz. O jeito como ficava aparente que você pensava coisas doentias! — Eu estava ofegando.

— Eu preciso pensar como uma louca para fazer loucuras. — Respondeu, revezando entre encarar meus olhos e o caminho adiante com a neve pressionada com marcas de pneus. Lisa parou e fixou seu olhar em mim. — Olha, eu tenho sensatez, estou consciente. Sei que foi perigoso, mas... — Ela fechou os olhos com força e puxou a cabeça para trás, como se estivesse se forçando a continuar calma. Lisa falou entredentes em seguida: — Não posso ficar mais nenhum dia longe dos meus amigos, entenda. Se eu fiz o que fiz, foi tudo por um bem maior. Se eu morresse ali, não iria ser diferente do que passar sei lá quanto tempo longe deles.

— Então você pode ir para os seus amigos, mas eu não posso ficar com a minha? Vai embora e me deixa aqui!

O rosto de Lisa se enraiveceu.

— Depois de tudo o que eu fiz para te trazer aqui e até mesmo arriscar a minha chance de vazar por sua causa, de jeito nenhum você vai ficar nessa merda. — Olhou mais uma vez para a confusão no orfanato. — Vamos logo, ficar conversando aqui vai ferrar a gente...

— Você não decide isso, eu não pedi para você fazer o que fez!

Lisa praticamente fumegou em minha frente. A ponta do seu nariz ficou vermelha de raiva.

Ela curvou o corpo para baixo e quando levantou os meus pés saíram do chão, meu corpo se encontrava encimado em suas costas, passando por seus ombros. Seus braços tornaram minhas pernas bem seguras contra si.

betting everything [Game Over]Where stories live. Discover now