uma chance

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Estava tão distraído em meu celular, que quando fui dar o primeiro gole em meu café, este já estava morno.

Yoongi e eu chegáramos cedo naquele dia, e eu já estava pronto – roupa, maquiagem – para mais uma sessão de fotos. No entanto, acho que estava adiantado demais, pois parte da equipe ainda não dera as caras. O fotógrafo incluso.

Sendo assim, eu tinha um tempo livre antes de começar o trabalho, e havia muitas coisas que eu poderia fazer nesse tempo. Escrever ou ler alguma coisa, ouvir música.

Abri o aplicativo de mensagens.

Quando mencionara escrever como uma atividade para aquele momento, referira-me a compor, e não mensagens de texto, mas eu havia deixado de lado a simples contemplação da tela do celular, finalmente me atingindo que minha mãe não iria ligar para um número que ela não sabia. Eu precisava dar o primeiro passo.

Minha ideia inicial era ser o mais formal e distante possível – mais ou menos como meus pais foram a vida inteira. Mas, decidi que não queria ser como eles, apagando toda a mensagem e escrevendo uma nova, sendo um pouco mais sentimental. Eu sentia falta deles, afinal... Não. Não era isso. Era mais um sentimento de querer que eles sentissem minha falta.

Apaguei tudo novamente.

Por fim, decidi mandar apenas meu número com um "- namjoon" no final. Deletei cada caractere ao invés de pressionar "enviar". Não dava, eu não conseguia. Talvez fosse melhor que eles não soubessem onde eu estava. Talvez eles não se importassem.

Não poderia haver momento menos propício para pensar essas coisas – prestes a ter que parecer pleno, sexy e bonito para fotos que sairiam em uma revista. Prestes a ter que sorrir como se tivesse uma vida perfeita.

Decidi que não traria mais meu celular comigo. Aquele emprego fora o motivo final para que eu conseguisse liberdade; eu não queria fazer um trabalho ruim, e obviamente também não queria ser despedido. Eu já morava com Yoongi e Jimin, pedir que eles me sustentassem era demais.

Deixo o aparelho na cadeira ao lado da minha, mas sabia que agora já estava feito. Eu já estava desanimado, e duvidava que piada sem graça alguma daquele fotógrafo me fizesse sorrir.

Eu o achava um tanto estranho. Na verdade, me sentia estranho com a nossa relação. Da forma com que primeiro ele sequer me olhava, e então no bar tivemos aquela conversa. Viera tão facilmente. Como se ele não fosse quase um estranho, como se minha dificuldade para falar com pessoas que não conheço nunca existira.

Talvez fosse o fato dele ser amigo de meus melhores amigos; acho que isso me fazia vê-lo como alguém confiável. Jimin e Yoongi – assim como o restante – pareciam gostar muito dele e isso me deixava confortável.

- Bom dia, súditos! O príncipe chegou!

Meu sorriso é imediato; vem tão automático e sem esforço, que demorei a perceber a reação de minha boca. Fui obrigado a cobri-la com a mão, antes que se transformasse em uma gargalhada, ao ver as pessoas reagindo como se fosse apenas mais um dia normal de trabalho com Jin. Como ele conseguia ser tão extrovertido o tempo todo?

- Nosso modelo tá pronto? – Ele olha diretamente pra mim, e de imediato eu me levanto.

- Tá prontíssimo. – Yoongi se aproxima e para ao lado do outro, sem esconder a expressão maliciosa. – Tava até ansioso, né?

- Cala a boca Yoongi.

- Ok... – Jin olha de mim para meu amigo parecendo um pouco desconfortável, soltando uma risada nervosa. – Vamos começar!

- É sério que você tá bravo comigo?

- Que?

- Cara, em que mundo você tá? – Yoongi me encara com estranhamento enquanto tira os tênis e os joga pela sala, atirando-se no sofá em seguida.

Remember MeOnde histórias criam vida. Descubra agora