chantilly e granulados coloridos

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Paredes brancas, cadeiras, sofás pretos e quase dez pessoas com o mesmo objetivo era o que me rodeava naquele momento. A pasta transparente tremia em uma de minhas mãos; na outra, o celular tinha sua tela acendida a cada segundo. Tinha a sensação de que estava ali há horas.

Nem uma das pessoas que entrara na sala antes de mim saia dela muito feliz, mas, mesmo que as estatísticas apontassem para o fracasso, eu estava tentando me manter positivo. E calmo. E sem exercer nenhuma pressão em mim mesmo. Afinal, havia várias empresas nas quais podia trabalhar e eu deixara currículos em quase todas. Tudo bem que fazer parte desta em questão seria um sonho, algo que eu realmente ambicionava, já que conhecia o trabalho deles e gostava bastante... Ainda sim, estaria tudo bem se não conseguisse, de verdade.

E, porra, era melhor não criar esperanças, porque havia tanta gente naquela sala de espera - todos eles deviam ser tão talentosos e tão mais experientes. Como eu tinha coragem de entregar aquele currículo? Será que deveria me dar ao trabalho, sabendo que iria direto para o lixo?

O celular vibra em minha mão e eu tento disfarçar o leve susto que tomara. Quando acendo a tela pela milésima vez, um sorriso vem automaticamente.

Era louco que Jin e eu estivéssemos conversando por mensagem desde que eu chegara a minha casa, depois de sua festa de Natal? Tinha certeza de que era. Ele nem olhava para mim há alguns dias, e agora estávamos trocando mensagens como se nada tivesse acontecido. Talvez Seokjin fosse louco; um caso de bipolaridade a ser estudado.

seokjin hyung: já saiu da entrevista?

eu: nem entrei ainda. tem tanta gente.

seokjin hyung: você tá nervoso?

eu: demais. acho que nem tenho chance.

seokjin hyung: você não vai saber se não tentar, namjoon. sei que você é talentoso, acredito em você.

Não quis pensar no quão idiota meu sorriso parecia para quem olhava de fora; na verdade, eu mesmo não pensava nisso. Só sei que sorria para um celular e sentia uma espécie de formigamento quente em meu estômago.

eu: você nunca ouviu uma música minha, hyung.

seokjin hyung: e mesmo assim eu sei que são ótimas, viu só?

eu: te mostro algum dia, agora tenho uma entrevista pra fazer... obrigado, hyung.

seokjin hyung: isso aí! me avisa quando sair. boa sorte, namjoon-ah.

Não era que eu não conseguisse conter o sorriso bobo, a questão foi que nem tentei. E por mais que eu falasse para mim mesmo que era apenas por ter meu amigo de volta, sabia que havia outras coisas... Só não queria pensar nisso.

- Kim Namjoon. – Ouço a secretária chamar, e levanto-me rapidamente.

A mulher me guia pelo corredor até meu destino. Agradeço conforme ela se afasta e então me empenho em parecer tranquilo. Respiro fundo e ajeito minha postura, dando algumas batidas na porta em seguida. Ouço um 'entre' e assim o faço.

O homem sentado atrás da grande mesa dentro do grande escritório passava essa imagem: grande. Usava um terno simples, mas que provavelmente era caríssimo, e um relógio prateado que me deixou mais pobre somente por olha-lo; a expressão em seu rosto era neutra, mas intimidante.

- Senhor Wang. – Faço uma reverência, algo que Jimin tivera de lembrar-me de fazer, já que perdera o costume.

- Kim Namjoon? – O homem lê meu nome em seu computador.

Remember MeOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz