em sincronia

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Sempre aguardava ansiosamente pelas férias de inverno para me ocupar com o melhor jeito de gastar um tempo livre: ficar na cama o dia inteiro.

Interagir com outras pessoas? Somente se fizesse um dia em que sair ao ar livre não me congelasse no mesmo segundo, ou se os garotos resolvessem se juntar na minha casa.

Mas, naquele momento, o que eu tanto gostava de fazer era o que menos queria: estar desocupado. Isso significava tempo para pensar, ainda mais com o silêncio propício para me perder em reflexões. Para questionar as últimas decisões que tomara.

Nenhum dos garotos parecia ter tempo livre – ou vontade – para sair, então quando Tae passou por meu quarto para avisar que estava indo ver o Jungkook, pedi – fiz drama – para que ficasse comigo. Certo, eu não falara com Namjoon, mas não fazia sentido me distrair com ele para dar um tempo nos questionamentos, sendo que o loiro era o próprio motivo deles.

Ele ficara tão feliz naquela noite... Parecia mesmo uma criança, admirado com o lugar colorido e tantos sabores de sorvetes para experimentar. Descobri rapidamente que adorava o jeito que seus olhos brilhavam quando se emocionava, e não consegui conter o impulso de abraça-lo. Mesmo que tenha ficado bem aqui, quando Namjoon redescobria sua infância, eu fazia o mesmo.

Gostava de como estávamos esclarecendo as coisas. Apesar de minha reação, eu queria tocar naquele assunto, mas simplesmente entrara em pânico. As palavras somente saíram de minha boca, e quando me dei por conta, deixara claro que o melhor era esquecer.

"Claro" nas entrelinhas, se Namjoon fosse bom em ler subentendidos.

Só queria me livrar daquela tensão. Meu melhor amigo estava de volta, e eu não queria que ficássemos retraídos um com o outro. Queria que fôssemos melhores amigos novamente.

Como se fosse capaz de ler meus pensamentos, sinto a prata fria lembrar-me de que estava ali. Com um suspiro, puxo a correntinha para fora de meu pijama e a tiro do pescoço, a segurando acima de meu rosto.

Aquela era a prova, dentre muitas coisas, de que o assunto intocável já acontecera antes. Quando éramos crianças, sim, e talvez ele nem lembrasse mais. Eu não deveria lembrar.

- O que acha de tirar esse pijama e dar uma caminhada, hyung? – Quando me dei por conta, meu irmão já estava deitado ao meu lado na cama.

Soltei o colar, deixando que caísse no espaço entre Taehyung e eu.

- Pensei que pudéssemos olhar um filme.

- Nada disso. Os irmãos Kim são bonitos demais para se esconderem em casa! – O castanho logo se levanta e passa a trabalhar em puxar minhas cobertas.

- Taeee – Resmungo manhoso. – Tá! Tá bom! Só por isso vou me arrumar e ficar mais bonito que você.

- Nada te impede de tentar.

Quando meu irmão estava prestes a levantar, meu celular começa a vibrar em algum lugar entre todas as cobertas. Mesmo com a ajuda de Tae, ainda demoramos um pouco para achar, já que eu me recusava a sair das cobertas para fazê-lo.

- Mãe! – O castanho exclama enquanto eu aceito a vídeo-chamada. Ele volta para a cama, deitando ao meu lado novamente.

- Oi meus bebês, como estão? Não deram mais notícias, não mandaram mensagens, não ligaram... Nem um gif no chat, nada! Esqueceram de nós?

- Minji... Calma.

- Calma o que, Taesun? Quando esses dois vierem pra cá vai ser pior; o sermão vai ser ao vivo e vão ter sorte se saírem daqui com as orelhas inteiras!

Remember MeWhere stories live. Discover now