história

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- Kim Taehyung! Tô subindo aí e acho bom você não tá se amassando com o Jungkook enquanto eu tô lá embaixo arrumando tudo!

- Eu não tô me amassando com o Gukkie. – Meu irmão aparece na porta do banheiro com um pincel de boca entre os dedos. – ...Não mais.

- Você já tá se arrumando há horas, e eu nem tomei banho ainda. Será que dá pra... Jeongguk, vem aqui! – Chamo o garoto que eu imaginava estar no quarto do namorado.

- Que foi, hyung? – O moreno para curioso no batente da porta do quarto.

- Você já tá pronto? Ótimo. – Não espero resposta. – Vá lá embaixo e ajude o Tae a arrumar os salgados nos pratos, certo? Taehyung, pare de se pintar e vá fazer o que eu disse.

Os dois se encaram, trocando uma expressão cúmplice de quem pensava que eu tinha enlouquecido, ou que fosse apenas muito chato. Tae e Jungkook seguem pelo corredor até as escadas, e ainda posso ouvir meu irmão resmungando um "todo ano é desse jeito".

Meu irmão estava certo. Todo ano era daquele jeito.

Eu surtava, passava raiva e sentia que era o único que se esforçava para que todos tivessem uma véspera de Natal especial. Mas, ainda sim, insistia em ter a festa de Natal da empresa em minha casa. Em meu primeiro e segundo ano eu simplesmente me oferecera como anfitrião; agora, depois de quatro anos trabalhando naquele lugar, já se tornara uma tradição: Natal na casa dos irmãos Kim.

Entrei no banho após escolher minha roupa. Sentia-me tenso e um pouco estressado, mas sabia que era só questão de todo mundo chegar e eu perceber que estavam se divertindo. O esforço valia a pena, afinal.

Eu só queria ter um Natal tranquilo. Isso, e beber muito... Queria tirar algumas coisas da cabeça e faria – abusaria do – uso do álcool para conseguir isso.

Namjoon. Tudo parecia acabar nele desde que descobri quem ele é. E isso era o que mais me irritava – como não precisava de muito para acabar com meus pensamentos voltados a esse garoto. Na verdade, era mais fácil contar os momentos em que eu não pensava nele.

Não era algo que eu conseguisse controlar. Sequer me dava conta de onde meus pensamentos estavam; meu cérebro apenas ia. Mesmo quando não estava com Namjoon em foco, parecia que ele estava ali, em um cantinho, esperando para tomar espaço com aquele sorriso idiota de covinhas.

Meu estresse e tensão não se deviam apenas aos preparativos para a festa – não demorei em descobrir isso.

Depois de uma hora, desci as escadas ouvindo algumas vozes animadas no andar de baixo. Perguntei-me se os salgados estariam arrumados, como eu pedira, ou se a única tarefa na qual aqueles dois tivessem se ocupado fora comer.

Quando surgi na cozinha, era Hoseok que colocava um último salgado no prato destinado.

- Cadê meu irmão? – Questionei enquanto abraçava o ruivo.

- Foi receber os convidados. – Ele se dirige até a pia para lavar as mãos. – Hyung... Você convidou o Namjoon, não é?

- Convidei. – Quero dizer, não diretamente, mas ele fazia parte dos funcionários da empresa, certo? Não iria deixa-lo de fora, por piores que as coisas pudessem estar. Não queria que Namjoon passasse o Natal sozinho.

- Como estão as coisas? – Hobi me dirige um olhar compreensivo e, por mais que fosse véspera de Natal e eu não quisesse falar sobre o assunto, aquele olhar me deixava confortável demais e sentia que não havia escolha.

- Ruins. – Suspiro. – Sei que ele quer conversar, mas eu não consigo. Machuca demais. Eu passei quinze anos tentando esquecer e me convencer de que nunca mais o veria. E de repente, ele aparece.

Remember MeWhere stories live. Discover now