📓 Gentileza

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Beatrice fechou a porta do quarto atrás de si e parada ali mesmo mordeu o lábio inferior, olhando apenas para a parede a sua frente deixou a lágrima descer pela sua face, deslizando pela porta até ao chão. Um nó se fazia na sua garganta e seu coração parecia estar sendo esmagado com dureza por uma mão invisível.

“Burra!” “Burra!” “Burra!” – Sua a mente a condenava por der dito àquela mulher sobre o seu chefe.

Ao vê-lo daquela forma assim que entrou na sala foi doloroso demais. A expressão de angústia e dor no rosto do Sr. Bernardi nunca seria apagada de sua memória. Ele estava vermelho, afundado em mágoas, sendo estas sustentadas pelo fogo de uma ira que não se apagava. Elas queimavam dia a dia, sem data de em algum momento deixá-lo. Naquela posição em que estava dobrou seus joelhos e começou a orar assiduamente pelo juiz.

Ajude-o, Senhor! Ele precisa ver a tua graça e se libertar da ira, das mágoas do passado. Oh, Deus! Liberta-o da sua culpa, da amargura que fincou raízes no coração dele. Tenha misericórdia da alma aprisionada pelo passado. Tu és o Senhor que nos faz ser livres. Que nos tira das trevas. Estende a tua mão poderosa e o arranca do mar de aflição. Leva-o a tua luz. Pois, só o Senhor pode trazer cura ao coração ferido. Paz a alma atormentada. Liberdade ao espírito oprimido e cativo. Que todos vejam o teu poder e as tuas maravilhas na vida de teus filhos. Em nome do Senhor Jesus.  Amém! – Bea terminou sua oração em meio aos soluços.

Aquela guerra não era dela. Mas assim como o centurião clamou a Jesus por seu servo, ela podia fazer isso pelo seu patrão. Entregando nas mãos dAquele que nunca falhou e era mais do poderoso para a mudar a história. Lembrando-se da promessa escrita em Salmos 50: 15: “Invoca-me no dia do perigo! Eu te livrarei, e tu me darás glória”.

Após aquela oração Beatrice se levantou para limpar-se a fim de poder dormir. Ela necessitava de uma boa noite de descanso. Porém, antes de deitar-se conversou com a mãe e percebeu sua leve melhora. Os cuidados da tia Giovana para com sua genitora era um alívio em sua mente tão cansada. Ela se despediu das mulheres e tornou-se ao seu aposento, colocando a cabeça no macio travesseiro para, enfim, receber sua merecida cessação de atividades. Contudo, ansiava que seu coração também repousasse de tamanhas preocupações.

Ahh!

Esse era o som do grito abafado de Beatrice sentando em sua cama com a respiração irregular e com gotículas de suor transpirando por seu corpo, depois de despertar de um terrível pesadelo que havia dominado todo o seu sono naquela noite.

Gritos abafados e alguém correndo de um lado para outro como se fugisse de algo ou alguém, mas não conseguia identificar quem era, contudo a terrível sensação comprimia seu coração deixando-a atormentada.

Bea olhou para o relógio ao lado da cama e era 2:45h da madrugada, ela deveria voltar a dormir. Mas seus pensamentos não se aquietavam. Então se levantou e foi à cozinha para tomar um copo de água fresca.

O líquido gelado desceu pela sua garganta, causando um pequeno alívio em seu corpo trêmulo, porém algo não estava certo. Oh, céus! O que estaria acontecendo? O temor do seu coração crescia e tudo que podia fazer era orar para Deus ter misericórdia.

***

Beatrice chegou cedo à vara. Ela queria terminar alguns relatórios o mais rápido possível, mas também não podia negar a preocupação que se instalava em seu peito por conta de seu chefe. Ela queria saber como ele estava.

Ao abrir a porta do gabinete do juiz, ela se deparou com uma cena não muito agradável e a compaixão logo inflamou em seu peito. Ele estava lá, dormindo sobre sua mesa. A cabeça estava afundando em uma porção de papéis e o corpo sentando numa posição nada confortável. Oh, céus!

Um Perfeito EncantoWhere stories live. Discover now