📓 Afronta

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Certa amanhã, Beatrice com os olhos pesados e uma agoniante dor de cabeça se dirigia para mais um dia de trabalho no fórum. Saudou a todos no decorrer do caminho até sua sala, ela só queria se sentar no seu pequeno sofá e descansar por alguns minutos antes de começar seus ofícios.

Ela girou a maçaneta da porta e ao entrar teve a infeliz visão de ver Letícia Prado de pernas cruzadas, lendo uma revista no sofá do gabinete de Pedro. A jovem se perguntou como aquela mulher havia chegado ali. Desejou passar despercebida, mas por uma conspiração do universo a tal elevou o olhar em sua direção. Aquele queixo arrebitado, seguido de um olhar de altivez fazia o estômago de Beatrice revirar.

– Pude perceber como a biblioteca de Pedro está melhor, não acha? – Letícia perguntou fitando Bea, que apenas assentiu. – Fazia tempos que aquele lugar precisava de uma boa organização e pelo que parece você o fez. – A mulher de cabelo castanho arqueou a sobrancelha. – O que pensa em ganhar com isso? – Deixou a revista de lado e fitou a secretária.

– Nada! – respondeu Bea, simplesmente.

– Não se faça de coitada para o meu lado, Beatrice! Tenho lhe observado e sei como tem se aproximado de Pedro e com esse seu disfarce de boa moça parece estar conseguindo algo. – Ela levantou-se e se aproximou com um olhar ameaçador.

Bea apenas engoliu em seco. Não merecia ouvir aquilo. Deus sabia da inteireza de seu coração quantos as suas ações para com o Sr. Bernardi.

– Sabe quantas mulheres tentaram se aproximar dele? – Letícia semicerrou os olhos. – Muitas. E tem ideia de quantas conseguiram algo? – Ela riu. – Nenhuma. Eu coloquei todas em seus devidos lugares.

Beatrice resolveu tomar a postura de Cristo diante de seus acusadores, ou seja, permanecer calada.

– Não pense que você, uma mulher de classe inferior, poderá por um momento se colocar entre nós dois – Prado chegou mais perto e tocou numas mechas do cabelo de Bea. – Para conquistar um homem é necessário beleza, sagacidade e um leve toque de sensualidade. É disso que eles gostam e não de alguém com essas pontas duplas enormes. – Soltou o cabelo da jovem.

Prado a examinou de cima abaixo e riu com desprezo.

– A pobreza lhe cai bem, Beatrice. – Ela ficou de frente com a face da secretária e disse: – Mulheres como você se entregam por um prato de comida. Não valem nada!

Bea, infelizmente, não segurou as lágrimas diante da mulher. Como podia ousar em ofendê-la sem ao menos conhecê-la?! Só Deus sabia como nunca havia se entregado a ninguém e sempre se preservou. E estava ali sendo humilhada e acusada por algo que nunca cometera. "Ajude-me, ó Deus!" – suplicou no íntimo.

Letícia vendo como a mesma nem ao menos abria a boca para discutir, indagou:

– Nem ao menos se defenderá?

Beatrice elevou o olhar marejado e declarou:

– O Senhor, meu Deus, julgará minha causa com justiça!

Letícia franziu o cenho e se sentiu desnorteada por um momento. Nunca havia recebido uma resposta daquela. Ela em passos lentos voltou ao sofá e tomou sua bolsa na mão e pegou o copo de água que repousava na mesinha de centro. Voltou-se para ficar de frente com Bea e pronunciou:

– O meu recado está dado. – Bebeu o líquido transparente, abriu a mão e o copo deslizou até ao chão sendo estilhaçado em vários pedaços assim que o vidro se encontrara com a superfície.

No mesmo momento, Andréa adentrou na sala e viu a cena.

– Limpe, pois é somente isso: uma empregada. – Elevou o queixo e caminhou com um sorriso no rosto para o lado de fora, ignorando até mesmo a outra funcionária que acabara de entrar.

– Cobra peçonhenta – ofendeu Andréa a mulher e assim que a porta se fechou caminhou até Bea. – O que aconteceu aqui?

Beatrice sentou-se no sofá e expressou com muitas lágrimas toda a sua angústia.

– Ela teve o prazer em me destratar e dizer palavras caluniadoras ao meu respeito. – Afundou a cabeça entre as mãos.

Andréa condoeu-se pela amiga e apenas lhe acariciou os cabelos como forma de consolo.

– Acalme-se, Bea! Essa mulher um dia terá seu pagamento por tudo que faz. – Andréa queria acabar com Letícia com as próprias mãos, mas quando pensava numa cela fria e solitária recobrava o juízo.

– Opera tua justiça, Senhor! – Bea fez um breve clamor.

Em meio à oração, o seu telefone de repente tocou.

– Alô?! – Atendeu a chamada de um número desconhecido.

– Bea, me ajude! 

***
CINCO CAPÍTULOS!
Isso é fruto das férias kkkkk.

E agora, o que será que vai acontecer com a Bea em relação ao Pedro? Será que ela vai se afastar ou vai permanecer firme na amizade? Façam suas apostas.😉

Até a próxima, No Senhor! 

Um Perfeito EncantoWhere stories live. Discover now