📓 Resfriado

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Havia se passado um mês desde a afirmação de compromisso de Beatrice e Pedro. As duas famílias, num final de semana, se reunira para celebrar tal união com um jantar regado a muitas conversas e risadas. Os demais dias para o casal, que haviam sido elevados a uma graça tamanha de felicidade, era refletida em horas e horas de conversas sobre o passado, presente e planos futuros; sendo que naturalmente qualquer pessoa com algumas horas poderia esgotar os assuntos, mas, com os noivos, a situação é diferente. Entre eles nenhuma conversação é longa demais, nenhum assunto fora discutido o suficiente, sendo capazes de até mesmo repeti-lo vinte vezes e, ainda sim, não se darem por satisfeito.

Naquele sábado, Pedro e Bea casariam seus amados amigos Murilo e Mísia, estes que assim que souberam do noivado de ambos, demonstraram tamanho afeto e alegria que os uniu completamente em uma atmosfera de amizade firme e constante. Beatrice levara Mísia ao abrigo e as duas partilharam de muitas ideias e começaram os estudos com as meninas sobre feminilidade e aprendizagens de receitas. Muitos sábados foram carregados de sorrisos e aventais sujos de massa de bolo. Até Andréa participara algumas vezes dos momentos dedicados a confeitaria, ensinando as jovens a preparem cookies, bolinhos de potes e brigadeiros refinados. Era incrível ver como a cacheada possuía tanto capricho com os doces. Por isso, seu sistema de entrega Delivery, apenas aos fins de semana, dera tão certo. Ela logo teria dinheiro suficiente para sair do fórum e abrir sua pequena loja de doces.

Bea encontrava-se no quarto, checando mais uma vez no espelho seu vestido longo de crepe, cor rosa bebê que possuía uma gola canoa e mangas curtas. A maquiagem a deixava com um aspecto natural e o cabelo estava preso num coque com alguns fios soltos. Sua mãe se aproximou e elogiou a escolha modesta da vestimenta que lhe caíra muito bem.

– O casamento parece que vai ser bem luxuoso, não é? – a senhora Rosana perguntou.

– Eu acho que nem tanto. A Mísia lutou bastante para que fosse da maneira mais simples possível. Indo totalmente contra a família de Murilo, que desejava toda a opulência possível. – Bea suspirou e olhou para o chão por alguns segundos.

– Alguma coisa te preocupa? – A mãe tocou no braço da filha.

– Estou ponderando que talvez essa seja a minha luta com a Dona Maitê – Bea respondeu. – A senhora sabe como sempre desejei ter um casamento simples e ao ar livre. Contudo, da última vez que visitamos os pais do Pedro, ela veio com uma pilha de revistas para o casamento e uma lista de possíveis convidados que eu não conheço.

– Ela é bem empolgada mesmo – disse a mãe, sentando-se sobre a beirada da cama. – Falou para ela sobre sua vontade de ter as coisas menos espalhafatosas?

– Não tive coragem no dia.

– Então quando chegar o momento você fala...

As duas ainda estavam conversando quando ouviram a buzina de um carro, era Pedro.

– Eu tenho que ir, mamãe. Depois continuamos nossa conversa. 

– Tenha cuidado e não dê brecha para o pecado. – A senhora estreitou os olhos e a filha entendeu bem o recado.

Bea, no início do relacionamento, percebeu sua vontade de estar sempre abraçada a Pedro quando ambos ficavam juntos. Não era nada além de carinho de sua parte, mas aquilo ficou difícil pra ele suportar. Enquanto descia as escadas se lembrava de uma tarde em que estavam juntos – na sua própria casa, mas a mãe e a prima no quarto – assistindo filme na sala. Ela se aconchegou mais a ele e a respiração de Pedro ficou acelerada e um certo incômodo deixou transparecer. Ainda recordava daquela conversa quando ele expôs suas dificuldades:

– Bea, não podemos ficar assim. Isso não me ajuda em nada. – Ele passou as mãos entre os cabelos e prosseguiu: – Esse seu perfume e seus abraços constantes não me faz nada bem.

Um Perfeito EncantoWhere stories live. Discover now