📓 Afeição

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Depois de todas as intenções do juiz serem esclarecidas para Sra. Rosana, ela serviu-lhe um café. Pedro apreciou aquela bebida, percebendo que há tempos não provara algo tão bom. Ele também se atentou, por um breve momento, sobre a condição financeira que a família estava passando. Tinha proposto para si mesmo que auxiliaria a casa de Beatrice em todas as coisas.

– Sra. Rosana, eu gostaria que não me interpretasse mal – Pedro falou e colocou a xícara de café na mesinha de centro. – Mas eu sei que Bea saiu do emprego e a situação financeira não é muito boa.

– Sr. Pedro, eu...

– Quero ajudá-las! E não pense que o motivo é por querer parecer ser bom aos seus olhos, mas, porque é um chamado do cristão: ajudar uns aos outros.

– Eu entendo. – Ela sorriu, recolheu a xícara em cima da mesinha e levantou. – Bea recebeu os meses trabalhados e todos os seus devidos direitos. Estamos bem, senhor. – Colocou o utensílio doméstico na pia e voltou-se a ele.  – Mas, não se preocupe, qualquer coisa eu o aviso.

Pedro gostou do tom favorável da senhora. Rosana demonstrava ser uma mulher de alma leve e que não se apegava a quase nada. Era satisfeita com a vida que tinha, tal qual sua filha. As duas realmente se pareciam em muitos aspectos.

– Obrigado. Eu desejo ficar a par de toda a situação.

Ela assentiu.

– Bom, agora tenho que ir. – Ele levantou-se e estendeu a mão para a mulher a sua frente. – Agradeço por esta conversa, Sra. Rosana. E sua disposição em me atender.

– Acho que num futuro, não muito distante, eu vou ter que lhe atender muitas vezes. – Ela riu e ele não pôde deixar de expressar um sorriso também.

– Se Deus quiser e se sua filha me aceitar.

A senhora Rosana gostaria de dizer sobre os sentimentos da filha, pois, por muito tempo, observou sua cria cada vez mais apegada ao juiz, apesar de nunca dizer abertamente. Contudo, ela era mãe e sabia ler à distância as atitudes de Beatrice.

– Se isso for da vontade de Deus, tudo ocorrerá naturalmente – a senhora falou, simplesmente.

Ele consentiu e acima de tudo estava em paz.

–Sra. Rosana, eu podia lhe pedir um favor?

– Pois não?

– Teria como a senhora me entregar um anel da Bea para usar como medida?

Rosana sorriu ao ouvir o motivo do pedido.

– Eu trago já! – falou e saiu com os passos acelerados em direção ao quarto da filha.

Pedro, enquanto esperava, checou algumas mensagens no seu celular, percebendo que precisava no outro dia voltar com seus afazeres. Na verdade, ele gostaria de umas férias. Quem diria que depois de três anos trabalhando sem parar, acumulando tudo quanto era descanso, agora sentia essa necessidade. A sua alma, enfim, descasara das tribulações passadas e o seu corpo físico também pedia por isso. Ele olhou ao redor da sala e notou uma foto de Bea com um avental azul marinho e uma marmitex de isopor na mão, sorrindo para a câmera. O coração dele se agitou no mesmo instante. Se ele pudesse, casaria naquele mesmo dia com aquela mulher de sorriso gentil e olhos bondosos. O seu amor era tão forte que nem sabia dimensionar.

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Um Perfeito EncantoWhere stories live. Discover now