📓 Encanto Real

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A festa da pequena Naya fora muito divertida. Porém, Beatrice não conseguiu se empolgar nenhum pouco. Ajudou no que pôde e logo retornou para casa, sentindo-se cansada emocionalmente e fisicamente. Aquela dor de cabeça se tornou mais forte. Ao chegar em casa, sentou-se no sofá e ficou olhando para a lua que iluminava o firmamento, seus pensamentos se tornaram doloridos ao se lembrar da briga que tivera com o noivo ainda cedo naquele dia. A Sra. Rosana apareceu na sala, vestida com seu robe e no seu rosto havia uma sorriso meigo.

– Está tudo bem, filha? – Sentou-se à frente de Bea. – Achei que ia demorar um pouco mais.

– Não consegui me divertir em nada. Minha cabeça está latejando. – Ela repousou as costas no encosto do sofá.

– Você está assim desde mais cedo – disse a mãe, reparando na aparência abatida da filha.

– Eu e Pedro brigamos na volta da casa dos pais dele. – Ela soltou um resfolgo e fechou os olhos. – Lancei sobre ele toda a minha mágoa.

– E isso te fez se sentir bem? – Rosana cruzou os braços e esperou a filha responder. Em sua postura não tinha acusação, mas uma amostra de preocupação.

– Nem um pouco. Acho que fui muito insensível. – Bea desviou o olhar para o lado. – Porém, eu não consegui me segurar.

– Você sempre foi impulsiva e já conversamos sobre isso.

– Eu sei. – Beatrice baixou a cabeça, envergonhada.

– Por que está tão irritada com seu noivo? – A mãe chegou mais perto e semicerrou os olhos.

Bea explicou toda a situação com a senhora Maitê e a falta de compromisso dele em alguns eventos. Também pôs para fora o seu ressentimento em ver que as vezes ficava em segundo plano e ele nem avisava que faria algumas coisas.

– Tenho a impressão que ele se esquece de mim – contou. – Uma vez ele foi até uma cidade próxima e nem disse nada. Como ele espera que eu fique?

– Ele não espera – a Sra. Rosana riu.

A filha estreitou o olhar.

– É sério. Ele não pensa mesmo e isso é por um motivo bem simples.

– E qual seria?

– Ele não é acostumado a dar satisfação. – Bea bufou com a mãe. – Minha filha, veja só. Ele passou bastante tempo sozinho em tudo. Não dava satisfação aos pais em nada porque já morava só e tem independência financeira. Demanda um tempo criar o hábito de avisar o que faz e para onde vai. Quando somos solteiros criamos muitas manias que demoramos para perder. As coisas são assim.

– Mas...

– Seu pai mesmo. Quando nós casamos, eu ficava extremamente chateada porque ele desviava do trabalho direto para a igreja e nem ligava para informar sobre. – Sra. Rosana acabou rindo daquelas brigas de início. – Ele dizia que não tinha esse costume. Até que passou a ter, mas foi um processo. Porque tudo é um processo.

– Mas não é só isso. – Bea olhou para a mãe perdida.

– Sabe o que é, Bea? – a mãe indagou retoricamente.

A filha franziu o cenho querendo a resposta.

– É que você criou um padrão de homem. E nesse padrão, esse homem não lhe fere e nem lhe chateia. – Bea abriu a boca. – Você só esqueceu de colocar nesse tempero aí o pecado.

– Mamãe!

– É verdade, minha filha. Conheço você, Beatrice. É uma menina sonhadora.

Bea suspirou.

Um Perfeito EncantoWhere stories live. Discover now