Era uma segunda-feira pela manhã quando Beatrice chegou ao fórum. Ela, sem demora, foi recepcionada por Andréa, que a puxou para um lugar mais reservado e declarou:
– Bea, o que foi que aconteceu?
– O quê? – Bea arqueou a sobrancelha sem entender.
– A empresa que contratou seus serviços para o fórum ligou. – Andréa mordeu os lábios. – Não aconteceu nada entre você e o Dr. Bernardi? Eles disseram que precisavam falar com você.
Beatrice não estava conseguindo entender direito as perguntas e aquela informação: Uma ligação? De quem? Pra quê? O que tinha ela com o juiz? Achava que tudo já estivesse esclarecido entre eles. Cada um na sua e pronto.
– Onde está o Dr. Bernardi? – Bea indagou. – É bom esclarecer com ele as coisas.
– Ele viajou.
– Ele viajou? – O olhar de Bea se arregalou com a resposta recebida. – Foi pra onde? Fazer o quê?
– E ele vai ficar dizendo o que faz com a vida dele, Bea? Nós somos meros funcionários. – Andréa suspirou. – A mulher pediu para você retornar a ligação assim que chegasse. Aqui está. – Andréa estendeu um papel pequeno com um número escrito nele.
– Eu vou ligar – Bea suspirou e se despediu da colega.
– Nos vemos no almoço – Andréa disse e bem assentiu já distante.
Bea entrou no gabinete e viu alguns dos assessores trabalhando lá. Teve uma sensação de vazio ao saber que Pedro não viria trabalhar naquele dia, ou pelos próximos dias. A presença dele parecia preencher todo o local e agora os seus dias também, mesmo que se conformando em ser ele o seu chefe e nada mais. Ela caminhou até sua sala para fazer a tão urgente ligação. Beatrice era funcionária de uma empresa que oferecia serviços jurídicos para o fórum, como ela não era concursada para trabalhar diretamente para um órgão público, prestava serviço terceirizado como secretária do juiz, tendo o seu locus de trabalho a 4º vara da infância e da juventude. Contudo, todo seu pagamento e responsabilidades eram para com o escritório que lhe contratara.
"O que será que poderia ter acontecido?" – ela se questionava, internamente.
Sem demoras, ligou para saber o que era.
– Alô? – Uma voz feminina atendeu a ligação.
– Olá, aqui é Beatrice Mendes. Fui informada que vocês desejam falar comigo – ela declarou logo a situação.
– Beatrice, precisamos que você venha até o nosso escritório ainda hoje – a mulher do outro lado da linha falou. – Posso lhe encontrar daqui a uma hora?
– Eu poderia saber o que é? – Ela estava aflita.
– Aqui você terá todas as informações necessárias. Por favor, não se atrase. – A mulher não deu mais informações e a ligação foi encerrada.
Beatrice pôs o telefone no gancho e respirou fundo. Pelos céus! Aquilo não estava lhe cheirando nada bem. Se preparou imediatamente – antes pediu permissão de saída à diretora de secretaria da vara – e seguiu para o escritório que não ficava tão distante do seu local de trabalho. Após uns 20 minutos, entrou na recepção da devida empresa, deu o seu nome e foi conduzida até uma sala com paredes de MDF branca. O espaço continha uma mesa redonda e duas cadeiras ao centro; havia ao lado direito um pequeno armário e em cima uma bandeja com café e biscoitos. Ela foi orientada a esperar enquanto a pessoa responsável viria ao seu encontro. Não demorou muito para que uma mulher de aparência singela entrasse na sala.
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Um Perfeito Encanto
الروحانيةBeatrice Mendes, uma jovem cheia de fé, irá trabalhar na 4° vara da infância e juventude como secretária do juiz Pedro Bernardi. Ele é um homem excelente em tudo que faz, mas dentro do seu coração carrega mágoas antigas. Os dois crescerão juntos na...