Capítulo Três: "O que não se pode esquecer".

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Elena era a mais nova designer criativa de sapatos do famoso ateliê da grife Roger Vivier. Ela havia passado por uma seleção e foi escolhida dentre as oitos meninas e cinco meninos da sua classe na faculdade de moda nos Estados Unidos.
Primeiramente, ela havia sido convidada a trabalhar para Christian Loubotin, porém a vaga era em Paris... Mesmo aquele sendo o lugar dos sonhos para começar sua carreira, Elena teve de pensar na filha. Penn tinha apenas quatro anos e já falava duas línguas, não seria ideal impor o francês a uma criança tão pequena. Além do fato da Vivier prover aquele apartamento ótimo, a mensalidade de Penny em uma escola incrível, um bom carro e a mordomia de apenas ter de ir até o ateliê duas ou três vezes por semana por algumas horas ou quando alguma cliente importante resolvesse fazer uma visita, afinal seu local de criação era o ateliê montado em seu próprio apartamento.
A garota podia facilmente dizer tinha o emprego dos sonhos, havia voltado para a cidade que adorava, tinha uma filha maravilhosa, sua relação com a família no Brasil nunca esteve melhor, finalmente tinha Jazzie e a senhora Poynter de volta em sua vida, era ótimo poder ter os garotos da banda e suas namoradas por perto de novo e por mais conturbado que tenha sido o reencontro com Cathie, as coisas tinham se ajeitado naqueles primeiros meses de readaptação em Londres... A única ponta solta em sua vida era Doug. Sua pendência. Seu assunto inacabado... Seu eterno amor não correspondido. Essa era a verdade, aos olhos de Elena ela sempre seria a garotinha apaixonada por Dougie Poynter do McFly e nunca teriam o felizes para sempre. Por culpa dela.

***

- Penelope! – Elena entrou no quarto de Giovanna de repente, assustando a filha que mudou de canal num piscar de olhos – Eu não acredito que você me desobedeceu outra vez!
- Não, mamãe! – Penny soltou o controle remoto como se o objeto a tivesse queimado – Eu não...
- Você estava assistindo Living On The Edge! – ela passou a mão pelos cabelos e tentou se acalmar. Sua filha de cinco anos não tinha culpa do dia horrível que uma cliente havia lhe proporcionado – Quantas vezes a mamãe já explicou que esse programa não foi feito para crianças? Penn, isso é pra gente grande.
- Mas mamãe... Aquele primo da tia Giovanna fica me cutucando! – a pequena fez um biquinho e cruzou os braços.
- É só você ficar longe dele! E você me desobedeceu! Não é porque não estamos em casa que você pode assistir o que quiser... – a voz da garota ameaçou subir um tom e ela se esforçou para não perder a paciência – Vem, nós conversamos em casa. Vamos descer que já tá quase na hora de cantar parabéns pra tia Giovanna.
A garota desligou a televisão, pegou a filha pela mão e saiu do quarto, porém antes de descer as escadas ouviu a voz de Cathie vindo do fim do corredor.
- Eu acabei de chegar! Não vou embora agora – Elena hesitou no topo da escada e logo ouviu a resposta da pessoa que estava com Cathie.
- E eu estou aqui há horas! Não tenho culpa se você está sempre atrasada – a voz de Dougie parecia irritada – Pode ficar se quiser... Eu já estou indo.
- Fica só mais um pouco! Assim que cantarmos parabéns nós vamos embora, eu prometo.
- Não quero mais ficar aqui...
- E nós dois sabemos o motivo! – Cathie cortou a frase do namorado de modo abrupto, assustando Elena, que nunca tinha ouvido a amiga falar daquele jeito – Você sabia que ela estaria aqui... Que ela estaria em todos os lugares, sempre!
- Fala baixo, Catherine – ele praticamente rosnou e antes de fechar a porta, Elena pôde ouvir – Eu já te disse que ela e nada é a mesma coisa.
- A madrinha tá brigando com o tio Doug? – Penny, que até então estava bem calada, perguntou enquanto descia as escadas com a mãe.
- Namorados brigam, baby... É normal – Elena respondeu distraída. Sentindo as palavras de Doug ecoarem dentro de si.
- Ei, Penelope! – Josh, primo de Giovanna, veio correndo e segurou a mão da menininha – Vamos brincar com o Spock?
- Pra você dar as minhas pulseirinhas pra ele morder de novo? – Penn levantou as sobrancelhas se tornando a cópia perfeita da mãe e fez cara de desinteresse.
- Não, eu prometo não fazer isso – Josh cruzou os dedinhos e os beijou, selando a promessa. Elena sorriu para a cena e deu um empurrãozinho na filha.
- Okay, mas se você fizer algo mau de novo eu vou contar pra minha mãe – a pequena saiu correndo com o garotinho para encontrar o filhote de Golden Retrivier.
- Sou só eu que vejo um futuro casal ali? – Harry abraçou Len pelos ombros sorrindo para as crianças que perseguiam o cachorrinho no gramado.
- Meu Deus, eu me sinto uma idosa só de pensar nisso – ela respondeu rindo.
- Parece que foi ontem que ela nasceu, Len – Harry sorria de um jeito bobo ainda olhando a afilhada jogar a cabecinha para trás e gargalhar de Josh sendo atacado por lambidas de Spock – É surreal vê-la desse tamanho, falando pelos cotovelos e cada dia mais esperta.
- Esperta até demais! Ela estava vendo Living On The Edge, acredita? – Len riu da audácia da filha.
- De novo? Mesmo depois de ficar de castigo por isso? – o garoto riu quando a comadre confirmou com a cabeça – Ela é genial, sério... Sua filha é maravilhosa, Len.
- Modéstia à parte, ela é mesmo – Elena riu e encostou a cabeça no ombro do amigo – Mas ela não seria assim sem o padrinho incrível que ela tem!
- Ah, isso eu não posso negar! Mesmo não tendo estado perto dela tanto quanto eu queria...
- Me desculpe por isso...
- Ei, Len! Não estou te culpando! Você fez o que era melhor pra sua família...

A Garota da Porta Vermelha 2Onde histórias criam vida. Descubra agora