Capítulo Quatro: "Coisas que Mamãe não sabe".

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- Acho que já tá na hora de você parar de se esconder do mundo, né? – Jazzie revirava as caixinhas de lantejoulas, vidrilhos e pedrarias no ateliê de Elena, enquanto a amiga criava um novo sapato e fingia não entender sobre o que ela falava – Ah Elena, tenha dó! Não faz essa cara de boba para mim! Eu sei que meu irmão fez ou falou alguma coisa que te fez ignorar a galera toda por mais de um mês!
- Eu não... – Elena tentou pensar numa desculpa, mas foi interrompida por Jazzie.
- Len, dá um tempo! Eu tenho levado Penn para ver a Cathie e o Harry todos esses dias, fingindo que acredito que você esta ocupada demais trabalhando.
- Mas eu estou trabalhando! – Elena rebateu, jogando um punhado de pedacinhos de renda espanhola na amiga.
- Você trabalha em casa, cara! – Jazzie riu e olhou o belo espaço que Elena tinha no apartamento para trabalhar, o sol da manhã iluminava todo o quarto e refletia nas dezenas de caixinhas em que a amiga guardava os adereços para os sapatos que criava – E pode parar de mudar de assunto! Pode me contar o que tá rolando com o eu irmão! Eu fui paciente, te dei espaço, tempo para digerir o que quer que tenha acontecido e me contar... Vocês se pegaram, é isso?
- Não! É... Mais ou menos – Elena apoiou o rosto nas mãos e respirou fundo – Foi só um beijo.
- Eu sabia! – Jazzie comemorou – Sua vaca, eu sabia! Porque não me contou antes?
- Porque ele estava bêbado e nunca devia ter acontecido – Elena deu de ombros – Eu não sou mais aquela garota inconsequente que discutia por tudo, que num piscar de olhos destrói tudo que importa.
- Você não dormiu com o Hoult de propósito, Len.
- Não mesmo? Jazzie, desde aquela fatídica festa na casa do Nick eu nunca mais coloquei uma gota de álcool na boca... Sabe por quê? Porque é muito fácil colocar a culpa na bebida e eu prometi a mim mesma nunca mais usar desse artifício como desculpa. E não decidi isso quando descobri que tava grávida, como muita gente faz, decidi quando vi seu irmão me olhando da pior maneira que alguém já me olhou na vida quando me achou na cama do Nick. Eu prometi a mim mesma que seria diferente, que não magoaria os outros de forma alguma se pudesse evitar...
- Mas você foi embora, Len! – Jazzie interrompeu sem se importar – Esse seu discurso perde a credibilidade pelo fato de você ter magoado meu irmão muito mais do que ter dormido com o Hoult! Você foi embora!
- Eu sei, eu fui! – Elena respirou fundo antes de continuar – Mas eu fiz isso pra evitar uma mágoa e um sofrimento maior, Jazzie. Eu sentia que a Penny era do Nicholas, sei lá como, mas eu sabia. Imagina a cara do Doug ao vê-la pela primeira vez? Imagina como seria as fãs dele descobrindo que ele era pai, e pior ainda, pai de um bebê que nem era dele! Era pedir demais pra um garoto, Jazzie.
- Mas vocês se amavam, Len, dariam um jeito!
- Ele não tinha que dar jeito, eu tinha. Eu fiz besteira. Eu tinha que arcar com as consequências, ele não.

*Flashback on*

- Eu fui aceita. Bolsa integral.
Depois de essa frase ser dita por Elena, a casa caiu num silencio por alguns minutos. Ambos absorvendo a enormidade da noticia. Len segurava o choro, olhando para o perfil de Doug, que passava as mãos nos cabelos e respirava fundo.
- Você foi aceita aqui também – ele disse por fim.
- Não, eu não fui... Você se dispôs á pagar, é diferente – ela respondeu baixinho.
- Dá na mesma, não dá?
- Não, Dougie. Eu não posso aceitar... É muito dinheiro.
- Que não me faria falta e me deixaria muito feliz – ele se ajoelhou em frente à namorada e segurou seu rosto – Eu te amo, te fazer feliz é o que quero pra vida.
- Isso é lindo, Doug... Mas pensa no futuro... Se a gente não der certo, imagina a situação desagradável saber que você gastou uma fortuna pagando a faculdade de uma namorada da adolescência!
- Para de ser fatalista!
- Realista – Elena se levantou e começou a andar pela sala – Eu te amo, ok? Nunca duvide disso... Mas, mas... É o meu sonho.
- Você quer ir – Doug sentou no chão e apoiou os cotovelos nos joelhos.
- Quero... Me desculpa, mas eu quero! – as lagrimas caíram dos olhos de Elena e ela logo as limpou, não queria piorar tudo.
- Quem sou eu pra atrapalhar seu sonho? – ele riu sem humor, de olhos fechados – Você quer ir? Vai. Seja feliz, Len. É, eu te amo a esse ponto. Eu dou um jeito de ir sempre que...
- Não. Você não vai dar um jeito de ir sempre que possível. Agora sou eu quem falo que não posso atrapalhar seus sonhos! Doug, o McFly finalmente está sendo conhecido fora do Reino Unido. Você não pode simplesmente ficar entre Londres e o Texas o tempo todo! Você tem que focar no seu trabalho, na sua banda, no seu futuro.
- E a bebê? Ela precisa de um pai, Elena – ele levantou, subitamente irritado com o rumo da conversa – Você pode ser egoísta e decidir o seu futuro e até sair do meu próprio, mas é maldade demais fazer isso com uma criança.
- Eu sou a mãe dela, não? Sou eu quem decide o que é melhor, Dougie – segurando o choro, ela entregaria sua fraqueza, Elena fingiu ter toda a certeza do mundo ao pronunciar as seguintes palavras – Nós dois sabemos que não ter um pai não mata ninguém. Nós ficaremos bem... Em Austin. Eu vou aceitar a bolsa.
- Eu nunca vou te perdoar, não por ir embora, mas por me privar fazer parte da vida desse bebê – Doug olhou no fundo dos olhos de Elena ao falar.
- Eu sinto muito por isso... Mas acredite quando eu digo que faço isso por nós três.

A Garota da Porta Vermelha 2Onde histórias criam vida. Descubra agora