Capítulo Quinze: "O Desesperado Reino do Amor".

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- Ele não falou sério, Len – Doug tentava acalmar a namorada, que ainda fumegava de raiva após a conversa com Hoult horas antes – Ele não pode me proibir de chegar perto da Penelope.
- Eu nunca imaginei que essa seria a reação do Nicholas – Elena andava de um lado para o outro no corredor do hospital – Eu pensei em diversos modos como isso poderia se desenrolar com o passar dos anos, mas ele achar que pode te manter longe dela? Inadmissível.
- Você nunca pensou nessa possibilidade porque eu não fazia parte da vida de vocês até então, baby – ele lembrou e a namorada parou diante da cadeira onde ele estava sentado.
- Mas... Isso não parece com ele! O Nicholas que eu conhecia nunca faria isso!
- Todos nós mudamos em sete anos, Len, o Hoult pode ser uma pessoa completamente diferente agora – Dougie se esforçava para manter a calma e ser o apoio que Elena precisava – Deixa ele se acalmar, depois você conversa com ele direito e a gente resolve tudo.
- Eu entendo Doug, mas... – parou ao sentir o celular vibrar no bolso – Alô?
- Elena? Dorothy Hoult.
- Olá, senhora Hoult. Como vai?
- Nada bem, como pode imaginar – a frieza era palpável na voz da mulher – Mas resolvemos os detalhes depois. Preciso saber os horários de visita da minha neta, por favor.
- Sua... É... Das dez ao meio dia e das quinze às dezessete. A senhora vem?
- Sim, mas preciso saber em qual dos dois você estará ai.
- Estarei aqui o dia todo.
- Com aquele seu namorado?
- Sim, ele está aqui comigo, por quê?
- Muito bom. Chegarei ai as dez em ponto com o médico e advogado da família.
- Desculpa, mas pra quê?
- Você não achou que eu deixaria meu filho desamparado nessa situação, achou? Nosso médico assumirá o caso da minha neta e o advogado vai falar com você e seu namorado sobre como será a vida dela até a audiência de guarda.
- O que? Senhora Hoult!
- Nos vemos em breve – e desligou na cara de Elena.
- O que ela queria? – Doug quis saber assim que a ligação foi encerrada. Len então repetiu tudo o que tinha ouvido, ainda em choque.
- Eu vou tentar falar com a mãe do amiguinho da Penn, o Dex, ela é médica aqui no hospital, deve conhecer o diretor para apoiar a gente na conversa com esse médico dos Hoult... E precisamos de um advogado.
- Vou ligar pro Fletch pra ver se podemos conseguir o da banda aqui às dez... – Dougie sugeriu.
- Eu vou ligar pra Cathie – Elena disse de repente parada no meio do corredor e com as mãos segurando seus cabelos para cima.
- Pra Catherine? Como assim?
- Ela é advogada e das boas, ela pode ajudar.
- Amor, ela não quer nos ver pintados de ouro.
- Mas ela ama a Penny, ela vai ajudar, eu sei que sim – concluiu já procurando o nome da ex-amiga na lista de contatos do celular e esperou durante vários toques, até que a voz impaciente da mulher foi ouvida do outro lado da linha.
- O que é, Elena? Você tem cinco segundos antes que eu desligue na sua cara.
- É a Penny, ela ta internada e a mãe do Hoult quer tomar a guarda de mim. Eu preciso da sua ajuda – disse tudo de uma vez e esperou ouvindo a respiração da outra.
- Me dá os detalhes – e assim Elena o fez pelos minutos seguintes e respondeu algumas perguntas de Cathie, até que essa encerrou a ligação informando – Já estou no táxi, chego ai em vinte minutos, não fale nada caso eles cheguem antes de mim.

- O que? Eles só podem estar de brincadeira! É sério isso, Lena? – a senhora brasileira segurava as mãos da filha no inicio da tarde quando a reunião com os Hoult finalmente acabou.
- Mãe, eles vieram com uma ordem judicial para conseguir amostra de material genético da Penn – Elena repetiu a informação em português, mas nenhum dos idiomas parecia fazer aquilo ser verdade.
- Como eles conseguiram isso em questão de horas?
- A Cathie acha que eles devem ser amigos ou algo assim do juiz que assinou a ordem... A Cathie! Mãe, eu não sei o que teria sido de mim caso ela não estivesse aqui.
- Filha, essa menina sempre amou a Penny e aprovou isso hoje, que esse sentimento está acima da relação de vocês duas.
- Ela foi incrível em cada momento, principalmente quando aquele doutor velhote que a senhora Hoult trouxe veio com a história de levar minha bebê pra outro hospital.
- Mas esse aqui não é um dos melhores?
- É! Mas eles queriam dar a entender que eu não sou capaz de dar o que a Penny precisa no mesmo nível que o Nicholas daria.
- Falando nele, algum sinal?
- Nada, a mãe dele tomou a frente de tudo, falando em nome dele e reforçou que ele quer o Doug longe da Penny.
- O meu nome eu consigo entender – Poynter chegou até a mesa da cafeteria do hospital onde as mulheres conversavam e sorriu cansado ao completar em português – Oi.
- Oi, meu filho – a senhora Alvarez disse num inglês vacilante, fazendo Doug sorrir de verdade ao sentar na cadeira ao lado e se aconchegar no abraço que a sogra oferecia.

A Garota da Porta Vermelha 2Where stories live. Discover now