Anos depois Elena está de volta.
Só que agora com Penelope, sua filha nascida e criada no Texas, longe de Dougie.
Será que o tempo cura tudo mesmo?
Até um amor que era chamado de épico?
- Lena, você tem a ligação mais difícil da sua vida até agora para fazer – a mãe de Elena disse ao apertar sua mão, transmitindo apoio naquele inicio tarde no corredor do hospital. - Mãe... Como eu vou fazer isso? C-como eu vou contar pra ele? – ela tentava não chorar, mas sua voz tremia. - Você vai achar as palavras certas quando ele atender – a senhora Alvarez usou seus quase vinte cinco anos de maternidade para se manter calma e dar o suporte que a filha precisava – Você já foi tão corajosa em ligar para a casa dos pais dele e pedir o número de telefone dele. - E é por isso que eu tenho que ligar logo, antes que a mãe dele conte da minha ligação – Len fechou os olhos e respirou fundo novamente – Mas eu não consigo. - Consegue e vai ligar – a mais velha afirmou e fez carinho em seus cabelos, tentando arrumar um pouco o rabo de cavalo mal feito – Você vai fazer isso pela Penny. - Okay – ao ouvir o nome de sua pequena, Elena tocou no botão verde na tela do celular e fechou os olhos ao colocar o aparelho contra a orelha. - Alô? – a ligação foi atendida ao terceiro toque. - Nick? É a... Aqui é a Len – sua voz quebrou ao dizer o nome dele. - Len? Len de Londres? – o choque podia ser ouvido na voz do rapaz – Elena Alvarez? - Sim, sou eu – respondeu baixinho ainda de olhos fechados – Te acordei? Eu nem sei que horas são onde você está, me desculpe. - Meu Deus! Estou em L.A, são seis da manhã, mas eu já estou na rua. Len! Não acredito que é você. Quantos anos tem que a gente não se fala? Uns seis? – Nicholas parecia genuinamente feliz em falar com ela. - Quase sete, na verdade – sentiu as lágrimas se formando por trás de suas pálpebras fechadas ao lembrar-se da festa de aniversario de sua pequena – Tudo bem com você? Vi vários filmes seus, parabéns pelo trabalho e sucesso. - Tudo ótimo, melhor agora falando com você! – Elena podia sentir o sorriso na voz dele e lamentou o ter perdido como amigo – Muito obrigado, não é fácil conseguir papéis aqui na América, mas eu amo que faço. E você? Tudo bem? O que você faz hoje em dia? - Eu... É por isso que eu te liguei – apertou os olhos com força para se obrigar a continuar, mas um bolo se formava em sua garganta. - O que houve, Len? – o sorriso na voz de Nicholas foi tomado por preocupação ao ouvir o suspiro trêmulo da garota do outro lado da linha. - Não sou eu... – soltou o ar pela boca antes de continuar – Hoje em dia minha principal atividade é ser mãe. - Uau, você tem um bebê? Parabéns! Mas... Aconteceu algo com seu bebê? O que você precisa? Como eu ajudo? – perceber que mesmo sendo um astro de Hollywood ele se manteve o cara bondoso de anos antes destruiu Elena. - Ela não é um bebê, ela tem... Ela acabou de fazer seis anos – cobriu com força os olhos com a mão que não segurava o celular e mordeu o lábio inferior para se impedir de chorar. - Seis anos? Uau! – ele ficou em silêncio por alguns segundos – O que sua filha tem, Len? - Você precisa vir pra Londres – sua voz falhou e ele soube que ela chorava. - O que? Por quê? Elena, o que eu... - Ela é sua, Nick – disse num sussurro apressado e ele ficou mudo – Nick? - O-o que você disse? – agora era a voz dele que parecia trêmula. - Ela é nossa filha, minha e sua – a mãe de Elena passou a fazer carinho nas costas da garota que agora chorava abertamente – Eu não queria te contar assim, não pelo telefone... Mas ela tá doente e é grave, Nick. - Esse é seu número, certo? Te ligo assim que aterrissar em Londres – disse sem dar chance de resposta e desligou na cara de Elena. - O que ele disse? – a senhora Alvarez quis saber quando a filha tirou o celular da orelha e a abraçou. - Que está vindo pra cá, sem questionar nada, sem fazer perguntas... Só disse que tá vindo – respondeu aos soluços contra o ombro da mãe – Ele não merecia conhecer a filha nessa situação. Eu sou um monstro, mãe. - Você fez o que achava melhor e o que está feito está feito, não adianta se arrepender a essa altura. Agora você vai lavar o rosto e levar o Dougie para comer alguma coisa, ele está há horas ao lado da Penny, eu fico com ela. - Você vai ficar sozinha com ela? E se você precisar chamar alguém? Como vai se comunicar com eles? – a mãe de Elena não falava inglês e por esse motivo era a única que não ficara sozinha como acompanhante da pequena desde que havia chegado do Brasil no dia anterior, menos de vinte e quatro horas depois da internação. - Eu me viro, faço mímica, uso o Google Tradutor – a senhora levantou o banco e indicou o banheiro para a filha – Vai logo lavar esse rosto. E não se preocupa, se eu consigo fazer seu namorado e a família dele me entender, eu me viro com as enfermeiras se for preciso – ao ver o olhar de Len, logo emendou – O que não vai ser preciso, já que o quadro da Penny está sem alterações desde ontem à noite. - Okay – a garota parecia sem forças até para responder ao seguir para o banheiro e fazer o que a mãe havia mandado.
- Baby – Doug chamou de novo, percebendo que a namorada não havia ouvido as duas vezes antes, dessa vez ela desviou o olhar da janela do refeitório do hospital e focou sua atenção nele – Eu acho que você deveria mandar uma foto dela pro Hoult. A garotinha deitada naquela cama não é a Penelope de verdade, eu acho que ele vai gostar de chegar aqui já conhecendo o rostinho dela. - Você acha? – a voz de Elena estava rouca como se tivesse passado as ultimas horas gritando e seu olhar mostrava todo desespero que sentia, partindo o coração de Dougie. - Sim... Eu acho que a fase em que ela era mais parecida com ele foi a de um ano, aquelas fotos que me mostrou do smash the cake... – ele viu a namorada assentir, pegar o celular e logo seus olhos encherem de lágrimas ao abrir a galeria e ver centenas de milhares de fotos de sua pequena – Meu amor. - E-eu não posso viver sem ela, Doug – a voz saiu num sussurro falho quando ele sentou ao seu lado e passou um braço por seu ombro. - E você não vai, Len – garantiu baixo em seu ouvido, fazendo carinho em seus cabelos – Tá me ouvindo? Ela vai ficar bem. - Eu não posso viver sem ela – repetiu e ele sabia que ela falava sério. - Vamos escolher qual foto mandar pro Hoult? – por mais que sentisse um ataque de pânico se espreitando com a ideia do pai biológico de Penelope estar a caminho, Doug sabia que Elena precisava dele calmo e forte. Após alguns minutos olhando fotos e relembrando momentos, Len enviou as duas escolhidas e uma sequência de mensagens, bem como o endereço do hospital.
O nome dela é Penelope Anne, mas a chamamos de Penny ou Penn. Essa foto é de semana passada, numa festa que a Jazzie a levou:
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Ela ama princesas e fadas, mas também Star Wars e Avatar, não o dos bichos azuis, mas aquele da Nickelodeon dos quatro elementos. Ela ama sorvete com muitos confeitos de chocolate, galochas amarelas e neve. Aqui foi no aniversário de um ano, ela estava sua cara:
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Ela já te viu como Fera em X-Men e disse que você era 'um bichinho azul fofo'.
Horas depois, enquanto olhava sua pequena pálida e com círculos escuros sob os olhinhos, dormindo tão serena mesmo com todos aqueles tubos e agulhas a espetando, Elena recebeu uma única resposta de Nick.