Capítulo 1.

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     Estava frio. Eu andava pelas ruas estreitas e solitárias de Umbrella City, nossa pequena cidade com índices de chuva mais altos que o normal. Eu conheço muito bem essas ruas, as mesmas ruas que corria com ele. Um certo menino que conheci há um tempo atrás, não sai da minha cabeça.

    Respirei com calma, deixando o ar escapar por meus lábios e os pensamentos antigos vagarem por minha mente. Foi em um piscar de olhos que um cartaz manchado chamou minha atenção.

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Cão desaparecido. Por favor ligar para esse número se encontrá-lo.

Número: ######### *
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  O vento ficava cada fez mais frio, trazendo com ele uma possível tempestade. Juntei as sobrancelhas, analisando com cuidado a foto do cão.

— Mike - O nome saiu de meus lábios em um sussurro, e sorri involuntariamente.

  Há uma semana venho simpatizando com um cachorro que coloquei o nome de Mike. Pensei que ele era um cão abandonado, mas pelo visto não é...

   Joguei meus cabelos para atrás e fui em busca do cão de pêlos pretos. Corri até à ponte de madeira, que era o local que sempre costumava vê-lo. O vento frio batia em meu rosto, me fazendo correr mais rápido. Em alguns minutos já estava na ponte.

— Mike! – Ví o pequeno cão; ele se tremia um pouco, e mordi os lábios ao perceber que ele estava com frio. — Vem cá, menino  – Chamei-o, fazendo o mesmo abanar o rabo de forma rápida.

O vira-lata com pêlos pretos correu para meus braços, se aconchegando neles logo em seguida.

— Isso, bom menino. – Passei minhas mãos por seus pêlos macios, ele pareceu feliz com isso. Voltei para o lugar onde tinha visto o cartaz de maneira calma tentando não agitar ainda mais o cachorrinho. Ao chegar lá, uma dúvida me invadiu.

— Ok, agora é só ligar. Mas o que eu falo? Meu Deus... Se acalma Lory. – Falei para mim mesma, não conseguindo nem pensar direito.

Peguei meu celular com as mãos trêmulas e disquei o número.

— Alô? – Uma voz doce é familiar me atendeu. Fiquei em silêncio, tentando colocar meus pensamentos no lugar. — Você encontrou meu cachorro? – Sua voz era baixa e pude sentir a esperança em seu tom.

Ele foi bem rápido em perguntar, deveria estar esperando essa ligação há muito tempo.

— Ah, sim... Eu acho. – Declarei, balançando a cabeça e tentando ser menos estranha. A voz do menino do outro lado da linha me parecia familiar, mas de uma forma diferente.

— Graças a Deus. Vamos marcar de nos encontrar? Que tal na praça 13? – Perguntou com rapidez, o timbre embargado em felicidade.

— O quê? Por quê? – indaguei confusa.

— Ah, para você me dar o cachorro... – Respondeu como se fosse a coisa mais óbvia, mas não era... Ou era?

— Hum, claro. – Declarei envergonhada. — Ok, pode ser na praça 13. – Concordei segurando Mike com cuidado.

— Você está ocupada agora? Eu estou perto da praça, podemos nos encontrar agora? – Ele parecia ansioso, e parte de mim se revirou ao pensar em me encontrar com alguém que eu não conhecia.

— Ah, sim... Podemos. E-estou a caminho. – Tentei me manter calma, mas o fato de ter que me encontrar com um estranho, não era muito confortável.

— Você pode estar meio desconfortável, mas minha namorada vai também. Não se preocupe. – Contou de forma calma. Fiquei um pouco mais aliviada com isso, mas não completamente.

    Mesmo assim, eu vou. Não vou deixar um cachorrinho perdido só por que tenho medo.

— Ah, ok... Estou a caminho. – Minha voz parecia de uma taquara rachada, às vezes normal e depois ficava fina.

O menino pareceu se divertir com o meu nervosismo. — Ok, estou indo. – Anunciou calmamente.

Desliguei a chamada com rapidez. Caramba... Eu tenho problema? Por que fiquei tão nervosa?

Comecei ir a caminho da praça. O pequeno cachorro ficava confortável em meus braços. As ruas continuavam solitárias e o vento mais frio. Porém, o sentimento de fazer uma boa ação esquentava meu coração, e o calor do pequeno cachorro esquentava meus braços.

Caminhei por pouco tempo, pois já estava perto do local marcado.
Ao chegar na praça,  vi um casal que parecia estar brigando, passei reto e me sentei num dos bancos.

— Chega, Melanie! – O menino de cabelos castanhos gritou com a moça que tinha um belo corpo. — Você não tinha direito de fazer isso! Ele é meu cachorro!

— Calma, meu Tchutchuquinho. O cachorro estava dando muito trabalho, então eu apenas tirei esse peso das suas costas. – Contou, com um sorriso forçado nos lábios.

   Juntei as sobrancelhas, cruzando as pernas e me focando na cena.

— Meu Deus! Você jogou meu cachorro na rua! Ele podia ter morrido! – O menino já estava muito alterado. Pelo o que eu tinha entendido, eles são o casal que estou esperando. E a tal Melanie, abandonou o Mike. Jogou ele na rua.

O cachorro pareceu feliz ao ver o rapaz que estava de costas para mim. Analisei suas costas largas com cuidado, me perguntando que tipo de pessoa aquele garoto seria.

— Acho que são eles, né Mike...? – Ri de mim mesma. — Acho que não é um bom momento para falar com eles, mas aqui está ficando frio... Ah merda... Vamos lá!

Me levantei do banco e fui até o casal que ainda discutia. A mulher pareceu meio sem jeito ao me ver chegando. Ela apontou para mim e falou algo para o rapaz.

Quando o menino virou, minhas pernas ficaram bambas e eu quase deixei o cão cair. Olhos castanhos arregalados, aqueles olhos castanhos que tanto aparecem em meus sonhos, que tanto desejei ver novamente.

      Abri a boca tentando falar algo, mas o nó em minha garganta não deixava. Engoli em seco, vendo seu rosto se tornar uma mistura confusa e feliz. Seu lindo rosto com pequenas sardinhas.

   Meus olhos começaram a arder. E o tempo com que passei com aquele menino, passavam pela minha cabeça. Era ele, depois de 4 anos, eu finalmente o reencontrei. O sentimento de rever uma pessoa no qual você sonhava reencontrar, é incrível. Aquele rosto, aquela voz, aquele menino que era quase irreconhecível... Finalmente eu o reencontrei. Dilan.

           "Voz de taquara rachada"

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           "Voz de taquara rachada"

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Provavelmente deve ter alguns erros, então por favor me desculpem.
Nos vemos no próximo capítulo. Beijinho doce da tinha Mogridd.❤

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