Capítulo 26.

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Dias depois de sua partida

Estiquei as pernas e fiz impulso. Quando meus cabelos voaram e o vento bateu em meu rosto, percebi que estava sozinha.

Puxei o ar trêmulo e forcei o balanço parar. Ele não estava aqui para me balançar.

Lágrimas quentes desciam por meu rosto e meu peito doía mais. Me curvei, tentando amenizar a saudade, mas ela aumentava a cada minuto.

Din eu sinto sua falta.

Quando tudo ficou em silêncio e apenas o som dos meus soluços podiam ser escutados, encarei o céu laranja.

O sol estava indo embora e me deixando sozinha assim como ele.

Eu sinto sua falta, de cada detalhe em você.

Funguei, não aguentando mais chorar o dia todo. Mamãe já está ficando preocupada e eu não quero isso.

Admirei o balanço vazio ao meu lado e me arrependi logo depois, porque o choro aumentou e eu estava gritando sozinha em um parque abandonado.

Eu preciso ver seu rosto e escutar sua voz, Dilan Peterson.

...*...*...

Eu preciso vê-lo. Eu quero perguntar o que ele passou durante esses anos e o que sentiu.

Preciso saber o que ele sente por mim.

- Aqui. - Ben tocou meu ombro e colocou um copo d'água a minha frente. Agradeci ainda soluçando. No final, Ben acabou me vendo chorar. - Se você não estiver bem, pode ir para casa. Eu posso terminar sozinho. - Sugeriu timidamente. Neguei com a cabeça e bebi a água gelada ainda sentindo minha garganta doer.

- Não... - Gaguejei sem jeito. - Eu vou ficar. Já estou melhor. - O enviei um sorriso simples e me ajeitei na cadeira.

Essa situação é vergonhosa.

- Tudo bem. - Ele sentou ao meu lado. - E novamente, peço desculpa por qualquer coisa que falei. - Pediu num tom cuidadoso que tirou uma risada fraca de mim.

- E novamente, não precisa se desculpar. - Brinquei imitando suas palavras, e ele sorriu torto. - É sério. - Afirmei fazendo-o me encarar. - Você não falou nada ruim. - Declarei calmamente. Meus lábios tocaram o copo de vidro novamente e logo, o líquido gelado estava descendo por minha garganta.

Espero que meus soluços cessem.

- Estou bem. Vamos continuar. - Sorri e ele me acompanhou. Agradeço ao Ben por não perguntar porque eu estava chorando. Peguei as cartolinas e as coloquei em cima da mesa com o coração abalado. - Din está em casa? - Perguntei com os nervos a flor da pele. Engoli em seco e encarei o menino ao meu lado.

- Não. - Contou depois de enviar uma mensagem no celular. - Está no veterinário. - Assenti com a cabeça me sentindo decepcionada. Comecei a ler a proposta do trabalho quando Benjamin me interrompeu.

- Vamos fazer isso lá fora. Aqui está muito calor. - Concordei, fechando as cartolinas novamente. Rapidamente saímos daquele cômodo e descemos as escadas.

Meu coração quase parou quando vi a porta do Din aberta. Pelas poucas coisas que vi, acho que seus gostos não mudaram.

Azul-marinho ainda é sua cor favorita.

Quando chegamos no quintal, não pude evitar de lembrar daquele dia com Din aqui. Benjamin me ajudou a colocar as coisas sobre a mesa, e logo nos sentamos.

- Você acha que vai ficar bom? - Indagou me ajudando a colar as imagens. Observei atentamente o cartaz que já estava se moldando, e assenti.

- Sim, já está ficando bonito. - Afirmei sinceramente. As imagens coloridas contrastavam bem com o papel branco.

Você Cresceu [✓]Where stories live. Discover now