Capítulo 22.

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Acordei com barulhos vindo do andar de baixo.

Passei as mãos pelos cobertores macios e meu coração voltou a doer ao lembrar de ontem. Eu não quero ir para a escola hoje.

Me levantei contra minha vontade e dei carinho nos gatinhos antes de seguir para o banheiro.

Meus olhos ainda estavam inchados. Eu não acredito que chorei por causa daquele idiota.

Engoli em seco, voltando a sentir minha garganta doer.

Ontem na praça, eu fiquei sozinha, apenas me afundando em pensamentos.

Eu sei que não tenho direito de me sentir assim, mas eu não posso evitar. Não sou eu que decido isso.

Ajeitei minha mochila e vesti um dos vestidos que estavam envelhecendo no meu quarda roupa. Ele era uma das poucas peças que eu tinha da cor azul no meu armário.

Desci as escadas com uma dor de cabeça horrível, e sem falar nada me sentei à mesa. Minha mãe me encarou com uma expressão estranha e depois beijou meus cabelos.

- Bom dia. - Desejou com a voz doce. Retribui com a cabeça. Eu sinceramente não estava de bom humor. - O que foi? - Indagou ao perceber meu silêncio.

Mordi os lábios tentando me acalmar e não xingar o Din.

A mulher a minha frente continuava me encarando preocupada e queria muito falar com ela sobre isso, mas eu não tinha esse direito.

Dilan e eu somos apenas amigos, pelo menos aos olhos dos outros e dos dele. Somos só isso.

Suspirei frustada e forcei um sorriso. - Nada. Estou ótima. - Seus olhos verdes permaneciam desconfiados e eu sabia que se continuasse assim, não me seguraria. - Já tenho donos para os gatos. - Mudei de assunto e ela abriu um sorriso grande.

- Sério? Quem são eles? - Mamãe parecia animada e fiquei feliz por conseguir mudar de assunto.

Eu não preciso ficar pensando nele ainda mais.

- É um casal. Eles são meus amigos. - Revelei dando uma garfada na panqueca a minha frente.

- São boas pessoas? - Perguntou se apoiando na ilha da mesa. Levei a comida a boca e apreciei o sabor.

- Sim. - Admiti com a boca cheia. - Eles são pessoas doces e vão cuidar bem deles. - Mamãe me observou pensativa. - É aquele garoto que veio aqui naquele dia. - Lembrei-a e Megan juntou as sobrancelhas. - O Benjamin. - Reforcei, e ela continuou pensativa.

- O lorinho? - Indagou rapidamente. Assenti com a cabeça e terminei minha refeição. - Entendi. Mas por que você não ofereceu ao Dilan? - Perguntou de repente. Meu corpo paralisou ao escutar aquele nome e meu peito voltar a doer com a imagem de seu sorriso em minha mente. - Acho que ele gosta de animais. - Concordei com a garganta dolorida e a voz presa.

Ele correu para outra menina tão rapidamente. É como se eu não fosse nada para ele.

Respirei fundo segurando as lágrimas que encheram meus olhos. Puxei o ar com força e coloquei o prato dentro da pia.

- Não sei. - Mordi os lábios e evitei olhá-la. - Acho que já vou indo. - Forcei um sorriso e a abracei. - Até depois, mãe. - Ela sorriu para mim. Peguei minha mochila e sai daquela casa com passos apresados.

                   ...*...*...

Respirei fundo ao me sentar no banco de pedra da escola. É a primeira vez que venho aqui na parte aberta da escola.

É um lugar verde e com bastante adolescentes se beijando, chega até ser incômodo.

Estiquei as pernas e coloquei minha mochila no colo. O tempo estava nublado e logo iria chover.

Você Cresceu [✓]Where stories live. Discover now