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Mal presto atenção na estrada a minha frente. Está vazia. Então não me preocupo em ser parada por autoridades humanas. O que diriam se eu dissesse que aprendi a dirigir há uma semana? O pensamento me faz esboçar um sorriso.

Pondero se é mais apropriado avisar que estou chegando do que simplesmente aparecer lá, então pego meu celular e ligo para o número que consegui por meio de Eleazar.

— Carlisle, sou eu, Lilith do clã Volturi. Preciso da sua ajuda — despejo de uma vez, temendo sua resposta.

Odeio depender de outras pessoas, mas minha vida inteira foi assim — minha vida vampira, pelo menos. Não me lembro muito da minha vida humana. Houve fogo, gritos e mortes. Me lembro de me encantar por alguém, mas ter o coração partido. Não me lembro da sensação.

— Minha filha avisou sobre sua vinda — filha. Essa palavra não me surpreende muito. Carlisle sempre foi sentimental. Tratar membros do seu seu clã como família é... adorável.

— Já estou chegando na sua residência — falo. Sigo as instruções que consegui e logo avisto a grande casa dos Cullen.

Ao mesmo tempo que ela me passa vulnerabilidade, também há certa imponência. Não sei se gosto. Estou acostumada com apenas imponência.

Saio do carro e subo as escadas em um piscar de olhos. A porta é aberta por Carlisle, que sorri educadamente.

— Quanto tempo, Lilith — ele diz, abrindo mais a porta e me dando espaço para entrar.

Se meu coração batesse, ele já estaria disparado nesse momento. Agradeço aos céus por meu corpo não poder dar sinais de fraqueza. Mantenho minha face vazia enquanto entro na casa com estilo clean e sofisticado. Há outros me observando, é claro. O famoso Clã Cullen, o lar de vampiros extraordinários. Uma mulher que arrisca um sorriso para mim, uma baixinha que bate o pé incessantemente de maneira irritante, um loiro com tantas cicatrizes que poderia me dar arrepios se eu estivesse viva, um grandão que parece tentar esconder um sorriso, uma loira me olhando de forma que me lembro de Jane e por último outro mal encarado, mas em vez de loiro, seu cabelo é acobreado. Será esse o tal leitor de mentes? A maneira com que ele sorri responde minha pergunta.

— Perdoem-me a visita inesperada, mas eu — engulo o que resta do meu orgulho — preciso de ajuda e creio que não conseguiria com meu antigo clã.

— Você saiu do clã Volturi? — Carlisle me olha chocado.

— Não achou que eu pudesse parar de depender deles, não é? — dou um sorriso amargo. É o que todos achavam naquele ninho de cobras.

— Eu não quis dizer isso — ele se retratou — apenas nunca imaginei... de todos... você parecia confortável lá.

— Acomodada seria a palavra certa — suspiro, só pelo drama da ação — você sabe, sempre fui despreocupada. Fazia o que me mandavam, bebia o que me davam e vivia como uma princesa presa na torre.

Mesmo que eu esteja mais para dragão.

— O que houve? — o loiro se aproxima e eu fito seus olhos dourados.

— Olho bem nos meus olhos — paro de piscar. Ele analisa bem e reparo que os outros também estão de olho.

— Está usando lentes verdes para esconder o vermelho — afirma.

— Não, estou usando lentes vermelhas para esconder o verde — retiro as lentes e vejo todos se aproximarem automaticamente.

— Uma anomalia? — supõe o de cabelos acobreados.

— Quando começou? — percebo o tom profissional que Carlisle assume.

— Sente-se, querida — a mulher do sorriso me indica o sofá. Assinto, murmurando um agradecimento e sentando-me. Parece que isso movimenta os outros: ela se senta ao meu lado, enquanto Carlisle se senta no outro. O leitor de mentes se senta em uma poltrona, sem desviar os olhos de mim. O grandão fica atrás dele e a loira ao seu lado. A baixinha e o loiro assustador dividem uma poltrona.

AlvoradaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon