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Escuridão.

Sem passagem de ar.

Não consigo me mexer. Não há espaço o suficiente nem para alcançar meu rosto.

Há flores mortas pelo meu corpo.

Eu fui enterrada viva. Ou melhor, morta.

— Não acredito nisso! — grito, furiosa.

Preciso sair daqui agora. Evito pensar no cheiro de terra molhada... A mesma terra que me cerca... há vários metros da superfície... Me concentro, empurrando com força a tampa do caixão para cima. Não funciona muito. Depois de um tempo, é mais do que frustante. É desesperador.

O caixão quebra, fazendo a terra entrar e eu não saber o que fazer. Minha sorte é não precisar respirar, mas meu azar é o pouco espaço que tem no caixão para ajudar na minha escavação para cima. Vou tentando subir, mas a terra me cerca de maneira opressiva. Eu preferia mil vezes estar no mar. A pressão lá em baixo é horrível? a
Absolutamente. Mas eu teria esperança. Agora? As chances estão contra mim.

Continuo cavando com ferocidade, até que percebo que estão cavando do outro lado também. Sinto um choro vir, mas nenhuma lágrima sai. Claro. Estou cem por cento morta desta vez. Vampira quase zumbi. Estou faminta, aliás.

Finalmente luz me atinge, me fazendo fechar os olhos. Mãos agarram as minhas e me levam para solo seguro. Respiro fundo. Chuva me molha inteira, mas eu não ligo. Eu gosto. Lava meu corpo. Talvez chegue a minha alma.

— Você é inacreditável — Jasper me puxa para um abraço. Caio de joelhos a sua frente, sem conseguir me manter. Nada em mim está funcionando bem.

— Por que vocês me enterraram? — questiono em um fio de voz.

— Porque você morreu — a voz dele falha — depois do seu poder ser usado daquela maneira... você morreu por semanas. Então... Desistimos.

— Nunca vivemos nada assim — Alice parece apenas uma sombra do que foi um dia. Até suas roupas foram afetadas. Ela veste apenas uma calça jeans simples e uma blusa preta. E tênis. Pelo menos isso é de marca — Edward...

— Onde ele está? Preciso vê-lo — tento me levantar, mas estou fraca demais.

— Você precisa de muitas coisas, ver Edward não é uma prioridade agora — ela se aproxima, sorrindo como se fosse a primeira vez em muito tempo — cuidaremos de você e deixaremos ele ter seu tempo para se recuperar também. Ninguém quer um noivo zumbi.

Reparo então em um anel formidável em meu dedo. Noiva. Sou uma Noiva Cadáver!

— Noivo? — rio fracamente, surpresa — não lembro do pedido.

— É porque você estava morta — comenta Jasper, seu olhar com aquele humor peculiar típico do loiro — foi bem estranho, na verdade.

— E quando Edward não faz algo estranho? — Alice zomba.

Ela me pega de Jasper, segurando-me com firmeza. Olho então ao redor: é um lindo jardim. Exuberante e feito com muito zelo. Percebo que estamos no centro de tudo.

— Estamos em Forks? — sussurro, um misto de emoções apertando meu coração. Elas me sufocam de maneira caótica.

— Sim — Jasper responde, enquanto lidera o caminho pelas flores e plantas e árvores. Aposto que Esme fez isso. Mas também parece ter colaboração de outras pessoas. Uma espada antiga cheia de jóias meio enterrada na terra ali, uma escultura de lobo em madeira aqui, uma escultura minha em tamanho real acolá. Aliás, quem fez isso acertou meu olhar em cheio. Feroz. E minha bunda não está nada mal também.

AlvoradaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora