Urban Legend My Ass

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Nuvens apresentavam-se quase roxas, à medida em que trovoadas anunciavam que o céu castigaria Pendleton mais uma vez. Apressando os passos e temendo uma possível chuva, Minnie ergueu a cabeça por um instante como se pedisse para que a tempestade não chegasse ainda, ou talvez, querendo ter certeza que conseguiria andar os metros que lhe restavam sem ficar ensopada. Fechando ainda mais o zíper da blusa, subindo-o quase que na altura do pescoço, baforou o vapor frio abaixando o queixo ao subir aos saltos os rasos, porém longos degraus à sua frente. Eram tão baixos e largos que por pouco não pareciam uma linha reta inclinada rumo a uma fortaleza. No fim, a construção com aparência de pedra, um prédio rústico que mantinha o ar de um dia ter sido uma catedral ou coisa do tipo. Cinzento como a tempestade, seus tijolos à noite ganharam um tom ainda mais escuro. As luzes amarelas que vinham de dentro através de vidraças e pela própria porta de vidro em si, alertavam presenças, mesmo que o silêncio absoluto fosse o sinônimo do lugar. "Biblioteca de Pendleton" dizia a placa sutil pouco acima da porta giratória reluzente por onde ela ansiava em passar.

Em pouco, se via entre os reflexos do vidro conforme empurrou a porta, girando-a. Atenta ao ambiente quentinho que havia adentrado. Nada a ver com o clima lá fora. A biblioteca quase parecia um palácio. O chão de mármore cor marfim, fazendo até reflexo de quem caminhasse por cima, e o eco que seus passos faziam sob as luzes aconchegantes de um espaço delicadamente iluminado, entre todo o enorme labirinto de estantes de livros limpinhos, era confortável, no mínimo. À sua direita, sua atenção foi atraída para o balcão, onde uma senhorinha de cabelos brancos jazia sentada, aparentemente concentrada em algo no computador, tirando sua atenção da tela dando uma encarada grosseira na menina, que tratou de desviar o olhar e seguir em frente de cabeça baixa, torcendo para que a velhota ainda não estivesse lhe examinando.

- Merda.. Tinha que ser a vaca da Matilda? -Resmungou baixinho, recusando-se a olhar para trás e ter que ver a cara daquela senhora, que um dia lhe expulsou dali por ser pega aos beijos com um garoto da DKY, Austin. Não gostava de se lembrar do ocorrido, desde que pensava que Austin foi um dos muitos erros que cometeu na vida. Nunca deixou o rapaz saber o quanto o achava patético.

Ficando cada vez mais nervosa de ansiedade, buscava por entrar logo na droga de um corredor e se ver cercada por livros, longe do campo de visão de Matilda e sua cara feia, aproximando-se do que seria sua mais próxima entrada do labirinto, uma brecha que lhe deu entrada para um dos milhares de corredores formados por prateleiras. E assim ela o fez, dobrando à direita depressa entrando na primeira passagem que lhe surgiu. Mas não parou de caminhar. Era visível como se sentia um tanto perdida e assim, retirou do bolso o papel de que o professor Matt havia lhe entregado mais cedo com as instruções, contendo o número do corredor e do livro que ela e Quinn se mataram de procurar nesta tarde. Mesmo com a decepção de não tê-lo encontrado antes, Minnie não perdia as esperanças de que talvez alguém pudesse ter devolvido o mesmo. Deu uma rápida olhada no papel, apenas para satisfazer sua fome de certeza, do qual ela já sabia as coordenadas de cor. Olhos rápidos e curiosos percorreram as capas enfileiradas encostadas umas sobre as outras, implorando aos céus de que a resposta que procurava, como por um milagre, fosse estar lá. Seguindo ainda cercada por livros, percebeu que estava na sessão de "Fatos Históricos" e tal era o silêncio ali. O assunto era tão desinteressante que afugentava qualquer um daquela área, não que de fato houvesse alguém no momento, pois o lugar se encontrava deserto.

- Hum... -Freou numa encruzilhada. - Por aqui... -Dobrou à esquerda, começando a seguir reto num ritmo acelerado numa passagem longa demais, onde o horizonte era a parede no fundo da biblioteca. Sentia-se num tipo de fenda de uma linha só. E embora houvessem outras travessas a serem acessadas no caminho e encruzilhadas adiante, não ousou prestar atenção em nenhuma. Decidiu seu destino e assim o seguiu, reto e direto. - Que saco, por favor, por favor esteja aqui... -Sussurrou, espremendo o rosto ao torcer para ter seu pedido realizado em sua caminhada de um rebolado natural. Mirando o olhar quase que no final de uma prateleira distante à sua esquerda, tentou inutilmente ver à distância, se o maldito livro estaria ali.

Scream - Survival 2Where stories live. Discover now