Dance With The Devil (Part 1)

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- Fecha a porta! -Ordenou Paul, nervoso ao sentar com tudo no banco do motorista, revirando os olhos de pressa ao assistir o não tão ágil Timmy colocar uma das pernas para dentro do carro, tenso porém lento, atirando sua mochila no banco de trás com descuido, pois a mesma rolou caindo no chão do carro. - Anda logo!!! -Lhe agarrou pela manga da camiseta, dando um puxão que levou o garoto abaixo sentando-o a força no banco.

Esticando-se afim de alcançar a porta, o menino pegou impulso assim que seus dedinhos tocaram a maçaneta interna, jogando seu corpo para trás trazendo a mesma consigo, provocando um forte baque.

- Cuidado com meu carro, cacete! -Reclamou o jornalista com um tapa em seu ombro, insatisfeito com a atitude do namorado.

Tim não respondeu, estava amedrontado demais para tal. Era nítido como ele seguia Paul por achar que a esse ponto não tinha mais opção. Sem saber o que fazer ou dizer, obedecia aos comandos de forma espalhafatosa e desesperada, sem responder a insultos ou broncas, em transe sempre olhando em frente para Deus sabe o que, perdido em pensamentos neuróticos de preocupação, enquanto seu par amoroso se remexia no banco, passando as mãos aflitas por baixo das nádegas verificando os bolsos enquanto se virava de um lado para o outro, resmungando:

- Cadê as chaves? Cadê essa merda?!!

Tim tremia a cada grito que ele soltava, como se tivesse espasmos. Uma reação apavorada de cada movimento ou tom de voz levantado do amante assassino, se imaginando atrás das grades e deserdado pela própria família. Repassando a rápida e borrada imagem de Clarice que lhe queimava a memória, parada em pé no alto daquela sacada vestida com a capa preta. A viu por uma fração de segundos, mas foi o suficiente para que entendesse o quão ferrado estava e em como as atitudes vorazes de Paul faziam sentido.

- Achei!! -Berrou ele, retirando um molho de chaves do bolso traseiro da calça, erguendo-o contra o rosto sob extrema felicidade, quase beijando o objeto metálico. Assim que jogou o pulso para frente afim de enfiá-las na ignição, seu ante-braço fora agarrado de surpresa pela mão magra e suada de Timothy, impedindo seu ato portando espanto no semblante. - Que é agora?.. -Questionou nervoso. E percebendo como ele olhava paralisado para frente, resolveu fazer o mesmo apontando-se naquela direção, avistando o que seria a gota d'água.

O estacionamento de estudantes, amplo e com formato de área retangular estava com quase todas as vagas de carro ocupadas, o que era normal. Mas a desagradável surpresa veio com o movimento que ali antes não existia. De frente a eles, havia uma vasta fileira de carros que se estendia do início ao fim do estacionamento a céu aberto, posicionados um ao lado do outro. No destaque de seu campo de visão central, davam de frente com a traseira de um Honda Civic branco e um Prius preto. E no o pequeno espaço entre os dois veículos, um estudante surgiu correndo em desespero, espremendo-se entre os dois em passos desgovernados invadindo o estacionamento aos gritos. Ele não foi único. Mais um que seguia logo atrás dele fazia o mesmo, vindo tão rápido quanto o anterior, porém de forma mais estabanada batendo a cintura no retrovisor lateral do Honda, estabacando-se quase caindo, embora não perdesse o ritmo da corrida.

Gritos amontoados começaram a ficar próximos embora fossem abafados pelas janelas fechadas do carro. Uma confusão generalizada estava para se apresentar. Uma garota qualquer de mochila nas costas surgiu correndo na frente do carro percorrendo o estacionamento, balançando os braços de forma aflitiva, girando-os no ar pegando impulso tomada por uma expressão chorosa e de boca aberta, provavelmente gritando. O que se seguiu após ela foi o completo caos: Os estudantes assustados de Pendleton College espalhando-se pelo estacionamento numa corrida infame, surgindo por entre-meio dos carros, passando com tudo entre os vãos das vagas, esbarrando uns nos outros e tomando todo o espaço livre entre as duas fileiras de carros estacionados, congestionando a passagem tornando quase impossível, que Paul saísse do lugar sem atropelar um deles. De onde aquele povo todo tinha surgido tão rápido? Batendo-se contra as latarias, abrindo as portas dos veículos de modo tão grotesco que as faziam bater contra o carro ao lado, amassando o vizinho ou arranhando-lhe a pintura. Alguns eram mais ousados, saltando sobre as capotas, escorregando sobre os capôs ao entrarem no estacionamento. Vozes confusas e escandalosas, cabelos sacudindo e pernas se cruzando no momento em que o Pânico total havia se alastrado, incentivando que todos entrassem numa grande fuga.

Scream - Survival 2Onde histórias criam vida. Descubra agora