Fright Night (Part 1)

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A noite caiu sobre Pendleton. E com ela, veio o frio do sereno. A deserta universidade ganhou um ar arrepiante e desolador no absoluto silêncio. As construções eram molhadas vagarosamente pela garoa fina e quase imperceptível que se alastrou com o ar gelado de alguns dias nublados. Os postes espalhados pelo gramado principal, esses faziam ser possível através das lâmpadas em forma de prato, ver as pequenas gotas que só ficavam visíveis se olhasse diretamente para a luz, assim perceberia os minúsculos filetes d'água que desciam sobre Pendleton, mudando de direção conforme a vontade do vento. Nenhuma alma viva havia no que parecia ser um cercado de construções góticas abandonadas.

A torre do relógio, localizada na borda do pátio principal, vigiava a propriedade e todos os três prédios à sua volta sendo um monumento digno de contemplação, onde os quatro prédios cercavam o gramado, um quadrado de paredes, sendo a torre a mais alta delas. Prédios esses sem vida e apagados, enormes sombras na noite que contava os segundos longos em que se sentia sozinha e abandonada por aqueles que até a algumas horas, a habitavam, e que saíram correndo puxando suas malas ou correndo comas mochilas nas costas.

E nesse silêncio congelador ainda dentro do prédio da diretoria, vinha Claire caminhando pouco depois de ter saído da sala do Heitor. Milhões de pensamentos cruzaram a mente e o principal era que tudo aquilo havia sido em vão. Talvez não importasse o que fosse acontecer esta noite pois de certa forma o pesadelo não acabaria. Poderia morrer dentro de alguns momentos e ainda sim haveriam "Ghostfaces" espalhados pelo país, alastrando o Pânico por onde passam. Ou... poderia vencer o jogo, não que ainda sim terminaria. Algum outro louco vingativo tentaria terminar o trabalho que este talvez não conseguiria e assim por diante. "Maldito seja aquela porcaria de filme 'Stab'!" -Pensava. Via-se amaldiçoada pela figura de fantasma até que desse seu último suspiro.

E que suspiro frio esse, quando a fumaça branca saiu de sua boca assim que adentrou ao estacionamento de funcionários e professores. A porta de ferro rangeu, batendo logo atrás de si ecoando miseravelmente pelo local iluminado por enfileiradas lâmpadas Lad no teto cinza. Amplo era o local, e por mais silencioso que estivesse, era absurdamente alto o eco. Seus sapatos de salto quase pareciam fogos de artifício no piso liso e em cor de concreto. Pequenos estouros que indicavam sua localização e que a enchiam de medo. Mas não havia outra direção a seguir, era isso ou sair pela frente, onde teria de dar a volta no enorme prédio da diretoria até que finalmente chegasse ao pátio para enfim... ir em direção ao prédio do dormitório. E que tarefa horrível seria, chegar até lá e dizer a todos que o "Plano" tinha que ser cancelado. Que não vale a pena arriscar tantas vidas num jogo que não está pronto para dar seu "Game Over".

Puxou as mangas do sobretudo para baixo tentando cobrir as mãos por conta do frio. Bateu os dentes na caminhada oca onde se arrependeu por estar com as pernas de fora. Mas a sensação que a dominava era o nervoso. A raiva em não ter feito nada que ajudasse por mais que tenha tentado. A essa hora, o resto da galera selecionada pelo maníaco devia estar em seus quartos tomando algum café... malditos! E ela passando por todo esse perrengue ouvindo o que não queria. Aff... Mas quem vai ter que andar sozinha nessa porra? "Sim, eu mesma, Claire Ripley".

Haviam duas fileiras de carros estacionados, uma de cada lado no grande estacionamento fechado. Ao menos as fortes luzes no teto não a deixavam na escuridão que o restante da faculdade se encontrava. Prosseguiu pelo meio das duas fileiras dos veículos deixando um a um para trás, enquanto cruzou os braços com força, tremendo-se toda para tentar inutilmente se aquecer do frio. Se há tantos carros assim, significa que há seguranças de plantão rondando o perímetro. Basta saber se estão rondando os arredores ou os interiores.

E foi nisso, que o primeiro gostinho da "Última Noite" de Pendleton surgiu. As mãos geladas, pressionadas contra o torso conforme abraçava a si mesma, sentiram a vibração num dos dois bolsos cheios do sobretudo. Parou no mesmo instante, olhando para si vasculhando a cintura, apalpando-se por cima do bolso sentindo a superfície rígida do celular, do qual retirou desanimada, atendendo. E seu erro talvez, foi não ter visto o identificador de chamadas.

Scream - Survival 2Where stories live. Discover now