Eu Não Te Amo

13_ Desliga freezer a notche??

Subi para o meu quarto e vi que nenhuma das meninas estavam lá. Olhei no relógio e vi que eram 14h47.

- Nossa, pensei que fosse mais cedo! - Corri para minha cama, joguei minha mochila nela e já fui tirar aquela roupa molhada.

Coloquei uma roupa confortável e sentei na escrivaninha para começar meu trabalho. Provavelmente não sairei daqui tão cedo.

[...]

Fiquei o resto do meu dia fazendo a pesquisa e fiquei muito feliz com o resultado. Eu amo fazer resumos bem elaborados e coloridos.

Olhei no meu celular e vi que já eram 19h23. Estou exausta!

Guardei minhas coisas e sai do quarto para comer alguma coisa.

Desci as escadas e vi todo mundo na sala vendo televisão, menos o Matheus.

- Até que enfim saiu daquele quarto! Primeiro dia de aula e já ta toda atolada de coisa assim? - Mirela pergunta rindo.

- Pois é! - Rio e vou até a cozinha.

Já estava escurecendo lá fora e eu percebi que não estava mais chovendo.

Vi que havia um bolo que parecia ser de laranja em cima da mesa e cortei um pedaço para mim.

- Deixa eu falar com ele! Passa o telefone pra ele Mãe!! - Ouvi uma voz vinda do jardim de trás e olhei pela janela vendo o Matheus falando ao telefone com uma cara nada amigável. - Para de protege-lo Mãe! Eu to falando sério... se ele fizer alguma coisa com a senhora eu mato ele! To avisando! Manda ele ficar de olho! - Matheus desliga o telefone e num momento de raiva da um soco na árvore que estava ao lado dele.

- Matheus? - Me aproximo e ele se assusta ao ouvir minha voz. O olhar dele transbordava ódio.

- O que você quer? - Ele pergunta voltando a ficar de costas para mim.

- Nada... só... só queria saber se está tudo bem. - Dou passo pra frente e ele vira o rosto pra mim.

Por um momento pensei que ele fosse dizer algo sobre o que aconteceu, mas ele exitou.

- Ta tudo ótimo. - Ele fala e em seguida vai em direção a porta da cozinha.

Com certeza nada estava ótimo. Ta certo que não sei nada sobre ele e nem o conheço direito, mas eu não o tinha visto daquele jeito antes. Ademais, ele mencionou matar alguém. Isso com certeza não é sinal de estar tudo ótimo.

- Não é o que parece! - Falo ainda de costas pra ele e percebo que ele parou de andar.

- Não se mete nisso, ok? Você não tem nada com isso. - Ele finaliza e entra de vez na cozinha.

Ok, não vou conseguir convencê-lo a falar. Se um dia ele quiser falar, vou estar aqui.

Bufei e voltei pra cozinha para terminar meu bolo.

- Cadê meu bolo? - Vejo meu prato vazio em cima da mesa e vejo também o Matheus indo pra sala comendo-o.

- Valeu. - Ele sorri ladino e vai pra sala.

Garoto bipolar.

Cortei mais um pedaço, fui para sala também e me sentei ao lado da Mirela no sofa.

- Quando não é uma, é outra. - Jenifer fala olhando para mim.

- Han? - Pergunto confusa.

- A Hanna. - Mirela responde olhando para tevê. - Você passou a tarde inteira estudando e agora ela que está.

- Ata. - Assinto e olho para tevê. - O que estão vendo?

- Pesadelo na Cozinha. - Nicolas responde.

- Esse é o do Pé de Fava, é o melhor! - Rebeca fala empolgada.

- Você ta brincando comigo? É uma pegadinha não é? - Jenifer imita a voz do Jacquin.

- Desliga freezer a notche?? - Mirela imita também.

- Você é a vergonha de la profission! - Rebeca imita em seguida. - Ta me ouvindo??

- Tem como não ouvir?? - Nicolas imita o dono do restaurante.

- Cala a sua boca! - Rebeca fala e todos nós gargalhamos.

- Vocês são ridículos. - Falo rindo e volto a prestar atenção no programa.

Nós assistimos uns episódios até o Carlos avisar que o jantar estava na mesa.

Fomos todos para a cozinha mas antes que eu sentasse na mesa me lembrei que a Hanna estava estudando no quarto dela.

- Eu vou lá chamar a Hanna. - Falo colocando minha cadeira no lugar e indo em direção ao quarto. Entrei devagar abrindo a porta e a vi sentada na cama cheia de papéis e cadernos na frente dela. Uma verdadeira zona. Já ela estava olhando para tudo aquilo com uma cara de quem não aguentava mais. - Hanna? - A chamo e ela se assusta.

- Ai Isa! Que susto. - Ela fala passando a mão na cabeça e depois se jogando para trás na cama.

- Já esta cheia de coisas assim? - Me sento na cama ao lado.

- Nem é isso. É que... eu vim de colégio público sabe? Teve aquele lance da greve dos professores e eu não tive toda a matéria de história que eu deveria ter tido no ensino médio. - Ela se senta novamente e olha pra mim. - Hoje a professora na primeira aula passou uns exercícios simples sobre períodos históricos que, segundo ela, todos teríamos aprendido no ensino médio. - Ela olha pro chão. - Eu tirei a nota mais baixa na turma Isa.

- Ah Hanna. - Ponho minha mão em seu ombro. - Não fica assim por isso.

- 90% dos estudantes da minha turma vieram de colégios particulares, e 5% de públicos como o Pedro II ou a Fatec. Entende que eu estou super atrasada com relação a eles?

- Não se diminua desse jeito, Hanna. Eu também vim de colégio público, mas isso não me diminui com relação aos meus colegas de classe. Eles tiveram uma educação melhor, mas hoje estão, basicamente, no mesmo lugar que eu. E o que vai definir quem vai conseguir não é o que passamos la atrás, e sim nossa força de vontade agora. Você consegue! É só se dedicar.

- Er... eu vou tentar.

- Isso ai. Não fica se diminuindo... eu posso até te ajudar se quiser. É claro que eu não sou uma Débora Aladim da vida, mas sempre fui muito boa em história. - Sorrio pra ela e ela assente. - Agora larga esse livros e vamos jantar porque seu corpo merece ser alimentado tanto quanto seu cérebro.

Estendi a mão pra ela e ela sorriu prgando nela e se levantando para sairmos do quarto.

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Continua...