25_ Julia?

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Matheus me levou até seu carro e logo deu partida.

- Coloca o cinto ta? - Ele fala e eu obedeço. - Eu te levaria para comer antes já que está bem na hora do almoço, mas tive uma ideia melhor.

Ele parecia mais calmo, ou pelo menos estava demonstrando isso pra mim.

Enquanto passávamos pela Ponte Rio-Niterói eu observava Matheus. Ele era tão intrigante. Sei la... é que ele na maioria das vezes demonstrava uma alegria, demonstrava ser forte e Durão, o cara que pega geral e não ta nem ai pra nada, mas agora, conhecendo esse outro lado dele... sinto que ele não é só mais um cara que só se diverte e tem tudo na vida. Ele não é o idiota que demonstra ser a cada palavra mal proferida. Ele é um cara que passa por problemas como todo mundo e, na verdade, no momento eu olho pra ele e vejo uma bomba que pode explodir a qualquer momento, uma bomba que precisa de alguém para evitar que o botão seja apertado, qual quer pessoa disposta a ajudar, e se fosse preciso, eu estaria ali para isso.

Eu ainda estava o encarando, até que ele notou e olhou pra mim.

- O que foi? - Ele me encara.

- Ah ... nada. - Sorrio sem jeito e olho para o mar que dava para ver perfeitamente.

Pelo resto do caminho eu permaneci olhando pela janela, Niterói era tão movimentado quanto o Rio, mas eu achei que tinham mais carros.

Matheus virou algumas ruas e depois parou o carro em uma rua que o final dela subia para o que me parecia ser uma favela/comunidade.

Ele saiu do carro e logo depois deu volta abrindo a porta para mim.

- Não precisava. - Falo assim que saio e olho a rua. Calçadas com rachaduras, lixos no chão, paredes pixadas ou grafitadas, e uns apartamentos bem humildes.

- Ela mora aqui. - Ele aponta para o apartamento que era um branco meio amarelado e com as janelas com grades. Abaixo do apartamento havia uma padaria, que estávamos em frente.

Matheus seguiu para uma porta ao lado da padaria que provavelmente daria para os quartos la em cima, mas antes olhou na padaria.

- Fala Celso! - Matheus acena para o homem que estava atendendo no balcao e o mesmo sorri.

- Quanto tempo em moleque! Ta estudando né? - Matheus assente sorrindo. - Isso ai! Sempre vi futuro em você.

O homem sorriu gentilmente para mim e eu devolvi o sorriso.

Matheus abriu a porta que era de ferro e demos de cara com uma escada. A mesma era cercada por paredes verdes descascadas e haviam duas lâmpadas para iluminar.

- Espero que não se importe, isso aqui nem se compara ao luxo da República. - Matheus ri enquanto sabíamos.

- Eu não ligo pra isso. Minha casa em São Paulo também nem se compara a República. - Sorrio pra ele e ele para em frente a uma porta bege que tinha o número 88. 

Matheus tocou a campainha umas duas vezes e logo um menino com um cabelo extremamente liso ( igual de índio ) abre a porta e abre um enorme sorriso ao olha-lo.

- MK!!! - O menino grita e pula no colo no Matheus que o abraça sorrindo.

- Oi Lipe! - Matheus fala enquanto o abraça.

Os dois se abraçaram por um tempo e logo depois Matheus o colocou no chão. O menino o olhou com os olhos brilhando e depois olhou pra mim.

- Essa é sua namorada? - Ele sorri pra mim.

- Ah... Não. - Matheus sorri enquanto coça a cabeça. - Essa é a Isabela, uma amiga minha.

- Amiga... sei. - O menino pisca pra ele e eu acabo rindo disso. - Muito prazer Isabela. - Ele sorri pra mim estendendo a mão.

- O prazer é todo meu. - Aperto a mão dele. - Mas pode me chamar de Isa. - Sorrio.

- Ela é muito bonita. Se você não fosse tão devagar ela já seria sua namorada. - Ele fala para Matheus.

- Que isso moleque? Perdeu o juízo? - Matheus dá um tapa de leve na cabeça dele o fazendo rir. - Cadê a mãe?

- Ela ta na cozinha. - O garotinho entra na casa e Matheus o segue.

Entrei na casa sentindo um cheiro gostoso de desinfetante e vejo que a casa era bem arrumadinha. Não que eu estivesse reparando kk mas era inevitável não notar que era tudo limpinho.

- Fica a vontade ta? Pode se sentar. Eu vou ver a minha mãe. - Matheus fala e eu assinto.

Ele foi até um cômodo e eu me sentei no sofá observando uns quadros que tinham ma parede. Acabei me levantando novamente para olha-los de perto e vi o Matheus em várias delas.

Haviam fotos dele pequeno, na adolescência e em sua formatura. Também notei uma foto dele com uma garota loira, pareciam um casal.

- E quem é essa moça bonita que você trouxe, meu filho? - Ouço uma voz feminina e olho para trás vendo Matheus, Lipe e uma moça de cabelos extremamente negros e pele branca. Ela era muito bonita.

- Essa é a Isa. Ela veio comigo para me impedir caso eu acabasse fazendo alguma merda. - Matheus fala rindo e eu vou até eles.

- Muito prazer. - A comprimento sorrindo e ela faz o mesmo.

- O prazer é todo meu querida. Devo admitir que é uma honra conhecer a garota que consegue acalmar o MK. - Ela ri. - Nem a Julia conseguia.

- Julia? - A olho confusa.

- Não... não precisamos falar disso né mãe? - Matheus fala e ela sorri fraco pra ele.

Eles não pareciam ser como eu imaginava. Pelo que o Matheus me contava e pelo áudio que o Lipe mandou, eu esperava encontra-los tristes ou algo assim... mas eles pareciam felizes.

Bem... essa felicidade acabou quando alguém entrou arrombando a porta e eu pude ver toda aquela cena em câmera lenta. O sorriso da mãe do Matheus desapareceu, o Lipe já não tinha mais brilho nos olhos e sim medo, Matheus que antes estava feliz por visita-los agora transbordava ódio em seus olhos.

- QUI CONFYUSAU É ESSA AQUE? - Olho assustada para a porta vendo um homem completamente bêbado.

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Continua...

Eu Não Te AmoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora