2. As Classes e a Luta de Classes

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Luta de classes, umas classes triunfam e outras são eliminadas. Assim é a história, assim é a história da civilização, desde há milhares de anos. Interpretar a partir desse ponto de vista é materialismo histórico; sustentar o ponto de vista contrário é idealismo histórico.

Numa sociedade de classes, cada indivíduo existe como membro de uma classe determinada, e cada forma de pensamento está invariavelmente marcada com o selo de um classe.

Na sociedade, as mudanças são devidas principalmente ao desenvolvimento das contradições que existem no seu seio, isto é, a contradição entre as forças produtivas e as relações de produção, a contradição entre as classe e a contradição entre o novo e o velho; é o desenvolvimento dessas contradições que faz avançar a sociedade e determina a substituições da velha sociedade por uma nova.

A exploração econômica e a opressão política cruéis, exercidas pela classe dos senhores de terras sobre os camponeses, forçaram estes a desencadear inúmeras insurreições contra a dominação de tal classe(...) Na sociedade feudal chinesa, só as lutas de classe do camponeses, as insurreições camponesas e as guerras camponesas foram as verdadeiras forças motrizes do desenvolvimento histórico.

Em última análise, a luta nacional é uma questão de luta de classes. Nos Estados Unidos, os brancos que oprimem os negros são apenas os que constituem os círculos dominantes reacionárias. Eles não podem representar de maneira alguma os operários, os camponeses, os intelectuais revolucionários e demais pessoas esclarecidas que constituem a esmagadora maioria da população branca.

A nós, compete-nos organizar o povo. É a nós que cabe organizar o povo para abater os reacionários na China. Tudo o que é reacionária é sempre igual: se não os golpeias, não cai. É como quando se varre o chão: como é normal, ali aonde a vassoura não passa, a poeira não desaparece por si mesma.

O inimigo não morrerá por si mesmo. nem os reacionários chineses nem as forças agressivas do imperialismo norte-americano na China se retirarão por si mesmos da cena histórica.

A revolução não é o convite para um jantar, a composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confecção de um bordado; ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão favorável e cortês, comedida e generosa. A revolução é uma insurreição, é um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra.

Tchiang Kai-Chek procura sempre arrebatar ao povo cada polegada de poder e cada centímetro de vantagem por este conquistada. E nós? A nossa política é responder-lhe taco a taco e lutar por cada palmo de terra. Nós agimos conforme ele age. A todo o momento procura impor guerra ao povo, uma espada na mão esquerda e outra na direita. Nós seguimos o seu exemplo, também empunhamos a espadas (...) Como Tchiang Kai-Chek está agora afilando as suas espadas, nós devemos também afilar as nossas.

Quem são os nossos inimigos? Quem são os nossos amigos? Esse problema é de uma importância primordial para a revolução. A razão fundamental pela qual as passadas lutas revolucionárias na China obtiveram tão fracos resultados está em não se ter sabido fazer a união com os verdadeiros amigos para atacar os verdadeiros inimigos. Um partido revolucionário é o guia das massas, não podendo portanto uma revolução alcançar a vitória se este as conduz pela via errada. Para não dirigirmos as massas pela falsa via, e a fim de estarmos seguros de alcançar definitivamente a vitória na revolução, devemos prestar atenção à unidade com os nossos verdadeiros amigos, para atacarmos os nossos verdadeiros inimigos. Para distinguir os verdadeiros amigos dos verdadeiros inimigos, devemos proceder a uma análise geral da situação econômica das distintas classes da sociedade chinesa, bem como das respectiva atitudes frente a revolução.

Os nossos inimigos são todos os que estão conluiados com o imperialismo - os caudilhos militares, os burocratas, a classe dos compradores, a classe dos grandes senhores de terras e o setor reacionário dos intelectuais que lhes é anexo. A força dirigente da nossa revolução é o proletariado industrial. Os nosso mais chegados amigos são a totalidade do semi proletariado e a pequena burguesia. Quanto à média burguesia, sempre vacilante, a sua ala direita pode converter-se em nossa inimiga e a esquerda, em nossa amiga, devendo, no entanto, manter-nos constantemente em guarda e não permitir que ela venha criar confusões em nossas filas.

Todo aquele que se coloca ao lado do povo revolucionário é um revolucionário. Todo aquele que se coloca ao lado do imperialismo, do feudalismo e do capitalismo burocrático é um contrarrevolucionário. Todo aquele que, em palavras, se coloca ao lado do povo revolucionário, mas age de maneira diversa, é um revolucionário de boca. Todo aquele que se coloca ao lado do povo revolucionário, tanto em palavras como em atos, é um verdadeiro revolucionário.

Eu sustento que, relativamente a nós, é mau se uma pessoa, partido político, exército ou escola, não é atacado pelo inimigo, pois, seguramente, isso significa que desceu ao nível do inimigo. É bom se somos atacados pelo inimigo, na medida em que isso prova que traçamos uma clara linha de demarcação entre nós e eles. E melhor ainda é se este nos ataca furiosamente, se nos pinta com as cores mais sombrias e sem a menor virtude, na medida em que isso não só demonstra que traçamos uma clara linha de demarcação entre o inimigo e nós próprios, mas ainda que alcançamos um êxito nos nosso trabalho.

Devemos apoiar tudo que o inimigo combate, e combater tudo que o inimigo apoia.

A nossas posição é a do proletariado e das massas populares. Para os membros do Partido Comunista isso significa sustentar a posição do Partido, o espírito do Partido e a política do Partido.

Depois da eliminação dos inimigos armados, ficarão ainda os inimigos sem armas, os quais travarão inevitavelmente uma luta de morte contra nós, razão por que jamais devemos subestima-los. Se atualmente não formularmos nem compreendermos assim o problema, cometeremos os mais graves erros.

Os imperialistas e os reacionários do interior do país jamais se resignarão à derrota e bater-se-ão até à última. Depois de restabelecida a paz e a ordem em todo o país, eles ainda se entregarão, de distintas maneiras, à sabotagem e à provocação de desordens, tentando, diariamente e a cada momento, restabelecer a velha situação. Isso é inevitável e não admite dúvidas; em circunstâncias nenhuma devemos relaxar a nossa vigilância.

Na China, embora no essencial se tenha concluído a transformação socialista no que respeita ao de propriedade, e tenham cessado as lutas de classe tempestuosa e em grande escala realizadas pelas massas e características dos períodos revolucionários anteriores, subsiste ainda resíduos das classes derrubadas, dos senhores de terras e compradores subsiste ainda uma burguesia, e a transformação da pequena burguesia apenas começou. De modo nenhum terminou a luta de classes. A luta de classes entre o proletariado e a burguesia, e a luta de classes entre as diferentes forças políticas, bem como a luta de classes no plano ideológico, entre o proletariado e a burguesia, serão ainda prolongadas e sinuosas e, por vezes, tornar-se-ão inclusivamente muita encarniçadas. O proletariado procura transformar o mundo segundo a concepção que o mundo tem, o mesmo se passando com a burguesia. A esse respeito, a questão de saber quem vencerá, se o socialismo ou o capitalismo, não está ainda realmente decidida.

Passará ainda muito tempo até que se decida a questão de saber quem levará a melhor na luta ideológica entre o socialismo e o capitalismo dentro do nosso país. Isso é assim porque a influencia da burguesia e dos intelectuais que vêm da velha sociedade permanecerá ainda por muito tempo no nosso país, o mesmo acontecendo com sua ideologia de classe. Se esse fato não for suficientemente compreendido, ou se não for compreendido de todo, cometer-se-ão os mais graves erros, e a necessidade de dar combate no plano ideológico não será atendida.

No nosso país, a ideologia burguesa e pequeno-burguesa, a ideologia anti marxista, continuarão a existir por muito tempo. No essencial, o sistema socialista já está estabelecido entre nós. Nós conquistamos a vitória de base na transformação de propriedade dos meios de produção, mas ainda não alcançamos uma vitória completa nas frentes política e ideológica. No campo ideológico, a questão de saber quem vencerá, se o proletariado ou a burguesia, ainda não está realmente decidida. Temos ainda que travar uma luta prolongada contra a ideologia burguesa e pequeno-burguesa. É errôneo ignorar esse fato e abandonar a luta ideológica. Todas as ideias errôneas, todas as ervas venenosas, todos os monstros e gênios malfeitores devem ser submetidos à crítica; em circunstância nenhuma devemos deixa-los crescer livremente. Contudo, a crítica deve ser inteiramente fundada, analítica e convincente, e nunca grosseira, burocrática, metafísica ou dogmática.

Dogmatismo e revisionismo, ambos são contrários ao marxismo. Seguramente, o marxismo tem de avançar, desenvolver-se com o desenvolvimento da prática, não pode ficar parado. O marxismo deixaria de ter vida se ficasse estagnado, estereotipado. Contudo, os princípios básicos do marxismo não devem ser violados; viola-los seria cometer erros. Constitui dogmatismo abordar o marxismo de um ponto de vista metafísico e toma-lo como algo rígido. Constitui revisionismo negar os princípios básicos do marxismo, negar a sua verdade universal. O revisionismo é uma forma ideológica burguesa. Os revisionistas apagam a diferença entre o socialismo e o capitalismo, entre a ditadura do proletariado e a ditadura da burguesia. Na realidade, o que eles propõem não é a linha socialista, mas sim a capitalista. Nas circunstâncias atuais, o revisionismo é mais pernicioso que o dogmatismo. Uma das nossas importantes tarefas atuais na frente ideológica é proceder a crítica ao revisionismo.

O revisionismo ou oportunismo de direita é uma corrente burguesa de pensamento ainda mais perigosa do que o dogmatismo. Os revisionistas, os oportunistas de direita, defendem de boca o marxismo e atacam também o "dogmatismo". Na realidade, porém, o que eles atacam é a própria essência do marxismo. Eles combatem ou deturpam o materialismo e a dialética combatem ou tentam enfraquecer a ditadura democrática popular e o papel dirigente do Partido Comunista, tanto como combatem ou tentam enfraquecer a transformação e a construção socialistas. Mesmo depois da vitória de base da revolução socialista no nosso país, ainda existem pessoas que sonham em restaurar o sistema capitalista, e combatem a classe operária em todas as frentes, incluída a frente ideológica. Nessa luta, os revisionistas são os seus melhores ajudantes.

O Livro Vermelho - Citações do Presidente Mao TsetungWhere stories live. Discover now