23. Investigação e Estudo

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Todos os que têm de realizar trabalhos práticos devem proceder a investigações nas bases. Tais investigações tornam-se especialmente necessárias para aqueles que possuem um saber teórico, mas não conhecem a situação real; a não ser assim, eles serão incapazes de ligar a teoria com a prática. "Sem investigação, não há direito à palavra" é uma afirmação que foi ridicularizada, qualificada de "empirismo estreito", ainda hoje eu não lamento havê-la feito, muito pelo contrário, continuo a insistir que, a menos que se tenha investigado, não deve pretender-se o direito à palavra. Há muita gente que "ainda mal acabou de apear-se da carroça" vociferam, esperneiam, multiplicam opiniões, criticando isto, condenando aquilo. A realidade é que, em cada dez indivíduos, dez sofrem uma derrota. E isso acontece porque tanto os seus discursos como as suas críticas não são fundados em investigações minuciosas, não representam mais do que tagarelice. São incontáveis os prejuízos causados, ao nosso Partido por esses "enviados imperiais". Por quase todo o lado encontramos tais "enviados imperiais"; eles estão quase em toda a parte. Com toda a razão Stalin afirmava que "a teoria deixa de ter sentido se não está ligada à prática revolucionária". Com razão ele ainda acrescentava que "a prática fica cega se teoria revolucionária não ilumina o seu caminho". A não ser esses práticos cegos, destituídas de perspectivas e de capacidade para prever, ninguém mais pode ser acusado de "empirismo estreito".

Uma tal atitude consiste em buscar a verdade nos fatos. Por "fatos" entendemos os fenômenos tal qual existem objetivamente; por "verdade" entendemos os laços internos desses fenômenos objetivos, quer dizer, as leis que os regem; por "buscar" entendemos estudar. Nós devemos partir da situação real no interior e exterior do país, província, distrito ou sub-distrito, e extrair dela, como guia para a nossa ação, as leis que são próprias a essa situação, e não leis criadas pela nossa imaginação, quer dizer, devemos descobrir os laços internos dos acontecimentos que se desenrolam a nossa volta. Para isso, devemos basear-nos nos fatos tal qual existem, objetivamente, e não em nossa imaginação subjetiva, no entusiasmo dum momento ou nos conhecimentos livrescos: há que recolher minuciosamente os materiais e, guiados pelos princípios gerais do Marxismo-Leninismo, extrair conclusões justas desses materiais.

Muitos camaradas do nosso Partido têm ainda um estilo de trabalho mau em extremo, estilo diametralmente oposto ao espírito básico do Marxismo-Leninismo, comportam-se como um homem que "tenta apanhar um pardal, de olhos fechados" ou como um "cego que tenta agarrar um peixe", não trabalham cuidadosamente, entregam-se a um palavreado pretensioso e contentam-se com conhecimentos fragmentários e mal assimilados. Marx, Engels, Lênin e Stalin ensinam-nos que é preciso estudar conscienciosamente as situações, partir da realidade objetiva e não de desejos subjetivos; no entanto muitos dos nossos camaradas atuam violando diretamente essa verdade.

Não podem resolver um problema? Pois bem, ide informar-vos sobre o seu estado atual e sobre a sua história! Assim que essa investigação tiver possibilitado a elucidação de tudo, vocês saberão como resolvê-lo. As conclusões extraem-se no fim da investigação e não no seu começo. Apenas os tolos lançam sós ou em grupo, na tortura mental de "encontrar uma solução", "descobrir um ideia", sem proceder a investigações. Agir assim, note-se bem, não poderá de maneira alguma levar a soluções eficazes nem a ideias proveitosas.

A investigação é comparável aos longos meses de gestação, enquanto que a solução do problema compara-se ao dia do nascimento. Investigar sobre um problema é resolvê-lo.

Aplicando a teoria e o método marxista-leninista, nós devemos proceder a investigações e a estudos sistemáticos e minuciosos a respeito da realidade que nos rodeia. No nosso trabalho não devemos fiar-nos apenas no entusiasmo, mas sim, como dizia Stalin, agir combinando o entusiasmo revolucionário com o senso prático.

O único modo de conhecer uma situação é investigar a respeito da sociedade, a respeito da realidade viva das diferentes classes sociais. Os que têm o encargo do trabalho de direção devem, segundo um plano definido, dedicar-se a certas cidades e aldeias, a fim de realizarem múltiplas investigações minuciosas, aplicando o ponto de vista fundamental do marxismo, quer dizer, a análise de classes, eis o método fundamental para conhecer uma situação.

Um reunião de investigação não precisa de ser muito numerosa: bastam três a cinco pessoas, digamos sete ou oito. Para cada reunião importa tomar todo o tempo que seja necessário, importa ter um esquema de investigação, fazer pessoalmente as perguntas, anotar as respostas e discutir com os demais participantes. Assim, a investigação só será impossível ou não dará bons resultados se não se tiver um entusiasmo ardente, uma determinação de dirigir-se para a base, uma sede de conhecer, senão se tiver a coragem para abater o próprio orgulho de maneira a ser-se um aluno modesto.

A correta disposição das tropas decorres da correta decisão do comando, a qual é um resultado da justa apreciação da situação, apreciação fundada num reconhecimento minucioso e indispensável, cujas informações passaram pelo crivo de um reflexão sistemática. O comando utiliza todos os meios de reconhecimento possíveis e necessários. ele pesa as informações recolhidas sobre o inimigo, rejeita a casca e conserva o grão, afasta o que é falso e guarda o verdadeiro, vai de uma coisa a outra, do externo ao interno; depois, tendo em conta suas próprias contradições, procede a um estudo comparativo da situação das duas partes e das suas relações mútuas. É assim que ele forma o seu prejuízo, toma a sua decisão e estabelece o seu plano. Tal é o processo completo de conhecimento de uma situação por que deve passar um chefe militar antes de elaborar os seus planos estratégicos, os seus planos de campanha ou combate.




O Livro Vermelho - Citações do Presidente Mao TsetungWhere stories live. Discover now