10. O Papel Dirigente dos Comitês do Partido

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O sistema de comitês do Partido é uma importante instituição do Partido para assegurar a direção coletiva e evitar que um só indivíduo monopolize a condução dos trabalhos. Averiguou-se recentemente, porém, que em alguns órgão dirigentes (não em todos, evidentemente), é prática habitual que um só indivíduo monopolize a condução dos trabalhos e resolva os problemas importantes. As decisões sobre problemas importantes não são tomadas pela reunião do comitê do Partido, mas sim por um único indivíduo, e os membros do comitê estão ali apenas por formalidade. As divergências de opinião entre os membros de um comitê não podem ser resolvidas e são deixadas em suspenso durante um longo período. Os membros do comitê do partido mantêm entre si uma unidade apenas formal, não real. Há que mudar essa situação. Daqui para o futuro, há que instituir um bom sistema de reuniões dos comitês do Partido em todos os órgãos de direção, desde os comitês do Partido frente aos comitês do partido nas brigadas e nas regiões militares (subcomissão da comissão militar revolucionária ou grupos dirigentes); assim como nos grupos dirigentes do Partido dentro dos organismos governamentais, organizações populares, agências de notícias e jornais. Todos os problemas importantes (evidentemente, não os problemas insignificantes, triviais, nem os problemas cuja solução tenha já sido decidida após a discussão em reuniões, necessitando apenas da respectiva execução) devem ser submetidos aos comitês para discussão, devendo os membros presentes apresentar completamente os seus pontos de vista, e chegar a uma decisão precisa, a qual deverá então ser executada pelos membros interessados (...) As reuniões de um comitê do Partido devem ser classificadas em duas categorias que importa não confundir: reuniões do comitê permanente e sessões plenárias. Além disso, devemos velar por que nem a direção coletiva nem a responsabilidade individual sejam realçadas em termos de haver exagero com uma negligência com outra. no exército, os chefes têm o direito de tomar decisões de emergência durante os combates e sempre que as circunstâncias o exijam.

O secretário de um comitê do Partido deve saber atuar como um bom "chefe de esquadra". Um comitê do Partido tem dez a vinte membros; é comparável a uma esquadra do exército, e o seu secretário é como o "chefe de esquadra". Na verdade, não é fácil dirigir bem essa esquadra. Atualmente, cada birô do sub-birô do Comitê Central dirige uma grande região e assume tarefas muito pesadas. Dirigir não significa apenas decidir sobre a orientação geral e as medidas políticas específicas, mas também definir os métodos de trabalho corretos. Embora a orientação geral e as medidas políticas específicas sejam corretas podem surgir ainda problemas se se descuram os métodos de trabalho. Para cumprir as suas tarefas de direção, os comitês do Partido devem apoiar-se nos "homens da esquadra" e habilitá-los a desempenhar-se inteiramente do seu papel. Para ser um bom "chefe de esquadra", o secretário deve estudar com afinco e investigar profundamente. um secretário ou vice-secretário só achará difícil dirigir bem os homens de sua "esquadra" se não cuidar de propaganda e do trabalho de organização entre estes, se não souber manter boas relações com os membros do comitê ou se não estudar a maneira de realizar reuniões com sucesso. Se os "homens da esquadra" não marcharem à mesma cadência, então será melhor nem pensarem em dirigir as dezenas de milhões de homens no combate e na edificação. É claro que as relações entre o secretário e os membros do comitê são tais que a minoria deve obedecer à maioria, e diferem portanto das relações entre um chefe de esquadra e os seus homens. Tudo que dissemos foi apenas por analogia.

Pôr os problemas na mesa. Isso é o que devem fazer tanto o "chefe de esquadra" como os membros do comitê. Não falar pelas costas seja de quem for. Assim surge um problema, convoque-se uma reunião, ponham-se os problemas na mesa para que sejam discutidos, tomem-se decisões, e os problemas ficarão resolvidos. Se os problemas existem e não são postos na mesa, eles ficam durante muito tempo sem solução, podendo mesmo, arrastar-se por vários anos. Entre o "chefe de esquadra" e os membros do comitê deve haver mútua compreensão. Nada é mais importante do que a compreensão, o apoio e a amizade entre o secretário e os membros de um comitê, entre o Comitê Central e os seus birôs, bem como entre os birôs do Comitê Central e os Comitês Regionais do Partido.

"Trocar informações". Isso significa que os membros do comitê do Partido devem manter-se mutuamente informados e trocar pontos de vista a respeito das matérias que vão chegando ao seu conhecimento. isso é de grande importância para que se consiga uma linguagem comum. Alguns não procedem assim; como os vizinhos de que fala Lao Tse, "não se visitam durante toda a vida, embora cada um ouça o cantar dos galos e o ladrar dos cães do outro". O resultado é não terem uma linguagem comum.

Consultar os camaradas dos escalões inferiores sobre aquilo que não se compreende ou não conhece, e não expressar com leviandade um acordo ou desaprovação (...) Nunca devemos fingir que conhecemos aquilo que não conhecemos, "nem ter vergonha de consultar os nossos subordinados", pelo contrário, devemos escutar cuidadosamente os pontos de vista dos quadros dos escalões inferiores. Há que ser aluno antes de chegar a ser professor; antes de dar ordens há que aprender com os quadros dos escalões inferiores (...) Aquilo que os quadros dos escalões inferiores dizem pode ser ou não ser correto; depois de escutar há que analisar. Nós devemos escutar os pontos de vista corretos e agir de acordo com eles. Também devemos escutar os pontos de vista errados vindos de baixo. Seria incorreto não os escutarmos completamente; contudo, esses pontos de vista não devem ser seguidos, mas sim criticados.

Aprender a "tocar piano". Quando se toca piano, os dez dedos devem mover-se; não se pode tocar apenas com alguns dedos, deixando os outros parados. Mas se os dez dedos fazem pressão ao mesmo tempo, também não se consegue qualquer melodia. para produzir boa música, os dez dedos devem mover-se com ritmo e coordenadamente. Os comitês do Partido devem agarrar bem nas mão a tarefa central e, ao mesmo tempo, à volta dessa tarefa central, devem desenvolver um trabalho noutros domínios. Atualmente temos de nos ocupar de muitos setores: devemos ocupar-nos do trabalho em todas as regiões, unidades militares e departamentos, e não dispensar toda a atenção apenas a una quantos problemas, excluindo os demais. Onde quer que exista um problema, nós devemos tocar na tecla correspondente; esse é um método que precisamos de dominar. Alguns tocam bem piano, outros tocam mal, existindo uma grande diferença nas melodias que produzem. Os camaradas dos comitês do Partido devem aprender bem a "tocar piano".

"Agarrar com firmeza". Isso significa que o comitê do Partido deve não somente "agarrar" a sua tarefa principal, mas ainda "agarrá-la com firmeza". Só se pode dominar uma coisa se a agarrarmos solidamente nas mãos, sem afrouxar um pouco que seja os dedos. Não agarrar com firmeza equivale a não agarrar coisa alguma. Naturalmente, ninguém pode agarrar seja o que for com a mão aberta. Quando fechamos a mão, mas não a fechamos com firmeza, temos o ar de agarrar alguma coisa, mas tampouco conseguimos agarrar coisa alguma. Alguns dos nossos camaradas agarram, é certo, as tarefas principais, mas como não agarram com firmeza, não podem fazer bom trabalho. Sem agarrar, nada feito; sem agarrar com firmeza, também nada feito.

"Ter os números na cabeça". Isso significa que devemos atender ao aspecto quantitativo das situações ou problemas e fazer um análise quantitativa básica. Toda a qualidade se manifesta numa quantidade determinada; sem quantidade não pode haver qualidade. Até à data, muitos dos nossos camaradas ainda não compreenderam que devem atender ao aspecto quantitativo das coisas - ás estatísticas de base, às percentagens principais e ais limites quantitativos que determinam a qualidade das coisas. Eles não têm "números" na cabeça, e por isso não podem deixar de cometer erros.

"Avisos a população". As reuniões devem ser anunciadas com antecedência. É como se fizesse um aviso à população, de maneira que cada um fique a saber o que se vai discutir, os problemas que há para resolver, e possa preparar-se a tempo. Em algumas localidades, as reuniões de quadros são convocadas sem que os relatórios e os projetos de resolução estejam pronto, sendo melhor ou pior improvisados quando os participantes já estão presentes, o que lembra o ditado que diz: "As tropas e os cavalos chegaram, mas os víveres e a forragem ainda não estão prontos". Isso não é bom. Sem preparativos, não se deve convocar apressadamente uma reunião.

"Menos tropas mas melhores, e uma administração mais simples". Intervenções, discursos, artigos e resoluções, tudo deve ser claro e conciso. As reuniões também não devem ser demasiado longas.

Prestar atenção à unidade e colaboração com os camaradas que têm pontos de vistas diferentes dos nossos. Há que atender a esse princípio, tanto nos organismo locais como no exército. O mesmo é válido para as nossas relações com os indivíduos que não pertencem ao Partido. nós viemos dos mais distintos cantos do país e, no nosso trabalho, devemos saber unir-nos não só com os camaradas que compartilham as nossas opiniões como também com os que defendem pontos de vistas distintos.

Guardar-se da arrogância. isso constitui uma questão de princípio para os dirigentes, mas é também uma importante condição para manter a unidade. Nem mesmo aqueles que não cometerem erros graves e conseguiram grandes êxitos no trabalho devem ser arrogantes.

Traçar duas linhas de demarcação. Primeiro, entre a revolução e a contrarrevolução, entre Ienam e Siam. Alguns não compreendem a necessidade de traçar tais linhas de demarcação. Por exemplo, quando combatem a burocracia, eles falam de Ienam como se em Ienam "nada estivesse certo", e não fazem nem comparação nem distinção entre a burocracia de Ienam e a burocracia de Siam, cometendo assim um erro fundamental. Segundo, no seio das filas revolucionárias, é necessário proceder a uma clara demarcação entre a verdade e o erro, entre os êxitos e as falhas, e aclarar qual dos dois aspectos é o primário e qual o secundário. Por exemplo, dentro do conjunto, os êxitos são da ordem dos trinta ou dos setenta por cento? Há que não subestimar nem superestimar. Há que avaliar globalmente o trabalho de cada pessoas e determinar se os seus êxitos são de trinta por cento e os erros de setenta, ou vice-versa. Se os seus êxitos chegam a setenta por cento do conjunto, então o trabalho deve ser aprovado no essencial. Seria inteiramente errado considerar como primário os erros de um trabalho quando, na realidade, os êxitos é que são o primário. Ao examinarmos os problemas nunca devemos esquecer-nos de traçar essas duas linhas de demarcação: entre a revolução e a contrarrevolução e entre os êxitos e as falhas. As coisas marcharão corretamente se gravarmos bem no espírito essas duas linhas de demarcação; ao contrário, nós confundiremos a natureza dos problemas. Como é evidente. para traçar corretamente essas linhas, é indispensável proceder a um estudo e a uma análise minuciosos. Há que adotar um atitude de análise e estudo com relação a cada pessoa e a cada questão.

No plano orgânico, é necessário assegurar uma democracia sob direção centralizada. Isso deve fazer-se conforme às linhas seguintes:

1) Os órgãos dirigentes do Partido devem definir uma linha diretriz correta e encontrar soluções para os problemas que surgem, de modo a erigirem-se em autênticos centros de direção.
2) Os órgãos superiores devem conhecer bem a situação existente nos órgãos inferiores, assim como a vida das massas, de modo a disporem duma base objetiva para dirigir corretamente.
3) Seja em que escalão for, nenhum órgão do Partido deve resolver levianamente os problemas. Uma vez que se tome uma decisão, ela deve ser firmemente aplicada.
4) Todas as decisões de certa importância tomadas pelos órgãos superiores do Partido devem ser prontamente transmitidas aos órgãos inferiores, bem como à massa dos membros do Partido (...)
5) Os órgãos inferiores e a massa dos membros do Partido devem discutir em detalhe as diretivas dos órgãos superiores, de maneira a compreenderem completamente o respectivo significado e decidirem sobre os métodos a seguir na sua execução.


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