22. Métodos de Pensamento e de Trabalho

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A história de humanidade é a história do contínuo desenvolvimento do reino da necessidade para o reino da liberdade. Esse processo não tem fim. Numa sociedade, enquanto existirem classes, a luta de classes não pode ter fim. Na sociedade sem classes, a luta entre o novo e o velho, entre o verdadeiro e o falso, também não poderá ter fim. Nos domínios da luta pela produção e da experimentação científica, a humanidade nunca deixará de progredir e a natureza nunca deixará de se desenvolver; jamais eles se deterão num nível determinado. Por isso, o homem deve fazer constantemente o balanço de seu experiência, descobrir, inventar, criar e progredir. Todos os pontos de vista inspirados pelo imobilismo, pessimismo, sentimento de impotência, orgulho e presunção são errados. Isso é assim porque eles não correspondem aos fatos históricos do desenvolvimento da sociedade humana ao longo de cerca de um milhão de anos, nem aos fatos históricos da natureza conhecida por nós até à data(por exemplo, a natureza refletida pela história dos corpos celestes da terra, da vida e das diversas ciências da natureza).

Os homens servem-se das ciências da natureza como de uma arma na sua luta pela liberdade. Com vista a conquistar a sua liberdade no plano social, eles servem-se das ciências sociais para compreender a sociedade, transformá-la e realizar a revolução social. A fim de conquistarem a sua liberdade na natureza, eles servem-se das ciências da natureza para compreendê-la, dominá-la e transformá-la, obtendo assim, da própria natureza, a sua liberdade.

O materialismo dialético da filosofia marxista tem duas particularidades mais evidentes. Uma é o seu caráter de classe: afirma abertamente que o materialismo dialético serve o proletariado; a outra é o seu caráter prático: sublinha o facto de a teoria depender da prática, de a teoria basear-se na prática e, por sua vez, servir a prática.

A filosofia marxista sustenta que a questão mais importante não é compreender as leis do mundo objetivo e poder, por isso, explicá-lo, mas sim utilizar o conhecimento dessas leis para transformar ativamente o mundo.

De onde vêm as ideias corretas? Acaso caem do céu? Não. São então inatas dos cérebros? Também não. Elas só podem vir da prática social, dos três tipos de prática: a luta pela produção, a luta de classes e a experimentação científica.

A existência é sócia do povo e determina seus pensamentos. Uma vez dominados pelas massas, as ideias corretas, características da classe avançada, se converterá em uma força material para transformar a sociedade e o mundo.

Empenhados em diversas lutas no decorrer da sua prática social, os homens adquirem uma rica experiência, extraída tanto dos seus êxitos como dos seus fracassos. Os incontáveis fenômenos do mundo exterior objetivo refletem-se no cérebro humano através dos cinco órgãos dos sentidos - visão, audição, olfato, paladar e tato; assim se constitui, no início, o conhecimento sensível. Quando esses dados sensíveis se acumulam suficientemente, produz-se um salto pelo qual eles se transformam em conhecimento racional, que dizer, em ideias. Eis aí um processo do conhecimento. Trata-se da primeira etapa de processo global do conhecimento, a etapa que vai da matéria objetiva ao espírito subjetivo, da existência às ideias. Nessa etapa, ainda não fica provado se o espírito ou o pensamento (incluídas as teorias, a política, os planos e as medidas) refletem corretamente as leis do mundo exterior objetivo; ainda não é possível determinar se eles são corretos ou não. Em seguida vem a segunda etapa do processo do conhecimento, a etapa que vai do espírito à matéria, do pensamento à existência, e onde se aplica na prática social o conhecimento adquirido durante a primeira etapa, para ver se essas teorias, políticas, planos, medidas, etc., produzem ou não os resultados esperados. Em geral, aquilo que obtém bom resultado é correto, e o que fracassa é incorreto, principalmente se se trata da luta dos homens contra a natureza. Na luta social, as forças que representam a classe avançada registram por vezes fracassos, não porque, na correlação das forças em luta, elas são temporariamente menos poderosas do que as forças da reação. Assim, elas fracassam temporariamente, mas tarde ou cedo, acabam por triunfar. Através da prova da prática, o conhecimento humano dá um novo salto que é de uma significação ainda maior que o anterior. Com efeito, só esse salto permite provar se o primeiro é ou não acertado, que dizer, só ele permite assegurar se as ideias, teorias, políticas, planos, medidas, etc., elaborados ao longo do processo de reflexão do mundo exterior objetivo, são corretos ou incorretos. Não há outro meio de fazer a prova da verdade.

Frequentemente, para se chegar a um conhecimento correto depois de muitas reiterações do processo que conduz da matéria à consciência e da consciência à matéria, quer dizer, da prática ao conhecimento e do conhecimento à prática. Tal é a teoria marxista do conhecimento, é a teoria materialista dialética do conhecimento.

Todo aquele que quiser conhecer um fenômeno não poderá consegui-lo sem pôr-se em contato com esse fenômeno, isto é, sem viver (entregar-se à prática no seu próprio seio) (...) Se se deseja adquirir conhecimentos, há que tomar parte na prática que transforma a realidade. Se se quer conhecer o gosto duma pêra há que transformá-la, prová-la (...) Se se quer conhecer a teoria e os métodos da revolução, há que participar na revolução. Todos os conhecimentos autênticos resultam da experiência direta.

O conhecimento começa pela prática; e uma vez adquirido o conhecimento teórico através da prática, há que levá-lo de novo à prática. A função ativa do conhecimento não se exprime somente no salto ativo do conhecimento sensível ao conhecimento racional, mas também, e o que ainda é mais importante, no salto do conhecimento racional à prática revolucionária.

Todos sabem que sempre que se faz alguma coisa, é impossível conhecer as leis que a regem, saber como realizá-la e levá-la a bom fim, se não se lhe compreendem as condições, o caráter e os laços com as outras coisas.

Se se pretende obter êxito no trabalho, isto é, atingir os resultados previstos, é necessário proceder de maneira que as ideias correspondam às leis do mundo exterior objetivo; sem essa correspondência, fracassa-se na prática. Depois de se ter fracassado, há que tirar daí a respectiva lição e modificar as ideias de maneira a fazê-las concordar com as leis do mundo objetivo, podendo-se desse modo chegar a converter o fracasso num triunfo. É o que se quer dizer com: "A derrota é a mãe da vitória" e "Cada revés torna-nos mais experimentados".

Nós somos marxistas e o marxismo ensina-nos que, para abordar um problema, é necessário não partir de definições abstratas, mas sim de fatos objetivos, e determinar a nossa orientação, a nossa política e os nossos métodos na base da análise de tais fatos.

O método fundamental de trabalho que deve enraizar-se no espírito da todo o comunista, consiste em determinar a orientação do trabalho segundo as condições reais. O exame dos nossos erros mostra que este são todos devidos ao fato de nos termos afastado das condições reais, existentes em dado momento e em dado lugar, e de termos determinado de maneira subjetiva a orientação a seguir no trabalho.

Nada é mais cômodo no mundo que a atitude idealista e metafísica, na medida em que permite que se afirme seja o que for, sem se ter em conta a realidade objetiva e sem se submeter ao controle desta. Ao contrário, o materialismo e a dialética exigem esforços, o seu fundamento é a realidade objetiva, e submetem-se ao controle desta. Se não se fazem esforços, corre-se o risco de cair no idealismo e na metafísica.

Quando analisamos uma coisa, devemos atender à sua essência, considerando as aparência apenas como o guia que nos leva até à porta. Uma vez transposta essa porta, há que aprender a essência da coisa. Eis o único método de análise seguro e científico.

A causa fundamental do desenvolvimento dos fenômenos não é externa, mas interna; ela reside no contraditório do interior dos próprios fenômenos. No interior de todo o fenômeno há contradições, daí o seu movimento e desenvolvimento. O contraditório no seio de cada fenômeno é a causa fundamental do respectivo desenvolvimento, enquanto que a ligação mútua e a ação recíproca entre os fenômenos não constituem mais do que causas secundárias.

A dialética materialista considera que as causas externas constituem a condição das modificações, que as causas internas são a base dessas modificações e que as causas externas operam por intermédio das causas internas. O ovo que recebe uma quantidade adequada de calor transforma-se em pinto, enquanto que o calor não pode transformar uma pedra em pinto, já que as respectivas bases são diferentes.

A filosofia marxista considera que a lei da unidade dos contrários é a lei fundamental do universo. Essa lei vale universalmente, quer na natureza que na sociedade humana quer no pensamento do homem. Entre os aspectos opostos de uma contradição, há ao mesmo tempo unidade e luta, sendo isso que faz com que as coisas e os fenômenos se movam e mudem. As contradições existem em tudo, mas têm um caráter diferente conforme a natureza de cada coisa ou fenômeno. Para casa coisa ou fenômeno concreto, a unidade dos contrários é condicional, temporária, transitória e portanto relativa, enquanto que a luta dos contrários é absoluta.

O método analítico é método dialético. Por análise entende-se a análise das contradições nas coisa e fenômenos. Sem conhecer bem a realidade da vida, sem compreender verdadeiramente as contradições nas coisas e fenômenos. Sem conhecer bem a realidade da vida, sem compreender verdadeiramente as contradições em causa, é impossível fazer uma análise acertada.

A análise concreta duma situação concreta, disse , é "o mais essencial, a alma viva do Marxismo". Muitos dos nossos camaradas, que não possuem um espírito analítico, não procuram analisar nem estudar de maneira repetida e aprofundada as coisas ou fenômenos complexos, preferindo chegar a conclusões simplistas, absolutamente afirmativas ou absolutamente negativas (...) Daqui por diante é preciso remediar esse estado de coisa.

A maneira como esses camaradas encaram os problemas é incorreta. Eles não veem os aspectos essenciais, principais, e destacam os não essenciais, não principais. Importa assinalar que estes não devem ser descurados, havendo mesmo que resolvê-los um por um. Contudo, não devemos confundi-los com o que é essencial, principal, sob pena de perdermos a nossa orientação.

No mundo, as coisas são complexas e determinadas por diversos fatores. Um problema deve ser visto nos seus diferentes aspectos e não num só aspectos.

Só as pessoas que têm uma visão subjetivista, unilateral e superficial dos problemas, se lançam presunçosamente a dar ordens e instruções assim que chegam a um novo lugar, sem se informarem primeiro sobre as circunstâncias, sem procurarem ver as coisas no seu conjunto (a sua história e o seu estado atual considerado como um todo) nem apreender-lhes a essência (a sua natureza e a sua ligação interna com as outras coisas). É inevitável que tal gente tropece e caia.

No estudo de uma questão é preciso guardar-se de ser subjetivo, de fazer exames unilaterais, de ser superficial. Ser subjetivo é não saber encarar uma questão objetivamente, quer dizer, de um ponto de vista materialista. Eu já falei disso em "Sobre a prática". O exame unilateral consiste em não saber encarar as questões sob todos os seus aspectos (...) ou pode ainda dizer-se que é ver a parte e não o todo, ver a árvore e não a floresta. Se se procede assim, é impossível encontrar o método para resolver as contradições, cumprir as tarefas da revolução, levar a bom termo o trabalho que se faz e desenvolver corretamente a luta ideológica no seio do Partido. Quando Suen Tse, ao tratar da arte militar, dizia:
"Conhece o teu adversário e conhece-te a ti próprio que poderás, sem riscos, travar um cento de batalhas", ele referia-se às duas partes beligerantes. Na dinastia Tam, Vei Tchem também via o erro dum exame unilateral, quando dizia:
"Quem escutar as duas partes ficará com o espírito esclarecido, quem não escutar mais do que uma permanecerá nas trevas". Não obstante, os nossos camaradas veem frequentemente os problemas duma maneira unilateral, razão por que lhes acontece darem muitas vezes com a cabeça na parede (...) Lênin dizia:
"Para conhecer realmente um objeto, é necessário abarcar e estudar todos os seus aspectos, todas as suas ligações e 'mediações'. Nós nunca o conseguiremos de maneira integral, mas a necessidade de considerar todos os aspectos evita-nos erros e rigidez". Devemos lembrar-nos das suas palavras. Ser superficial é não ter em conta as características da contradição no seu conjunto, nem as características de cada um dos seus aspectos, negar a necessidade de ir ao fundo dos fenômenos e estudar minuciosamente as características das respectivas contradições, contentar-se com ver de longe e, após uma observação aproximativa de alguns traços superficiais dessas contradições, tentar imediatamente resolvê-las (responder a uma pergunta, decidir sobre um deferindo, solucionar um problema, dirigir uma operação militar). Essa maneira de agir leva sempre a consequências funestas (...) Encarar os fenômenos de modo unilateral e superficial é ainda subjetivismo, pois, no seu ser objetivo, os fenômenos estão de facto ligados uns aos outros e possuem leis internas; no entanto, há pessoas que, em vez de refletirem os fenômenos tal como são, consideram-nos de modo unilateral ou superficial, desconhecendo-lhes a ligação mútua e as leis internas. Um tal método é pois subjetivo.

A unilateralidade significa pensar em termos absolutos, quer dizer, é encarar os problemas de maneira metafísica. Quando se trata de apreciar o nosso trabalho, aprová-lo inteiramente ou negá-lo em bloco é agir de modo unilateral (...) Aprovar tudo é ver apenas ou louvores e não as críticas. Pretender que tudo vai bem no nosso trabalho não corresponde à realidade. Com efeito, nem tudo marcha como se deseja, ainda há defeitos e erros. Mas  dizer que tudo anda mal também não corresponde aos fatos. Torna-se portanto necessária uma análise. Negar tudo é considerar, sem qualquer análise, que tudo está mal feito, que nada merece ser louvado numa obra tão grandiosa como a edificação socialista, nessa grande luta travada por várias centenas de milhões de homens, é considerar que nela tudo não é mais do falhanço. Embora os numerosos defensores desses pontos de vista ainda possam distinguir-se dos elementos hostis no regime socialista, a sua visão é profundamente errada e prejudicial, só podendo desencorajar-nos. Para julgar o nosso trabalho, a aprovação total é tão falsa como a negação total.

Ao examinarem uma questão, os marxistas devem atender não só às partes mas também ao todo. Uma rã no fundo dum poço dizia que "o céu era tão grande como a boca do poço". Isso não era exato pois o céu não tem o tamanho da boca dum poço. Mas se ela tivesse dito que "uma parte do céu era tão ampla como a boca do poço", teria dito uma verdade, já que isso corresponde à realidade.

Nós devemos aprender a examinar as questões sob todos os aspectos, tanto no seu aspecto positivo como no negativo. Em condições determinadas, uma coisa má pode produzir  bons resultados e, por sua vez uma coisa boa pode produzir maus resultados.

Ao mesmo tempo que reconhecemos que no decurso do desenvolvimento geral da história o material determina o espiritual, o ser social determina a consciência social, nós reconhecemos e devemos reconhecer a ação que, em contrapartida, o espiritual exerce sobre o material, a consciência social sobre o ser social, a superestrutura sobre a base econômica. Isso não é contrariar o materialismo, pelo contrário, é evitar cair no materialismo mecanicista, perseverar firmemente no materialismo dialético.

Na sua busca da vitória, aqueles que dirigem uma guerra não podem ultrapassar os limites impostos pelas condições objetivas; contudo, dentro desses limites, eles podem e devem desempenhar um papel dinâmico, esforçando-se por alcançar a vitória. A cena onde se desenrola a ação dos comandantes numa guerra deve ser constituída com base nas possibilidades objetivas, mas nessa cena eles podem dirigir a representação de muito drama cheio de som e cor, de poder e de grandeza.

As ideias devem adaptar-se à modificação das circunstâncias. Claro que ninguém deve dar livre curso a ideias sem fundamento, nem elaborar planos de ação que vão para além das condições objetivas, ou tentar empreender teimosamente aquilo que na realidade é impossível. O problema que se põe hoje, porém, é ainda o da ação nefasta das ideias conservadoras de direita que, em muitos domínios, impede a adaptação do trabalho ao desenvolvimento das condições objetivas. Atualmente, o problema está em que muita gente julga impossível cumprir o que poderia ser cumprido embora com esforço.

Devemos usar sempre o cérebro e refletir bem sobre todas as coisas. Há um ditado que diz que "basta um franzir de sobrolho para que um estratagema venha à mente" ou, por outras palavras, muita reflexão engendra sabedoria. Para nos desembaraçarmos do vício de agir às cegas, tão generalizado no nosso Partido, devemos encorajar os camaradas a refletir, a dominar o método de análise e a cultivar o hábito de analisar.

Se um processo comporta várias contradições, existe necessariamente uma delas que é a principal e desempenha o papel diretor, determinante, enquanto que as outras ocupam apenas uma posição secundária, subordinada. Por consequência, no estudo dum processo complexo, em que há duas ou mais contradições, devemos fazer o máximo por determinar a contradição principal. Uma vez dominada a contradição principal, todos os problemas se resolvem facilmente.

Dos dois aspectos contrários, um é necessariamente principal e o outro, secundário. O principal é aquele que desempenha o papel dominante na contradição. O caráter dos fenômenos é sobretudo determinado por esse aspecto principal da contradição, o qual ocupa a posição dominante.
Essa situação, porém, não é estática. O aspecto principal e o aspecto secundário da contradição convertem-se um no outro, mudando consequentemente o caráter dos fenômenos.

Não basta formular tarefas, também é necessário resolver o problema dos métodos que permitem cumpri-las. Suponhamos que a nossa tarefa seja a de atravessas um rio; sem ponte nem barca jamais conseguiremos fazê-lo. Então se a questão da ponte ou da barca não está resolvida, falar em atravessar o rio é palavreado vazio. Enquanto a questão dos métodos não está resolvida, é inútil falar sobre as tarefas.

Em relação a qualquer tarefa, sem um apelo geral, é impossível mobilizar as grandes massas para a ação. Contudo, se os dirigentes se limitam a esse apelo, se em certas organizações não se ocupam, concreta e diretamente, da execução minuciosa do trabalho para que fizeram o apelo — de maneira que, tendo aberto uma brecha num ponto dado, possam, graças à experiência adquirida, orientar o trabalho nos outros setores que dirigem — não terão a possibilidade de verificar se o apelo é ou não justo, nem poderão enriquecer-lhe o conteúdo. Assim o apelo geral corre o risco de não produzir qualquer efeito.

Nenhum dirigente poderá dar orientação geral às unidades que lhe estejam confiadas, se não adquirir experiência prática do trabalho no contato com determinados indivíduos e problemas em algumas dessas unidades. Há que popularizar amplamente esse método, a fim de que, em todos os escalões, os quadros dirigentes saibam aplicá-lo.

Não podem existir, ao mesmo tempo, várias tarefas centrais numa só região; em cada período, só pode haver uma tarefa central, à qual se juntam outras tarefas de segunda ou de terceira ordem. Por consequência, tendo em conta a história e as circunstâncias da luta em cada região, o responsável geral dessa região deve atribuir a cada tarefa o lugar que lhe convém, e não agir sem plano, passando duma tarefa a outra tarefa, à medida que as diretivas lhe vão chegando da direção superior, pois isso daria lugar a outras tantas "tarefas centrais", conduzindo à confusão e à desordem. Por seu lado, os órgãos superiores não devem atribuir, ao mesmo tempo, muitas tarefas aos organismos que lhes são subordinados, sem as classificarem segundo uma ordem de importância e urgência, e sem uma especificação de qual delas é a central, pois isso desorganiza o trabalho de tais organismos e impede que se obtenham os resultados previstos. Conforme as condições históricas e as circunstâncias existentes em cada região, os dirigentes devem considerar a situação no seu conjunto, determinar de maneira correta o centro de gravidade e a ordem de execução do trabalho para um período determinado, e aplicar firmemente essa decisão, atuando de maneira que sejam garantidos os resultados previstos. Eis um dos métodos da arte de dirigir.

Há que estar constantemente ao corrente da marcha dos trabalhos, trocar experiências e corrigir os erros. Não se devem esperar vários meses, meio ano ou um ano, para realizar reuniões de balanço geral dos erros e proceder a uma retificação geral. A espera arrasta graves prejuízos, ao passo que, se os erros são corrigidos à medida que vão surgindo, os prejuízos são menores.

Não se deve esperar que os problemas se acumulem e deem lugar a múltiplas complicações, para só então tentar resolvê-los. Os dirigentes devem tomar o comando do movimentos e não deixar-se levar a reboque.

O que precisamos é de um estado de espírito entusiasta, porém calmo e de uma atividade intensa, porém bem ordenada.



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